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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Estátua de Jorge Álvares: curiosidades

Inaugurada em Setembro de 1954 a estátua de Jorge Álvares - localizada na praça com o mesmo actualmente - está repleta de curiosidades. Neste post revelo algumas: documentos sobre o transporte para Macau, outro projecto de estátua no âmbito do concurso público levado a efeito em Portugal no início da década de 1950 e ainda o modelo que serviu de base à proposta vencedora e que é diferente da versão final.
Estátua de Jorge Álvares em 1962. Foto Francis Millet Rogers




A estátua vista da entrada para o restaurante Solmar na década 1960

A história da estátua remonta a ao Verão de 1952 quando o Ministro do Ultramar, Sarmento Rodrigues, esteve de visita a Macau. Na ocasião o ministro recebeu de oferta da comunidade chinesa um automóvel e reza a história que foi o próprio a propôr que se leiloasse o dito automóvel, revertendo o montante auferido para erigir um monumento ao navegador Jorge Álvares, primeiro europeu a chegar à China. Mais tarde, com o valor que sobrou foi feita uma segunda estátua em homenagem ao cronista homónimo, em Freixo de Espada à Cinta.
Detalhe do pedestal com a assinatura do autor e ano do fabrico

Euclides Vaz (1916-1991) foi aluno da Escola de Belas Artes de Lisboa entre 1937 e 1945 e também ali foi professor entre 1958 e 1986.
Frente ao Edifício das Repartições. Final da década 1950

Tendo por base esta foto tirada no atelier do autor constatam-se as diferenças entre o projecto e a versão final.
Em cima "Estudo para a representação do navegador Jorge Álvares, patinado para bronze esverdeado). Fotografado no Atelier Municipal do escultor (Lisboa) em 2017. Foto: Ana Lúcia Pinto e Sandra Tapadas
Em baixo a versão final da estátua numa fotografia da década de 1980
A estátua (e pedestal) de Euclides Vaz foi enviada a 24 Abril 1954 pela Companhia Nacional de Navegação no vapor "Índia". Quem pagou o transporte foi o Gabinete de Urbanização do Ultramar / Ministério do Ultramar em Junho de 1954. Os dois documentos abaixo atestam estas informações.


Excerto do discurso de José dos Santos Baptista, Chefe da Repartição Técnica da Obras Públicas (de Macau) no dia da inauguração da estátua (17.9.1954) - imagem abaixo:
Foto do "Macau - Boletim Informativo", nº 28 - ano 2 - 1954

"(...) o júri do concurso classificou, em primeiro lugar, o trabalho do escultor Euclides Vaz, a quem, em Setembro de 1953, foi feita a adjudicação da obra. Em Maio deste ano chegaram a Macau, no paquete Índia, todas as peças do monumento. Elaborado o projecto da sua localização e montagem pela Repartição Técnica das Obras Públicas, é a respectiva execução posta a concurso e, depois, adjudicada ao empreiteiro Vá San. A montagem foi iniciada em fins de Julho e ficou concluída em fins de Agosto. (...)"

Nos eventos conhecidos por "1,2,3" (Dezembro de 1966) a estátua sofreu alguns estragos.

Sugestões de leitura: 
Revista GAMA, Estudos Artísticos. Volume 8, número 15, janeiro–junho 2020 | semestral
Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes (CIEBA), Faculdade de Belas-Artes,
Universidade de Lisboa.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Escolas particulares no século 19

Muito antes de existirem escolas sob a alçada do governo - a chamada instrução pública - o ensino fazia-se ou nos colégios religiosos ou a título particular e era acessível apenas aos mais abastados. Assim, na primeira metade do século 19 por vezes surgiam anúncios como este - de uma "escolla que ensine a meninas ler, escrever, cozer, bordar..." - publicado em 1836 no jornal o Macaísta Imparcial.
"No dia 27 de Abril de 1847, o Padre Jorge António Lopes da Silva aceita, perante o Leal Senado, o convite para reger a recém-estabelecida Escola Primária Municipal, sendo também mestre de primeiras letras, com o ordenado de 350 patacas por ano. Levará, porém, e isso é condição que apresenta, os meninos que até aí estudavam em sua casa. A escola ficou instalada em parte do Recolhimento de Sta. Rosa de Lima, mudando-se para o Convento de S. Francisco em 1849 mas, no mesmo ano, e porque chegou tropa auxiliar de Goa, voltou ao Recolhimento. 
No dia 16 de Junho foi inaugurada a Escola Principal de Instrução Primária, fundada pelo Senado, por meio duma subscrição e uma lotaria que renderam 4.000 patacas e com o donativo de 5.000 patacas que o negociante inglês James Matheson ofereceu, por ocasião da sua retirada para a Europa. O currículo era o já anteriormente pensado mais o ensino de inglês e francês. A escola foi apoiada, desde Setembro deste ano, por proventos de uma lotaria, visto ter muitos órfãos que recebiam instrução gratuita e o encargo ser demasiado para o Senado. A iniciativa de um “Bazar de obras curiosas”, com o mesmo fim, nasceu também neste ano, em Dezembro, e a primeira “edição” deste bazar rendeu $1073,83 patacas. A escola dispunha ainda dos fundos de um legado, como já vimos, e não pagava direitos. Foi seu primeiro director o Pe. Jorge António Lopes da Silva, natural de Macau."
in Cronologia da História de Macau, vol. 2, 2015, de Beatriz B. da Silva
"Aula de primeiras letras como ler, escrever e contar"
in Boletim da Província de Macao, Timor e Solor, 1846

A 5 de Janeiro de 1862 começou a funcionar a “Nova Escola Macaense” por iniciativa do Barão de Cercal que te autorização para obter fundos através de uma lotaria anual e ainda um subsídio do governo para auxiliar a fundação dum estabelecimento de instrução primária e secundária, cujo ensino deveria ser gratuito para os pobres. A escola funcionou até 1867 e com os fundos deste instituto e com o produto das acções subscritas fundou-se a “Associação Promotora da Instrução dos Macaenses”.
Em 1863 Bernardino de Sena Fernandes foi autorizado a estabelecer uma escola particular de meninas, dirigida por mestras francesas, irmãs do Instituto de S. Paulo, que em 1875 foi substituído pelo Colégio de Santa Rosa de Lima.
Em 1878 a taxa de analfabetismo entre os portugueses oriundos de Portugal era de 51% enquanto entre os portugueses locais era de 25%. Nesse ano, escreve João de Andrade Corvo nos "Estudos sobre as provincias ultramarinas", "além das escolas publicas ha 16 escolas particulares frequentadas por 407 alumnos sendo 245 do sexo masculino e 162 do feminino."
A 1 de Setembro de 1882 foi inaugurada a Escola Municipal de Instrução Primária, no nº 17 da Rua de S. Domingos.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Fortificações militares

Fortalezas, fortes, baluartes e fortins são algumas das classificações das estruturas militares edificadas em Macau pouco tempo depois do 'assentamento' em 1555/57.
Algumas das 'fortificações' referidas neste post e que assinalei num mapa de 1912

Vejamos como estas 'estruturas' foram descritas logo em 1638 pelo italiano Marco d’Avalo:

Fort. do Monte: séc. 21
The city is surrounded by strong walls and ramparts and has three hills with a fort on the top of each one, forming a triangle. The strongest and most prominent of these castles is named São Paulo. (…) The second fort is named Nossa Senhora da Penha de França and holds inside it a hermitage of the same name. It possesses six light cannon that fire iron shot of six to eight pounds. The third fort is named Nossa Senhora da Guia and stands outside the town. It offers no advantage except that this hill is higher than the others an overlooks them, consequently, it is fortified, equipped and protected with four to five cannon. It too has a hermitage within its walls. (…) Moreover, the city has four bulwarks at low level, of which three are on the sea, or water side, and four on the land side. The first is named Santiago da Barra, and the ships pass by it. (…) The second bulwark is named Nossa Senhora do Bom Parto, is located on the southwest, on the hill of Penha de França, and has eight bronze cannon. (…) From here there begins a half moon* serving as a sea wall, with a redoubt in the middle, on which three cannon can be mounted in time of need. On the outside a low wall runs to another bulwark called São Francisco. Between these two bulwarks lies a beach lined with fine elegant buildings (…). The third bulwark, São Francisco, bigger than that of Nossa Senhora do Bom Parto, is mounted with twelve cannon and has a redoubt that projects far out to sea. In 1632 a platform was made at the foot of this bulwark, and on it was sited a culverin, which shoots a forty-eight pound iron shot (…). The fourth bulwark lies on the land side and is named São João. Three cannon are sited here, close to the land gate called São Lázaro. The wall climbs the hill to the São Paulo fort and from there it proceeds to the Jesuit house.
* referência à Praia Grande e ao que viria a ser o Fortim de S. Pedro.
Algumas das fortificações num mapa de 1865

Marco D'Avalo começa por referir a Fortaleza de S. Paulo do Monte,  localizada no centro da península, na colina de S. Paulo do Monte, e considerada o eixo da linha de defesa do território a eventuais ataques vindos do norte, devido à cinta de muralhas que a ligavam ao Baluarte de S. João e ao Fortim de S. Januário permitindo a defesa a ataques vindo de todos os flancos.
O segundo exemplo de Avalo é o Forte da Nossa Senhora da Penha de França, situado no cimo da colina com o mesmo nome, e cuja missão era a defesa contra as invasões navais,  embora também pudesse ser usada para defender toda a cidade.
Em terceiro lugar refere-se a Fortaleza de Nossa Senhora da Guia. Situada na colina com o mesmo nome, ficava então fora das muralhas defensivas da cidade e tinha por objectivo a defesa contra a ameaça do continente chinês.
Segue-se a Fortaleza de Nossa Senhora do Bom Parto, que em simultâneo com a Fortaleza de S. Tiago da Barra (na ponta sul da península, na colina com o mesmo nome), protegia sobretudo os acessos ao porto interior.
Com 12 canhões a Fortaleza de S. Francisco, localizada na base da colina de S. Jerónimo (onde hoje está o Hospital de S. Januário), era a primeira linha de defesa contra qualquer incursão marítima, reforçado pelo Baluarte de S. João localizado junto à Porta de S. Lázar o e equipado com 3 canhões.
Fortim de S. Pedro
Estes eram as principais fortificações militares de Macau, um estrutura construída ao longo dos tempos e que incluía ainda a Fortaleza da Taipa (na Ilha da Taipa),  Bateria de Colonae (ilha de Coloane) o Forte do Patane (ou Palanchica), o Forte da Lapa, o Forte de Mong-Ha, o Forte de D. Maria II, o Forte da Ilha Verde, forte de Mong-Ha, Forte da Lapa (na ilha com o mesmo nome), fortins de S. Pedro e S. Jerónimo, etc...
Forte da Taipa numa mapa de 1865

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Ordem Militar da Torre e Espada: Leal Senado


A Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito foi criada em 1459. Entre os 17 Membros Honorários - cidadãos estrangeiros e instituições e localidades nacionais ou estrangeiras condecorados com a Ordem - está o Leal Senado de Macau, desde 15 de Março de 1999, era Presidente da República, Jorge Sampaio.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Établissement Portugais de Macao

"Établissement portugais de Macao" da autoria de Henryk Edward Chonski (1810-1881). Com 19 páginas foi publicado em Paris no ano de 1850. Ilustração não incluída no livro.
Origine de l'établissement. 
Vers la lin du xve siecle, les Portugais, guides par cet esprit d entreprise qui, à cette époque, poussait les principaux peuples du midi de l'Europe vers des régions inconnues, après avoir doublé pour la première fois le cap de Bonne-Espérance, vinrent jeter sur la côte occidentale de la presqu'île indienne les bases de leur future grandeur maritime et commerciale. Cette grandeur, toute passagère qu'elle fût, brilla pendant quelque temps d'un vif éclat. L'établissement de Goa, dont les ruines parlent encore aujourd'hui d'une splendeur passée, fut le principal point d'où la puissance maritime portugaise rayonna et se répandit progressivement, surtout vers l'est de la mer des Indes. Sous le commandement du brave et intolérant Alfonso Dalboquerque, les Portugais s'emparèrent de Malacca, située sur la presqu'île de ce nom, et de là pénétrèrent dans l'Archipel de la Sonde et atteignirent les côtes de la Chine. 
C'est à Malacca qu'en 1516 un certain Gabriel Perestello s'embarqua, avec l'autorisation du capitaine de la place, Georges Dalboquerque, à bord d'une jonque chinoise, pour se rendre dans le Céleste-Empire. Il rapporta de ce voyage quelques renseignements très-vagues sur ce pays encore inconnu, mais il réalisa de très-beaux bénéfices par le trafic auquel il s'était livré pendant son séjour sur quelques points de la côte. Ce succès inattendu provoqua des tentatives sur une plus vaste échelle.
En 1517, quatre navires portugais., dont un appartenant à Georges Mascarenhas, et quatre bateaux malais mirent à la voile sous le commandement de Fernaô Perez de Andrade, et entrèrent dans la même année dans legolfe chinois. La vue des grands navires européens causa d'abord de vives alarmes aux Chinois; mais, rassurés bientôt par des manières polies et amicales et par la conduite pacifique des étrangers, les mandarins, sensibles surtout aux cadeaux qu'on leur prodigua avec habileté, firent aux hautes autorités du pays un rapport favorable sur les nouveaux venus. On permit à six navires de la flottille portugaise de jeter l'ancre dans le port de Tomao situé sur la petite île de San-chân (que les Anglais nomment Saint-John), ouverte alors au commerce des étrangers. Avec deux autres navires, Andrade remonta à Kwang-Toung ou Canton. C'est là le commencement des rapports maritimes de l'Europe avec le Céleste-Empire.
Nous n'entrerons pas dans le récit détaillé des vicissitudes par lesquelles ont passé les premiers navigateurs et marchands portugais, avant d'avoir gagné un pied à terre, un point fixe où il leur fût permis de s'établir d'une manière permanente. Nous en indiquerons seulement les principales. Pendant près d'un demi-siècle, les Portugais parcouraient les côtes de la Chine depuis l'île San-Chân jusqu'à Liampô ou Ling-po (on prétend que c'est le Ning-po actuel), où ils ont enfin obtenu du gouvernement chinois la permission d'ériger une factorerie. S'étant rendus coupables de divers actes de violence et de piraterie contre les Chinois, ils ont été expulsés de cet endroit, et leur établissement a été détruit. Ils se sont alors rabattus sur Tchin-tchou, dans la province de Fokienn, mais ils n'ont pas tardé à y trouver le même sort et par les mêmes motifs. Enfin, après avoir formé un établissement qui dura pendant plusieurs années , sur l'île de San-chân (où est mort l'apôtre des Indes, François-Xavier), et essayé un autre établissement sur l'île de Lampaçao, ils ont fondé l'établissement de Macao.' 
On ne connaît positivement ni l'année de la fondation de la ville, qui reçut le nom de Cidade do Santo Nome de Deos de Macao, ni le titre originaire en vertu duquel les Portugais prirent possession de la péninsule rocheuse sur laquelle la ville se trouve bâtie. Un mémorandum ministériel portugais, conservé dans les archives du sénat de Macao, attribue l'origine de l'établissement à la conquête faite sur un chef pirate de l'île de Hiang-shan, dont la presqu'île et le port d'Amagao (ou, comme les Chinois le nomment, Gao-mounn ou Hao-mounn) forment une partie intégrante. D'après les chroniqueurs chinois, au contraire, l'établissement des Portugais aurait eu pour origine la concession d'une plage déserte, faite par les autorités locales aux marchands et aux marins portugais, qui avaient besoin de débarquer et de sécher les marchandises avariées dans une longue traversée. Plusieurs huttes et baraques auraient été d'abord érigées pour procurer un abri aux hommes préposés à la garde de ces marchandises; ces huttes auraient été par la suite remplacées par des maisons et des magasins, et des relations s'établirent avec les habitants du voisinage. 
Peu à peu une population chinoise vint s'établir à côté des comptoirs des étrangers, le clergé des missions catholiques bâtit des chapelles et des églises, des forts furent érigés pour servir de défense contre les pirates et les ennemis du dehors, et un gouvernement colonial, dont la juridiction toutefois ne s'étendait jamais sur la population indigène, fut installé au milieu de la nouvelle colonie. Plusieurs écrivains portugais prétendent que le territoire de Macao a été concédé à leurs nationaux en retour du secours qu'ils ont prêté aux autorités chinoises dans la destruction des pirates qui infestaient les parages voisins de l'embouchure de la rivière de Canton.
Quoi qu'il en soit, il est certain que cette concession ne leur a été faite que d'une manière conditionnelle; que les Portugais ont toujours été obligés de payer une redevance annuelle en reconnaissance de la souveraineté de l'empereur de Chine sur le territoire qu'ils occupaient. Cette redevance, qui, dans les premiers temps de l'établissement, dépassait la somme de 1,000 laëls (7,500 fr.), a, depuis 1691 , été réduite à 600 et par la suite à 500 taëls. Elle est payée annuellement par le procureur du sénat de Macao au trésor impérial, à Canton.
Topographie.
La position de Macao, à part les inconvénients actuels de son port intérieur, est une des plus favorables au commerce et une des plus salubres dans ces parages. La ville est située par 22" 11' 30" de latitude nord, et par 1110 11' 45" (113° 32' Greenwich) de longitude est du méridien de Paris. Elle occupe, à l'entrée d'un golfe dans lequel se jette la rivière de Canton, une presqu'île rocheuse d'environ huit milles marins de tour 4, de trois milles de long sur un mille de large. Un isthme de quelques cents pieds de largeur rattache la presqu'île à la grande île de Hiangshan, fermée par les deux bras de la rivière de Canton et le golfe de la mer. Les Chinois ont séparé le territoire affecté à la résidence des Portugais du restant de l'île, par une muraille qui traverse l'isthme dans toute sa largeur. Une seule porte, placée au centre et gardée par des soldats chinois, permet de communiquer avec l'intérieur du pays. Il est défendu aux Européens de la franchir. Autrefois même on la fermait tous les soirs au coucher du soleil pour l'ouvrir le lendemain au lever du jour. Mais depuis la dernière guerre avec les Anglais qui, en 1840, ont attaqué cette barrière et l'ont en partie démolie, la porte reste toujours ouverte.
Les principales hauteurs qui dominent la ville sont couronnées de forts, érigés par les Portugais, pour la plupart au xvue siècle, lors de la guerre avec les Hollandais. Ces forts portent les noms de Monte, de la Guia, de San- Francisco, de la Penha, de Bomparto et de la Barra , noms souvent cités dans l'histoire de la colonie.
Un beau quai de granit dit Praya Grande ceint en demicercle les bords de la rade, couverte de petits bateaux de transport dits tankas, ramés par des femmes. Plusieurs églises et quelques édifices publics et privés embellissent le plus ancien établissement européen en Chine Dans le nombre des premiers, les plus considérables sont la maison du sénat, la douane, la maison du gouverneur; parmi les seconds, la plus remarquable est la maison appartenant à un négociant portugais, Lourenzo Marquès, et nommée Casa de Orta. Dans le jardin attenant à cette maison se trouve la grotte où le célèbre poète portugais Camoëns, qui était venu à Macao comme soldat et marin, composait ses Lusiades.
Rade. Ports.
L'établissement de Macao possède une rade et deux porls. La rade est spacieuse, mais dans la partie où elle est assez profonde pour le mouillage des gros navires, elle est complètement ouverte; plus près du quai, elle est abritée, mais peu profonde.
Le port extérieur, nommé la Taïpa, est formé par plusieurs îles situées au sud de la rade. A l'entrée de la Taïpa (les Anglais écrivent Typa), les navires d'un fort tonnage peuvent mouiller en toute saison; dans l'intérieur de ce port, n'entrent habituellement que des navires de 300 à 400 tonneaux. Le port intérieur ou port de Macao est fermé par la presqu'île où est située la ville, par une partie de l'île Hiang-shan, et une île montagneuse dite Lapa. Une barre assez élevée qui se trouve à l'entrée de ce port le rend inaccessible aux navires de 600 à 700 tonneaux ; pour les faire mouiller dans ce port, on est obligé de décharger une partie de la cargaison; mais les navi res de 300 à 400 tonneaux entrent facilement dans le port intérieur. M. Cécille, commandant de la frégate française YÈrigone (aujourd'hui vice amiral), qui a examiné ce port en 1842, a exprimé 1 opinion qu'avec des travaux de dragage peu dispendieux, on pourrait rendre le port intérieur accessible même aux grands navires de guerre. Comme l'exhaussement du fond provient en grande partie de l'accumulation du lest jeté dans l'eau depuis longues années, principalement par les jonques chinoises, il est nécessaire de veiller à ce que le lest ne soit plus vidé dans les eaux du port.
Division. Population.
La ville est divisée en trois paroisses portant les noms des établissements ecclésiastiques dont elles relèvent. La première de ces paroisses s'appelle Bairo da Se ou de la cathédrale; la seconde, Bairo de San Lourenço; la troisième, Bairo de San Antonio. La population se compose de trois classes principales: les sujets portugais, les sujets chinois, les étrangers. A la première, appartiennent d'abord tous les Portugais, tant ceux qui sont nés en Europe (il yen a à peine une centaine) que ceux nés dans les colonies; ensuite les métis, mestiços, race la plus mélangée qu'on puisse rencontrer dans aucune colonie du globe. Il y en a qui proviennent du croisement des Européens avec les femmes chinoises, malaises, indiennes de Goa et avec des négresses esclaves; d'autres sont issus des rejetons de ces mêmes croisements, croisés à leur tour avec des femmes de différentes races pures ou métisses.
Ces derniers (sous-métis) conservent à peine une goutte de sang européen dans leurs veines. On compte aussi parmi les métis les Chinois baptisés et habillés à l'européenne.
Enfin, la troisième catégorie des sujets portugais à Macao comprend les nègres et les négresses esclaves provenant des colonies d'Afrique ou de l'île de Timor, colonie portugaise dans les Moluques. Le bataillon des cipayes, dit de principe, qui tient garnison à Macao, est composé des Indiens et des métis nés à Goa; les officiers seuls sont Européens. 
Le recensement de 1835 avait donné les chiffres suivants pour ces différentes catégories de population: Hommes blancs ou de couleur, libres, 1,487; femmes, idem, 2,306. Nègres esclaves mâles, 469; négresses esclaves, 831. Total de la population blanche ou de couleur, libre, 3,793; population noire esclave, 1,300. Total général, 5,093. Depuis dix ans, la population blanche ou de couleur, libre, est restée à peu près stationnaire; celle des nègres a un peu diminué, mais dans des proportions peu importantes. Un fait frappant ressort de ce recensement, c'est que le nombre de femmes dépasse celui des hommes de plus d'un quart. Nous n'avons pas pu trouver une explication satisfaisante de ce phénomène. Une remarque que nous ferons aussi en passant, c'est que la population de sang mêlé, ou celle des Macaistes proprement dits, des deux sexes, est d'un type physique fort laid.
Toute cette population s'occupe principalement de commerce et de navigation; mais, comme elle dispose de peu de capitaux, qu'elle est d'un naturel fort indolent et ne possède que peu d'instruction, les résultats de leurs entreprises sont peu considérables. Il y a cependant dans le nombre quelques riches négociants, dont la fortune a pour principale origine le trafic de, l'opium. Le clergé, à Macao, est assez nombreux; il a produit quelques bons sinologues. Parmi les propriétaires des maisons, il y a quelques amateurs des beaux-arts, surtout de l'architecture et de la musique.
Sujets chinois. Quant aux sujets chinois, leur nombre est évalué de 30 à 40,000 habitants. Ils sont artisans, marchands, boutiquiers, contrebandiers, bateliers, pêcheurs, portefaix. Un grand nombre sont employés comme domestiques des sujets portugais et des étrangers établis à Macao. Les habitants de deux ou trois villages contigus à la ville s'occupent d'agriculture et de jardinage. Toute cette population chinoise est placée sous la juridiction d'un mandarin inférieur, dit Tso-tang, dont les fonctions pourraient être assimilées à celles de maire, de commissaire de police et de juge de paix réunies. Ce mandarin réside à Macao même, au centre du bazar ou quartier chinois; il relève de la juridiction d'un autre mandarin de Hiang-shan, que les Portugais, à cause de sa demeure, nomment mandarin de Casa branca (maison blanche), située sur le territoire chinois. Ce dernier est une espèce de sous-préfet de l'arrondissement dans lequel est situé Macao. Nous parlerons plus tard de la nature des rapports établis entre les autorités portugaises et les agents administratifs du Céleste Empire.
Forme du gouvernement de la colonie. La forme du gouvernement de la colonie de Macao participe de la nalure mixte de sa population ; il y a le gouvernement portugais et le gouvernement chinois. Le gouvernement portugais est exercé par le sénat, le gouverneur, l'évêque et le juge ou ministre. Le sénat1 est une sorte de conseil municipal, avec des attributions toutefois qui ordinairement appartiennent au gouvernement politique central. L'origine de ce corps, le rôle qu'il a joué à différentes époques, ses luttes avec les gouverneurs et les commandants de troupes, sont des faits d'un grand intérêt pour l'histoire des relations européennes avec le Céleste Empire, mais ces détails excéderaient les limites de ce travail. Nous nous bornerons seulement à dire que le sénat"est un corps électif, qu'il se compose de sept membres élus parmi les notables (homens bons) qui ont droit de voter. Parmi ces membres, deux portent le nom de juges (juizes), trois sont conseillers ou syndics (vereadores) et un procureur (procurador). Les juges décident dans certaines affaires litigieuses civiles et criminelles, sauf appel au juge ou ministre, et de celui-ci au tribunal d'appel pour toutes les colonies de l'Asie portugaise, séant à Goa et nommé Relaçao. Les juges sont aussi chargés de l'exécution des décisions qu'ils rendent dans le sénat collectivement avec les autres membres de ce corps. Les conseillers ou vereadores président alternativement les séances du sénat et s'occupent plus spécialement des affaires municipales. Le procurador a dans ses attributions la police, le bon ordre, l'entretien et la réparation des édifices publics, l'exécution des ordres que le sénat lui donne par écrit; enfin, et c'est là la plus importante de ses attributions, il est intermédiaire et l'organe officiel du sénat auprès des autorités chinoises; il exerce aussi par lui-même une certaine autorité sur la population chinoise de la ville, et il prend pompeusement le litre de chef des Chinois de Macao (cabeça dos Chinos em Macao). Mais en réalité, dans toute affaire de quelque gravité, par exemple lorsqu'il y a des poursuites à exercer contre un Chinois, il Leal senado, sénat loyal, et non royal, comme l'appellent fréquemment par erreur les journaux anglais.
Parmi les employés du sénat, les principaux sont le trésorier et le secrétaire. Le premier est en même temps le percepteur des revenus de la colonie, et il siège au sénat (mais non parmi les sénateurs) lorsqu'il rend ses comptes semestriels. Le secrétaire rédige et contresigne les décisions du sénat et fournit des informations sur les lois existantes.
Le gouverneur préside le sénat lorsque ce corps s'occupe des affaires politiques, militaires, économiques, quand il discute sur l'emploi des fonds publics et sur les collisions avec les Chinois ou les étrangers. Le gouverneur est en même temps chef de la force armée et commande les forts qui entourent la ville. Ce fonctionnaire a presque toujours été nommé par le vice-roi ou gouverneur général de Goa, ou du moins proposé par lui.
Il était obligé de faire à ce dernier des rapports sur tous les actes du sénat. Le gouverneur peut suspendre toute décision qui lui paraîtrait contraire aux lois, ou aux règlements en vigueur, ou aux ordres reçus de Lisbonne.
Ces attributions mettent fréquemment le gouverneur en collision avec le sénat. C'est alors le juge ou ministre qui s'interpose pour concilier le différend, et lorsqu'il se trouve de l'avis du gouverneur, les autres membres n'ont plus qu'à signer la décision.
Si le gouverneur est en désaccord avec tout le sénat et avec le juge ou ministre, c'est à l'évêque que l'on a recours. Celui-ci, outre l'autorité spirituelle qu'il exerce en vertu de la nomination par la couronne de Portugal est encore autorisé à intervenir dans le gouvernement de la colonie si l'affaire dans laquelle le gouverneur est en opposition avec le sénat est réputée urgente. L'évèque, dans ce cas, convoque une assemblée des notables, et le différend est vidé à la majorité des voix.
Le juge ou ministre a des pouvoirs très-étendus. Il décide non seulement dans toutes les causes civiles et criminellés, mais aussi dans les affaires de douanes. On peut appeler de ses décisions au tribunal supérieur de Goa. Les Chinois adressent à ce juge des plaintes contre les sujets portugais. Dans le cas d'homicide, le coupable est jugé par le ministre, et l'exécution a lieu à Macao.
Le trésor de la colonie est administré par le trésorier sous l'autorité du sénat, auquel ce fonctionnaire rend les comptes tous les six mois. Les seuls revenus qui alimentent le trésor sont les produits des droits de douane. Leur perception a été organisée pour la première fois par le règlement du 29 mars 1784. Les dépenses sont ordonnancées par le sénat. L'excédant des recettes avait été et est encore habituellement prêté sur la grosse (respondentia) aux membres du sénat euxmêmes et à leurs amis. Ce système avait donné lieu autrefois à des abus sans nombre.
Les recettes, dans les années prospères, sesorit souvent élevées au-delà de 100,000 taëls (un taël vaut 7 fr. 50 e.).
Mais, à partir de l'année 1826 surtout, les dépenses ont presque constamment dépassé les revenus, de façon qu'à la fin de 1834, la dette de la colonie avait atteint le chiffre de 165,134 lacis. L'interruption du commerce servé à la couronne de Portugal sur ce siège, ainsi que sur ceux de Pékin et de Nankin, créés en 1690. Le diocèse de Macao comprend la ville et les provinces chinoises de Kwangtoung et de Kwangsi. Il y a a Macao un chapitre épiscopal, trois paroisses et environ vingt-cinq ecclésiastiques pour quatre a cinq mille chrétiens. (...)
Navigation. Commerce. Législation commerciale.
Depuis leur établissement sur la côte occidentaie de l'Inde, les Portugais furent, pendant plus d'un siècle, les seuls intermédiaires du commerce européen avec les ports de l'Asie. De leur rocher de Macao, ils dominèrent pendant 70 ou 80 ans tout le commerce de la Chine. En 1578, leurs navires de 600 à 800 tonneaux ont commencé à remonter à Canton; en même temps, les contrebandiers chinois de la côte apportaient à Macao toutes sortes de marchandises à bord des jonques. Les Portugais importaient d'Europe principalement des tissus de laine; ils importaient de l'Inde de l'ambre, des coraux, des dents d'éléphants, du bois de santal, de l'argent monnayé et en lingots, et, surtout, une grande quantité de poivre. Leurs exportations, d'après le témoignage de l'Asia portuguesa, s'élevaient, annuellement, à 5,300 caisses de soieries, chaque caisse contenant 400 rouleaux de velours ou de damas, et 150 de tissus plus légers (Martin Martini, dans son Atlas sinensis, parle de 1,300 caisses), 2,500 lingots d'or (paos de ouro), chacun pesant 10 taëls, 800 livres de musc, et, en outre, des perles, des pierres précieuses, du suère, de la porcelaine et une grande variété d'articles de luxe. 
Les Portugais s'enrichissaient également par le commerce avec le Japon. Depuis 1542, année pendant laquelle quelques aventuriers, jetés par une tempête, abordèrent les côtes du Japon jusqu'en 4630, où ils furent définitivement expulsés de ce pays, Macao servait d'escale au commerce avec ce nouveau marché. La fondation de la colonie espagnole de Manille, les relations avec Malacca, Siam et la Cochinchine contribuaient aussi, dans la même période, à entrenir la prospérité commerciale de Macao. En 1622, les Portugais repoussèrent victorieusement une attaque des Hollandais, alors en guerre avec l'Espagne à laquelle le Portugal était réuni. Enorgueillis de tant de succès, les Portugais supportaient impatiemment la dépendance danslaquelle voulaient les tenir les autorités chinoises.
En 1631, celles-ci leur avaient complétement interdit le marché de Canton. Pour rendre cette défense vaine et illusoire, les Portugais parcouraient, avec leurs navires, les côtes méridionales de l'empire, trafiquaient avec de nombreux contrebandiers, et, chaque fois que les autorités chinoises parvenaient à saisir un de ces commerçants d'interlope, les Portugais poussaient les hauts cris, se plaignaient de l'inj ustice des saisies et offraient de prouver que les marchandises arrêtées avaient déjà payé des droits à leur importation à la douane chinoise de Macao. Cette lutte continua avec des alternatives de succès et de non réussites partielles jusqu'en 1685, année mémorable dans les fastes du commerce étranger en Chine. Ce fut, en effet, en 1685 que l'empereur Kang-hi ouvrit les ports de l'empire à ce commerce, et permit à ses propres sujets de trafiquer avec les pays environnants. Malheureusement;'cette politique libérale ne dura pas longtemps. En 1717, Kanghî, cédant à la suggestion d'un haut mandarin, un préfet maritime, nommé Chin-Maou, rendit un nouvel édit révoquant les dispositions de 1685. Un ordre, conçu dans le même sens, fut intimé au gouvernement de Macao, qui fit immédiatement des démarches pour en neutraliser les effets. Une députation, appuyée par les menées influentes d'un jésuite nommé Joseph Pereira, obtint, du vice-roi de Canton, la permission de commercer avec les pays situés au sud de la mer de Chine. La permission fut approuvée parKang-hi, et, en 1718, plusieurs navires furent expédiés à Batavia et à Manille. Ce même empereur avait proposé au gouvernement de Macao de convertir l'établissement portugais en entrepôt général du commerce avec l'étranger, et de charger ce gouvernement de la perception des droits. Pareille proposition fut renouvelée par le successeur de Kang-hi, l'empereur Young-Tching, en 1732.
Qui le croirait? Ces deux propositions furent repoussées; la première, par le sénat de Macao, la seconde, par le vice roi de Goa, comte de Sandamil. Les Portugais étaient alors loin de prévoir les suites de ce refus.
Leur jalousie commerciale ne voyait alors, dans le privilége qu'on voulait leur accorder, que l'obligation funeste, selon eux, d'entrer en partage des bénéfices commerciaux avec d'autres nations européennes. Ils voulaient en avoir le monopole, ils l'ont eu, et c'est le monopole qui les a ruinés! (...)

domingo, 26 de dezembro de 2021

Uma "columna de pedra" numa "praça triangular"

Tal como nas cidades portuguesas, também em Macau o pelourinho, colocado no centro do Largo do Senado, perto da igreja da Santa Casa e da Cadeira, simbolizava a justiça e era local de aplicação de penas.
Já aqui abordei o tema do Pelourinho que existiu junto ao Leal Senado. Sobre este 'pedaço de história' há muito desaparecido recorro a um relato, raro, da década de 1850, da autoria de António Maria Bordalo, incluído numa 'noveleta' intitulada "Sansão na Vingança" publicada no jornal O Panorama em 1854. Mais tarde teve edição em livro 1881 e reedição em 1980.
"Acompanhe nos o leitor á procuratura da cidade e encontrará um tribunal como não podia suppor existisse ainda no seculo 19, em um paiz que se diz portuguez e civilisado. Em um dos lados de uma praça triangular* está situado o palacio da municipalidade; esta corporação ainda ali tem o pomposo titulo de Leal Senado de Macau, mas nenhuma das suas antigas attribuições governativas; é porém composta pela seguinte forma: um presidente, dous vereadores, dous juizes ordinarios e um procurador, todos de eleição popular; reunidos, não tem mais prerogativas do que qualquer camara do reino; funccionam porém alternados na junta de justiça, tribunal superior da imaginaria Provincia de Macau Timor e Solor; mas procurador por si só, exerce uma auctoridade sem limites sobre a população chineza da cidade, isto é, sobre nove decimos dos seus habitantes.
N'esse mesmo edificio do senado está o terrivel tribunal da procuratura; tem um interprete superior do idioma echinez e outros subalternos a que chamam linguas; tem meirinhos e carrasco; e tem além, no meio da praça, essa columna de pedra que em outra parte denotaria o fôro da povoação, mas que n'esta cidade é um logar de supplicio e exposição de criminosos, o pelourinho.
Ali se amarra com a propria trança, e de barrete na cabeça designando as culpas, á guisa de carocha da inquisição, o miseravel ratoneiro que não teve com que amaciar a policia. Ali se prende o infeliz que roubou um pão ou algumas sapecas, para levar centenares, milhares de pancadas com um grosso bambu! Ali se arranca a pelle ao criminoso que não tem dinheiro para se remir, e tudo isto por sentença do procurador que é graduado mandarim do imperio celestial, mas não graduado em leis, e mediante um processo verbal e summario, em que intervem o interprete ou um dos linguas, porque o procurador vulgarmente não falla chinez, além de não saber mesmo ás vezes escrever o seu nome, nem ter as menores noções de direito. Este funccionario tem, afóra a sua agencia, tresentos taéis de ordenado, apezar de ser eleito pelos seus concidadãos e gosar das honras mandarim chinez." 
PS: Tanto quanto sei existem apenas três representações iconográficas do pelourinho (ver link acima). Duas delas são da autoria de George Chinnery. Em 1964 Jack Braga publicou um artigo sobre o tema. Segundo consta foi ele quem descobriu um dos desenhos/esboços de Chinnery.
* É curioso que até praticamente ao final do século 20 existiu um espaço de formato triangular frente ao edifício do Leal Senado. Em cima uma foto da década de 1980.

sábado, 25 de dezembro de 2021

"Sabão da Fábrica Portugueza de Macao": 1851

"Para Venda – Muito bom, e fino Sabão de Fabrica Portugueza de Macao, para lavagem de roupa, a 12 Cattes* por pataca; vende-se também a meudo até hum pão, que não pezará mais de meio catte, a 120 Sapecas ao catte. Quem quizer dirija-se a “Boa Vista” Caza N.º 4, ou a “Fonte de Lilao” Caza do mesmo numero, desde o dia 13 do corrente mez em diante às 9 horas A.M. a 5 P.M. não sendo Domingo, e dia Santo de guarda**. 
Macao, 7 de Fevereiro de 1851."
Anúncio publicado no Boletim do Governo de Macau, Timor e Solor em 1851.

* O Cate é uma medida de peso do sistema chinês que correspondente a cerca de meio quilo.
** Os “dias santos de guarda” são os que os católicos são obrigados a assistir à Missa: para além do domingo, o Dia de Natal, Dia de Reis, 1 de Janeiro e 8 de Dezembro.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Um "autógrafo" no Natal de 1951

Um "Natal Alegre e Ano Novo Muito Feliz" são os votos expressos neste "autógrafo" enviado 
da "Província de Macau - Repartição Central dos Serviços dos Correios, Telégrafos e Telefones" para o Brasil "Par Avion Via Hong Kong" em 1951. Foi há 70 anos...

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

"Um Conto de Natal" de Henrique de Senna Fernandes

Na edição de 23 de Dezembro de 1994 o jornal Ponto Final (Macau) publicou um Conto de Natal inédito da autoria de Henrique de Senna Fernandes em que o próprio explicava:
"O original deste conto não me pertence. Pertence à minha neta Laura, de oito anos, que o rabiscou, numa dúzia de linhas, para um exercício da escola. Enterneceram-me a imaginação revelada e a tocante ingenuidade da história e resolvi desenvolvê-la para que não se perdesse e a própria autora não a votasse ao esquecimento. Basicamente o enredo é dela, eu apenas fiz os acrescentamentos que julguei necessários."
"O garoto tem cinco para seis anos, anda descalço e só em em dias especiais usa umas sapatorras, grandes demais para os seus pezitos e muito gastas. Não sabe quem são os seus pais, nunca os viu, não tem irmãos, nem ninguém que se proclame seu parente. Foi trazido sabe-se lá como e quando, ao sítio, ao cuidado dum casal de velhos, com dois filhos, todos adultos, gente rude e hirsuta, de poucas falas, incapazes de ternura para uma criança. Os quatro moram numa casa sombria de pedra e trabalham no amanho de terra em volta. O garoto vive ao lado, num barraco, feito de tábuas de madeira já podre, que deixa penetrar pelas frinchas a chuva e o vento.
No verão, sofre um calor horrível e sufocante, mordido pelos bicharocos que infestam a palha a servir de cama. No inverno, o frio é como uma geleira e o garoto treme comos parcos agasalhos que o defendem.
Não se sabe qual o nome com que o baptizaram, e, porque todos lhe chama Garoto, acredita que esse é o seu verdadeiro nome. Não vai à escola, mas já moureja com os misteres que lhe dão, em conformidade com a sua idade. Ralhos e berros recebe-os muitos, safanões e carolos também, mas sevícias propriamente ditas, mais cruéis, não moem o seu corpo débil. O que mais lhe dói, é a indiferença geral.
Não tem entrada na casa de pedra, onde arde a lareira no inverno, fica à portas às horas da refeição para receber a sua ração que nunca é suficiente nem saborosa, sendo a fome a sua companheira diária. É ainda muito pequeno para perguntar a razão daquele tratamento e porque não pode juntar-se com aquela gente para o convívio familiar.
A solidão amadurece-o, fica a pensar que nunca teve um brinquedo e porque razão não é como as outras crianças que possuem pais, que brincam despreocupadas, correm, saltam, dão gargalhadas e se vestem bem, sem os farrapos que o cobrem. Todos certamente têm uma cama para dormir.
O seu lugar favorito é o bosque, não muito distante da casa. Conhece as árvores, o pio de cada passarinho, a toca do vivo lebréu. Do lugar pode espreitar a aldeia na curva do vale, com o seu movimento bucólico e repousante de pessoas, automóveis e carroças, um divertimento simples, mas sempre alvoroçante para ele. Conhece os sinos da igreja, muito branco no alto duma eminência e sente sempre o apelo de entrar nela. Os da casa visitam-na uma vez por semana, mas nunca o levam, como se tivessem vergonha dele.
Naquele inverno agreste, de frio cortante como nunca, o padre da igreja aprece, de repente, cheio de perguntas que não sabe responder porque não está habituado a falar com ninguém, com excepção dos passarinhos e animaizinhos do bosque, entre eles, o furtivo lebréu.
Assiste depois, uns passos afastado, ao interrogatório do padre aos adultos da casa. Todos gesticulam muito, as vozes erguem-se irritadas, estão a falar dele, porque aponta, muitas vezes o dedo na sua direcção. Palavras esparsas sobre uma filha do casal que abandonou o lar paterno atrás dum desvairado amor. Sobre essa filha, os quatro adultos têm expressões azedas de desdém e de fúria. Coisas que nada têm que ver com ele e não perceber porque o misturam com a memória da desconhecida.
A conversa sobre de tom, o padre, rubicundo de cólera, vira-lhe as costas, aproxima-se por fim dele, dá-lhe a imagem do Menino Jesus e diz-lhe: - Daqui a uns dias é Natal. Vai à igreja rezar pelo Menino Jesus, que nasceu neste dia. Pede-lhe qualquer coisa e vem depois dizer-me o que lhe pediste.
Nessa noite, os da casa dão-lhe mais agasalhos com que vestir e uma manta mais espessa. Mas continua à porta para as refeições. Não olvida as palavras do padre que lhe martelam a cabeça, no meio da solidão. Nas mãos conserva a imagem oferecida.
O dia de Consoada raia cinzento, com borrifos de chuvisco. O garoto está irrequieto, decido ou não decide em ir à igreja, hesita, mas uma força interior impele-o a cumprir a sugestão do padre. É pouco mais de meio-dia quando se interna no bosque.
Atravessa-o a correr e por uma vereda sinuosa, desce à estrada que o leva directamente à aldeia. Tem os pés calçados das sapatorras e como vai obcecado não se atemoriza com tanta gente que encontra no caminho. Sobe a bonita ladeira e penetra finalmente na igreja.
Defrontam-no a penumbra, os santos dos altares, o colorido dos vitrais simples. Mas os seus olhos fixam-se no presépio alumiado pela velas. Achega-se e instintivamente ajoelha-se diante do Menino deitado que sorri, mãos erguidas.
Baixinho pede. Pede que lhe dê um pai e uma mãe e comida para matar a fome. E mais timidamente, quase a medo, pede-lhe uma cama quentinha para dormir. Tem mais pedidos a fazer, mas não quer abusar. Tudo isto fervorosamente, atropelando as palavras.
Depois procura o padre, mas ele está ocupado nos preparativos para a festa natalícia, tem pessoas que o aguardam. Não tem tempo para o atender e ele regressa ao barraco, com a certeza de que os seus pedidos não chegarão aos ouvidos do Menino Deus.
Ninguém repara nas suas deambulações. Ao cair da tarde, o frio é intenso e o garoto encolhe-se na palha, cobrindo-se com a manta e quase chora escutando o assobio lúgubre do vento que ulula por entre as frinchas do madeirame podre.
Nisto, ouve bater a porta. Com dificuldade, os dentes a tremer, vai abri-la. Um homem e uma mulher, bem vestidos, ambos bonitos, sorriem para ele, com lágrimas nos olhos. ela, muito docemente, ao beijá-lo diz: 
- Não te assustes. Somos teus pais. Vimos buscar-te para levar para casa. Temos muitas guloseimas e brinquedos para ti. 
- E uma caminha quente também?
- Uma caminha quente e muito mais - disse o homem, abraçando-o.
Já não tem frio. Aperta no peito a imagem do Menino Jesus que traz no bolso da camisa. E sai para o relento, entre os pais, para longe da casa de pedra."

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Correspondências de Natal: 1961

in edição nº 125 de Novembro de 1961 da revista mensal do Clube Filatélico de Portugal.
Nessa mesma edição foi publicado um pequeno anúncio de um cidadão chinês coleccionador de selos residente no território (Tap Seac).
Nesta altura Rolando dos Reis Ângelo era o agente em Macau do Clube Filatélico de Portugal.

domingo, 19 de dezembro de 2021

"Inauguração em Hongkong do jogo china intitulado fantan"

A notícia é de Setembro de 1867 e foi publicada em Macau dando conta do início da prática do jogo de fantan em Hong Kong. O fantan já representava na época uma importante fonte de receitas para o governo de Macau pelo que estava em marcha uma actividade concorrencial. Acontece que o governo de sua majestade britânica não tolerou por muito tempo o mesmo sendo banido em 1871. Este e todos os tipos de jogos, excepto as corridas de cavalos onde também se faziam apostas.
PS: O jornal London Times publicou um extenso artigo sobre o fantan numa edição de 1888 onde se pode ler: "A recent writer in an Eastern newspaper describing Macao refers to a fantan gambling den".

sábado, 18 de dezembro de 2021

Proposta de Lucínio Cruz para a Estátua de Jorge Álvares

Lucínio Cruz (1914-1999), arquitecto autor do projecto do Liceu da Macau na Praia Grande inaugurado em Outubro de 1958, também participou no concurso público de ideias para a estátua de Jorge Álvares em Macau realizado em Portugal. Aqui fica a sua proposta que acabou por não ser a escolhida. Venceu o concurso Euclides Vaz. Em breve publicarei algumas curiosidades em torno desta estátua.

 
Muito provavelmente deve ser a primeira vez que esta imagem é tornada pública.

Lucínio Guia da Cruz deixou obra em praticamente todos os territórios do ultramar português. As obras do Liceu Nacional Infante D. Henrique foram realizadas pelos empreiteiros Yao Vo e Chui Tak Kei. Começaram em 1956, nos aterros da Praia Grande, entre as avenidas Dr. Oliveira Salazar e Infante D. Henrique. Dois anos mais tarde ficaram concluídas sendo a inauguração em Outubro de 1958.
Duas lápides colocadas na fachada do edifício (à esquerda, ao lado da enorme porta principal) atestavam isso mesmo.
1) “Aos 28 de Maio de 1956 foi lançada esta pedra angular governava a Província o almirante Joaquim Marques Esparteiro."
2) "Este edifício construído dentro da primeira fase do Plano de Fomento foi oficialmente inaugurado aos 2 dias de Outubro de 1958."

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O Museu Colonial no Arsenal da Marinha: 1878

"Ha um mez que se abriu ao publico, no edificio do Arsenal da Marinha, o museu colonial consideravelmente ampliado hoje com os productos que se destinam das nossas colonias á exposição de Paris. As salas do museu estão sempre cheias. Folgamos em extremo. A modestia elegante das ornamentações eo aceio fresco e florido do conjuncto teem de facto uma attracção sympathica communicativa moça. Na escada franjas de relva serpenteam bordando os degraus polvilhados d uma areia subtil e dourada. Nos pequenos patamares acanhados estatuas de bronze sustentam acafates de begonias de amabilis corôam se de trepadeiras parecem offerecer na immobilidade metallica camelias e violetas a quem passa. Chega-se a uma especie de antecamara de caramanchel forrado de heras entrelecidas com uma disposição encantadorainente habil. Em vasos de madeira entalhada toscamente cintados de troncos nodosos de um aspecto rustico de casal habilmente imitado crescem pequenas palmeiras de um verde anemico vago pinheiros bravos e jovens bracejam no centro d um canteirozinho artificial alecrins do Norte torcem e emplumam as suas comas vivamente verdes de um aroma acre em caixões de jardim pintados de verde. Em redor tuffos de folbas bumidas largas avelludadas frageis exhalam uma frescura juvenil alegre bem casada com a luz. (...) Ha uma montra destinada aos trabalhos em madeira e marfim de Macau."
Excerto de um artigo da publicação "Museu Illustrado". 

"O museu colonial consta do cinco vastas salas que correm paralelas á rua do Arsenal e de uma extensa galeria que dá para a banda do mar. Nessas seis divisões que constituem outras tantas secções estão methodicamente dispostos em vidraças apropriadas, e scientificamente classificadas por provincias, familias, generos e especies, os productos vegetaes, animaes e mineraes de Cabo Verde, Angola, Moçambique, India Portugueza, S. Thomé e Principe, Macau e Timor."
Excerto de um artigo da publicação "Archivo de Pharmacia". 
A 1 de Dezembro de 1869 o Ministério da Marinha e Ultramar nomeou uma comissão encarregue de organizar um museu estatal de âmbito colonial. Cinco meses depois, a 15 de Maio de 1870, abria as portas ao público o Museu Colonial de Lisboa (zona da Ribeira das Naus). Em 1892 o Governo decidiu incorporar o acervo do museu numa instituição privada, a Sociedade de Geografia de Lisboa (SGL). Dessa fusão resultou o Museu Colonial e Etnográfico da SGL.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

"Laminas de vaccina": 1855

No ano de 1855 o cirurgião-mor de Macau (e também de Timor e Solor), António Luís Pereira Crespo*, pediu ao governador para solicitar a Lisboa o envio de "lâminas de vaccinas" (contra a varíola) para "prevenir o contágio das bexigas,, uma das epidemias que mais vítimas tem feito naquela cidade". 
De Lisboa seguem em Maio desse ano seis pares de lâminas, daí o "avizo de interesse público" dirigido aos "cheffes de família" referir "pequenas quantidades". 
Sabe-se hoje que de facto não resultariam já que as vacinas não eram  transportadas hermeticamente fechadas sendo sujeitas durante o período da viagem a elevadas temperaturas.
Nesse ano tinha sido criado o hospital militar - funcionava até então no antigo convento de Santo Agostinho - mas as vacinas eram administradas no Hospital da Misericórdia (mais tarde denominado S. Rafael).
Natural da Marinha Grande, casou em Macau em Janeiro de 1854 com Bárbara Joaquina da Silva. Em 1858, por motivos de doença, teve seis meses de licença para tratamentos  em Portugal.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

"Uma colónia feitoria destinada às transacções commerciaes"

"A cidade de Macau está edificada no extremo sul d'uma pequena peninsula da ilha de Hiang Chan situada junto da costa sul oriental da China na foz do grande rio de Cantão por 22º 11' de latitude norte e 122º 40' de longitude oriental pelo meridiano de Lisboa.
O territorio portuguez tem apenas 4,5 km desde o forte de S Thiago da Barra no extremo sul até á muralha que atravessando o estreito isthmo separa o territorio portuguez do chinez 1.800 m na maior largura e pouco mais de 3 km. q. de superficie. 
A oeste de Macau fica a montanhosa ilha da Lapa separada da cidade por um braço do rio de Cantão com 700 m de largura e ao sul a ilha da Taipa onde ha um forte portuguez. A leste da peninsula fica a bahia ou rada de Macau a oeste fica o porto interior que communica com o rio de Cantão
O clima de Macau é tido como muito saudavel grassando porém ás vezes febres perniciosas devidas aos extensos lodaçaes que as marés deixam a descoberto. É tambem ás vezes açoutada por fortes tufões.
A cidade de Macau é a séde do governo da provincia*. Tem uma população de 72.000 hab. Europeus descendentes ou macaistas, mouros, persas e chins. O numero de portuguezes anda por 2.000, tantos como ha em Hong Kong. Constitue uma das duas comarcas em que se divide a provincia* e uma diocese pertencente ao arcebispado de Gộa.
A sua guarnição é constituida por um batalhão do regimento d'infanteria do ultramar para lá destacado um corpo de policia e um batalhão de nacionaes.
Macau é apenas uma colonia feitoria destinada ás transacções commerciaes. Durante muito tempo foi o unico porto aberto aos estrangeiros para o commercio com a China adquirindo por isso grande importancia commercial que tem desapparecido com a abertura dos portos chinezes ao commercio europeu e sobretudo com o estabelecimento dos Inglezes na visinha ilha de Hong Kong. Assim mesmo ainda é consideravel o seu movimento. O valor das mercadorias importadas e exportadas em 1888, a maior parte apenas para reexportação, foi de 13 milhões de patacas (cada pataca corresponde aproximadamente a 850 reis), avultando o opio, o arroz, o chá, a sêda, o azeite e o anil. As transacções com a metropole foram insignificantes. 
Uma das principaes fontes de receita da colonia é o jogo de parar denominado Fantan muito frequentado pelos chinezes, e que foi arrematado agora por 145.000 patacas annuaes. 
Havia em Macau tres fabricas de desfiar casulos a vapor mas tendo sido obrigadas a transferir a sua laboração para fóra da cidade preferiram acabar com a industria. Em frisante opposição com isto a China acaba de permittir a laboração a vapor nas suas fabricas de fiação de seda.
O movimento maritimo do porto de Macau é bastante activo especialmente o dos juncos chinezes que fazem o commercio de cabotagem. Em 1887 as entradas foram de 702 vapores com 553.000 toneladas e 4.875 juncos com 410.200 toneladas. Os vapores são quasi todos das carreiras regulares entre os portos da China Macau e Hong Kong."
José Nicolau Raposo Botelho in Elementos de geografia economica: (agricola, industrial e commercial) 3º Vol., Porto, 1891
* juntamente com Timor.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

"George Chinnery , M. R. A. Landscape and Miniature Painter"

A imagem abaixo é de um directório publicado em Hong Kong no ano de 1845. Entre as 'personalidades' de relevo assinaladas na publicação destaca-se o nome de George Chinnery 錢納利 (1774-1852), "pintor de paisagens e retratos".


Segundo o padre Manuel Teixeira, "Quando chegou a Macau a 29 de Setembro de 1825, (Chinnery) viveu alguns meses na Rua do Hospital, numa casa de Christopher August Fearon, empregado da East India C.º, mas logo no ano seguinte arrendou o prédio n.º 8 da Rua de Inácio Baptista e ali viveu até à morte, ocorrida a 30 de Maio de 1852."
Num directório de 1850 - publicado em Hong Kong - na parte relativa a Macau pode ler-se: "Landscape and Miniature Painter. George Chinnery, Esq, MRA". Surge como tendo a morada na Travessa de V. Baptista.

Chinnery morreu a 30 de Maio de 1852, com 79 anos, estando sepultado no cemitério protestante (contíguo ao Jardim Camões).  Em baixo a notícia do óbito numa edição desse ano do jornal The Indian News and Chronicle of Eastern Affaires.