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domingo, 31 de dezembro de 2023

O vapor a pás Hankow

Em baixou uma pintura do século 19 mostrando o vapor a pás a passar pelo pagode de Whampoa (entre Macau e Cantão). A bandeira na popa é a de Hong Kong.
O Hankow foi construído em Glasgow (Escócia) em 1873 para a Chinese Navigation Company (de capital inglês) onde começou ao serviço no rio Yangtze em 1876 tendo passado por volta de 1886 para a rota Hong Kong/Cantão/Macau, um serviço em articulação com outra empresa, a Hongkong, Canton & Macao Steamboat.
Tinha quase 94 metros de comprimento por 13 de largura e uma velocidade máxima de 13 nós.
Foi destruído por um incêndio a 14 de Outubro de 1906 quando estava no cais de Hong Kong tendo morrido 130 pessoas. Rebocado para Xangai em 1907 foi convertido em plataforma de transbordo. Já na segunda guerra mundial seria destruído por um bombardeamento norte-americano.
Anúncio de 1897

Curiosidade: o nome deriva da cidade portuária chinesa de Hankow que fica na província de Hubei.
Antes 'deste' Hankow houve outro vapor a pás com o mesmo nome a navegar nas mesmas águas chinesas mas sob bandeira dos EUA. Pertencia à Russel & Co. (imagem abaixo)
Pintura do porto de Cantão ca. 1860. Bandeira dos EUA na popa.

sábado, 30 de dezembro de 2023

Óleo sobre cartão do início do século 19

Estas duas pinturas a óleo sobre cartão são do início do século 19. 
Do lado esquerdo o Porto Interior e do lado direito o Porto Exterior, baía da Praia Grande.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

"Town and port of Macao": 1869

"Town and port of Macao" é a legenda desta ilustração publicada no The Illustrated London News a 27 de Novembro de 1869.

O artigo:
"The Portuguese colony of Macao at the mouth of the Canton river was founded in 1557 and was formerly the chief emporium of trade of European nations with China. Its importance has very much declined since the establishment in 1842 of the British commercial settlement on the opposite island of Hong Kong.
The town is curiously situated on a small hilly peninsula two or three miles long connected by a low sandy isthmus not half a mile wide with the mainland or rather with the large island of Hiang Shan which separates two channels of the estuary from each other.
There are three hills from 200 ft to 300 ft high upon the sides of which and upon a flat irregular table land between them the streets of the town are built.
The Praya Grande is a fine marine esplanade with a granite sea wall and a broad roadway extending half a mile in a bold curve along which from the Public Gardens at the east end to the foot of the Penha hill at the west are terraces of plain but substantial houses. In the centre is Government House a building of more architectural pretension.
The older part of the town on the summit of ridge consists of winding narrow streets with an open Plaza in which the cathedral stands and with several handsome old churches. The chief resort of shipping is the Inner Harbour on the other side of the peninsula. The Portuguese poet Camoens resided some time at Macao." 


Tradução:
A colónia portuguesa de Macau, na foz do rio Cantão, foi fundada em 1557 e foi anteriormente o principal empório de comércio das nações europeias com a China. A sua importância diminuiu muito desde o estabelecimento, em 1842, da colónia britânica de Hong Kong.
A cidade está curiosamente situada numa pequena península montanhosa com duas ou três milhas de comprimento, ligada por um istmo arenoso baixo, com menos de meia milha de largura, ao continente, ou melhor, à grande ilha de Hiang Shan, que separa dois canais do estuário um do outro.
Existem três colinas de 200 a 300 pés de altura, nas laterais das quais e sobre um tabuleiro plano e irregular entre elas, estão construídas as ruas da cidade.
A Praia Grande é uma bela esplanada marítima com um paredão de granito e uma larga estrada que se estende por oitocentos metros numa curva arrojada ao longo da qual desde o Jardim Público (S. Francisco), no extremo nascente, até ao sopé da colina da Penha, no poente, existem terraços planos e grandes casas. No centro fica a Casa do Governo, um edifício de maior pretensão arquitectónica.
A parte mais antiga da cidade, no cume da colina, consiste em ruas estreitas e sinuosas com uma praça aberta onde fica a catedral e com várias belas igrejas antigas. O principal  meio da navegação é o Porto Interior, do outro lado da península. O poeta português Camões residiu algum tempo em Macau.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

"Amacao" num mapa de Johann Ulrich Müller

O alemão Johann Ulrich Müller (1653-1715) foi um dos mais prestigiados geógrafos e cartógrafos do século 19.

"Geographia Totius Orbis Compendiaria" - um Atlas do mundo - foi publicado em Ulm (Alemanha) no ano de 1692. Com 87 páginas incluindo 102 pequenos mapas acompanhados de texto em latim. No mapa da China pode ver-se assinalado "Amacao".
"Canton Metropolis regionisidem nomen gerentis præcipua & ditisfima eft cæteras inter urbes hujus Regni, hanc infequuntur Macao, fub Lufitanorum ftans poteftate, Nanquin fedes olim Regia, jam nunc urbs haud contemnenda, Scian hay locus navium regiarum, Canchey Mercaturæ fedes Pequin quæ urbs caput totius Regni exiftit."

"A Metrópole de Cantão é a mais importante e mais rica das cidades deste Reino, e as restantes cidades deste Reino são dominadas pela Metrópole de Cantão. Macau, a sede dos Lusitanos, é a fonte do seu poder. (...) Pequim é a capital de todo o Reino."

Em baixo uma edição de 1682

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

Escola de "primeiras letras"

Em 1841 um total de 13 estudantes frequentavam a "Real Aula das Primeiras Letras" cujo "mestre" era Joaquim Gil da Costa Pereira.
Estavam divididos em três classes e aprendiam Grammatica Portugueza, Arithmetica, Latim, Doutrina Christã/Cathecismo, escrita, leitura e contas.
Na época não havia ensino oficial (surgiu no últimos quartel do século 19) e, para além da educação dada nas instituições religiosas - no Seminário de S. José havia por exemplo a Aula Nacional de Gramática Portuguesa e Latina - havia os professores privados. Veja-se este anúncio de 1846:
"O abaixo assignado anuncia ao Público, que elle vai pôr huma aula de primeiras letras como ler, escrever, e contar, na feitoria que foi do deffuncto Francisco António Pereira Thovar, e terá princípio em 1º do mês vindouro; qualquer Sr. que queira utilizar-se do pequeno préstimo do ditto abaixo asignado, pode dirigir-se a elle, ou mandar os seus pequenos com seu bilhete; a aula de manhã principiará às 8,30 horas e acabará às 11 e meia, de tarde às 3 athé 5 e meia; pelo seu trabalho hé uma pataca por mês, ou conforme a possibilidade da pessoa. Macau, 25 de Fevereiro de 1846. Francisco X. H. Rebello Freire".

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

"Het gezigt van Macao in China": descubra as diferenças

Datada como sendo de aproximadamente 1830 esta pintura foi produzida pela chamada escola chinesa - ou seja, um pintor chinês, provavelmente de Cantão que não assina a obra - e representa a baía da Praia Grande, de Sul para Norte. Tem como legenda "Het gezigt van Macao in China" em holandês, que significa "Vista de Macau na China". 
Em baixo, a mesma ilustração, ou melhor, é praticamente igual, mas a disposição e o número das embarcações é diferente.
Ainda outro exemplo de uma versão com imensas semelhanças.
Em termos de data a representação da Praia Grande é fidedigna das primeiras décadas do século 19.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

O Natal religioso de 1850

 in Boletim do Governo da Província de Macao, Timor e Solor 4.1.1851

domingo, 24 de dezembro de 2023

Boas Festas * Season's Greetings * 季节的问候

Saudações calorosas nesta época festiva e os melhores desejos para o novo ano!
Warmest Greetings this Festive Season & Best Wishes for the New Year!

sábado, 23 de dezembro de 2023

"Natal: alegria das Crianças"

Este anúncio tem 100 anos! É de Dezembro de 1923 e revela o quanto já era 'ousada' da linguagem publicitária. A Agência Comercial de Macau localizada no nº 11 da Rua Central associava o Natal à "alegria das crianças". Dirigindo-se aos pais (consumidores) naquela "data festiva" explicava que já recebera "de Santa Claus uma grande encomenda de brinquedos, bombons, chocolates, nougat e toda a espécie de doces e artigos que às crianças interessam".

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Presentes de Natal em 1923... há 100 anos

Um bilhete para um filme no Cinematógrafo Vitória, um disco de ópera da loja Anderson Music em Hong Kong, um livro na Graça & Co. também em Hong Kong, um piano ou uma máquina fotográfica Kodak eram algumas das hipóteses para presentes de Natal há 100 anos em Macau conforme atestam estes anúncios publicados na imprensa local em Dezembro de 1923.



quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Fortim D. Maria II / 馬交石炮台

Actualmente quem visitar o forte de D. Maria II - um dos últimos a ser construído em Macau - pode ver no topo da porta principal a inscrição 1851, ano em que a construção foi finalizada embora a fortificação só tenha começado a funcionar em Fevereiro do ano seguinte. 
No "Almanach Luso Chinez de Macau para o anno de 1866" pode ler-se: "Esta fortaleza foi construída nos princípios de 1851. O encarregado da sua construção foi o major de engenheiros António de Azevedo e Cunha. Tem uma só peça de artilheria de rodisio de calibre 18. Um cabo e três soldados do batalhão de Macau constituem a sua guarnição, sendo o cabo o comandante da fortaleza."
Projecto do engenheiro major António de Azevedo Cunha a construção foi feita em alvenaria e argamassa, com parapeitos de tijolo e lintéis e ombreiras de granito.
Fotografia de 2023.
Na entrada pode ver-se a inscrição 1851, data da conclusão da construção.

Aquando da construção foi também feita uma estrada que ficou com o mesmo nome do forte. Mas em chinês a estrada denomina-se Ma Kau Seak Pau T’oi Ma Lou, ou seja, Estrada do Forte de Macau Seak.

 

Na obra "Fortificações de Macau - Concepção e História" Jorge Graça escreve:
"Este forte está localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar a baía de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau. Objectivo: apesar da sua posição estratégica ser inferior, foi construído para substituir o forte de Mong-Ha. Mais tarde a sua missão principal foi a de reforçar e fornecer fogo de cobertura ao forte de Mong-Ha e, assim, funcionava como posição auxiliar. Tinha também a função de cobrir a Baía de Cacilhas afim de proteger as suas margens. Por isso, a sua única arma era rotativa num arco de 360º. Apesar de tudo, este forte nunca deve ter sido muito eficiente."
Curiosidades:
Em 1886 o forte estava armado com uma peça Armstrong de 95mm.
A casamata do forte foi destruída no bombardeamento da aviação dos EUA em Janeiro de 1945 durante a segunda guerra mundial.

Nos números 3 e 4 do Boletim do Instituto Luís de Camões, de 1969, encontra-se uma das mais detalhadas descrições do Forte D. Maria II:
"O plano deste forte forma um hexágono irregular, com duas saliências consecutivas, a de sudoeste e a de nordeste, formando ângulos rectos com as respectivas muralhas. A muralha de sudoeste é protegida por um pequeno fosso de 3,5 m. de profundidade, hoje parcialmente aterrado por pequenos desmoronamentos provocados pelo clima e pela vegetação. 
A porta da entrada do Forte era uma verdadeira ponte levadiça, em estilo medieval. À entrada segue-se uma galeria abobadada, com dois pequenos nichos no lado esquerdo, cada qual com uma seteira. No lado direito há outro nicho com três seteiras. Seguindo esta galeria, abre-se, do lado esquerdo, um corredor que vai dar a uma pequena casamata, hoje em ruínas, com três seteiras na parede. No extremo deste corredor há outro nicho com uma seteira. Do lado direito do corredor, no centro, existe um pequeno paiol de pólvora e, mais além, uma abertura que dá para uma cisterna de água. Destas seteiras a guarnição podia cobrir com as suas armas os terrenos circundantes. Chega-se à esplanada por uma pequena rampa com largos degraus. 
Na parte norte do Forte existe uma plataforma circular de pedra e betão reforçado, de 1.20m. de diâmetro, com uma seteira no centro, que servia para abrigar a guarda ali postada. No lado esquerdo, vê-se hoje uma marca trigonométrica. No lado ocidental, há uma entrada para uma plataforma de betão armado. Tinha o bloco de madeira com um centro aparafusado à base da pedra.
Este bloco de madeira tinha um elo móvel, em que assentava a armação do canhão e girava alcançando desta forma um raio de fogo de 360°. Hoje, em seu lugar, assenta uma torre de ferro pertencente à Estação da Rádio. Esta plataforma tinha uma abertura que dava acesso a um corredor que dava para um espaço acima da galeria abobadada à entrada da porta, onde ainda existem dois pilares de pedra, cada qual com uma seteira semicircular de cerca de 15 cm. de diâmetro, servindo de apoio a uma bobina horizontal que manobrava o girar dos cabos da ponte levadiça".
Nota: Esta última característica ainda pode ser 'vista' na foto de 2023

Boletim do governo da Província de Macao, Timor e Solor

"Quartel do Governo da Província em Macao, 19 de Fevereiro de 1852. Ordem à Força Armada.
Achando-se concluído o fortim novo, sobranceiro à Praia de Cacilhas, ordena S. Exa. o Governador que aquella Fortificação tomeo nome de D. MariaII - e que se seja imediatamente guarnecida pelo destacamento de Mong-ha. Outro sim ordena o mesmo Exmo. Sr. que o Forte de Mong-ha, que se acha em ruínas, seja inteiramente desmantelado*, como inútil pelo seu estado actual, e desnecessário em presença do novo fortim. (...)

* apesar desta "ordem" o Forte de Mong-ha seria reconstruído em 1864 por ordem do Governador Coelho do Amaral e reactivado em 1866.
O forte D. Maria II no topo da colina; o edifício abaixo (branco) era um lazareto (hospital para os leprosos). Em 1º plano a Estrada D. Maria II. Fotografia final do séc. 19.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Votos de "Boas Festas" do jornal O Macaense em 1882

 

O primeiro número deste "jornal político, litterário e noticioso" surgiu a 28 de Fevereiro de 1882. Era impresso na Tipografia Popular e a redacção ficava no nº 16 da Rua de S. Paulo. Publicou-se até 1891.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Espólios de antigos governadores

Parte dos espólios pessoais de Nobre de Carvalho (1967-1974), Garcia Leandro (1974 a 1979) e Vasco Rocha Vieira (1991-1999), antigos governador de Macau, vai muito em breve poder ser consultada na biblioteca e arquivo do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa. A iniciativa, apoiada pela Fundação Jorge Álvares (FJA), bem como a assinatura dos protocolos, é apresentada hoje em Lisboa.
Retrato de Januário Correia de Almeida
Governador de Macau 1872-1874

Em declarações ao jornal Hoje Macau, Celeste Hagatong, presidente da FJA, revelou que "A fundação suportou os custos das obras de adaptação de uma das salas do CCCM para acolher o Fundo Documental dos Governadores de Macau, bem como o necessário equipamento para garantir as condições exigidas para a guarda de tão valiosos espólios, assim como os custos com o transporte e classificação da documentação que aí vai ser depositada."
Ao mesmo jornal Celeste Hagatong disse ainda que no próximo ano - no 25º aniversário da FJA - será criada a Galeria dos Governadores. O espaço também vai ficar instalado no edifício do CCCM e servirá para serem expostos os retratos de todos os antigos governadores portugueses de Macau. Estas obras estavam expostas no Palácio do Governo em Macau e foram enviadas para Lisboa em 1999 estando desde então guardadas nas instalações do CCCM.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

domingo, 17 de dezembro de 2023

Perfumaria Odora

Com uma localização de excelência - nº 19 do Largo do Senado (a Farmácia Popular ficava no nº 16) - há 100 anos, no dia 17 de Dezembro de 1923, era inaugurada a perfumaria Odora, "único estabelecimento do género" no território. O anúncio abaixo é de 16.12.1923.
Os artigos de toilette, nacionais e estrangeiros, "das marcas mais conhecidas" eram o grande atractivo da perfumaria que prometia "preços razoáveis" aos clientes que até então, tinha de ir a Hong Kong para adquirir tais produtos, embora também houvesse à venda em algumas farmácias locais.
Anúncio de 1927

sábado, 16 de dezembro de 2023

"Porcelanas e sêdas" de Fausto Sampaio

Conhecido como "o pintor do império português" Fausto Sampaio (1893-1956) teve uma forte ligação a Macau. Aqui no blogue já dei a conhecer alguns dos trabalhos que ele fez no território. 

Em 1942 numa palestra dedicada a Fausto Sampaio por ocasião de uma exposição na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lopo Vaz de Sampaio e Melo, professor e oficial de Marinha disse, a propósito das obras feitas em Macau que Fausto Sampaio "percorre a cidade em todas as direcções, devassa o bairro china, estuda as tonalidades e a difusão da luz, perscruta o mistério das lendas através da neblina que encinzeira o ar e o éter, elege os assuntos que mais tentam a paleta, afaga sedas sumptuosas, tange a porcelana de vasos milenários, escuta-lhe o som caro (...) embriaga-se com o delírio cromático das decorações urbanas, das tabuletas, das bandeiras, dos letreiros (...) observa os tipos humanos, examina-lhes os traços somáticos e étnicos (...) tudo isto numa verdadeira caçada de belezas exteriores e numa verdadeira pescaria psicológica de expressão da vida interior dos seres, e da alma das coisas."
Para este post, seleccionei uma obra menos conhecida: "Porcelanas e Sêdas (chinesas)", um óleo sobre tela de 1937 com grandes dimensões (100 x 81 cm).

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

"Oldest Permanent China Coast Settlement"

Artigo publicado na edição de 10 de Setembro de 1937 no jornal The Butler County press (Hamilton, Ohio), EUA. Pelo conteúdo parece um pouco inusitado. Julgo que a referência se deve ao facto de em 1937 a Pan Am passar a ter ligações aéreas regulares para Macau, suscitando algum interesse saber mais sobre aquele local tão longínquo.

"Macao, Oldest Permanent China Coast Settlement
Macao is the oldest of all permanent foreign settlements on the China coast. Macao, spelled locally Macau, notes a writer in the New York Times, consists of a peninsula in the delta of the Canton river, and the Islands of Colowan and Taipa. Its total area is  approximately eleven square miles. The peninsula, located forty miles by water from the British Crown colony of Hong kong, and eighty miles from Canton, is about two-and-a-half miles long and half as wide. The occupation by the Portuguese dates from 1557, but some 330 years elapsed before  China formally recognized Portugal's sovereign rights. Without unseemly levity, it may be said that this is not to be considered a long delay in the transaction of Chinese affairs. It is the claim of the Portuguese that they were the pioneers of European intercourse in  Chinese waters. India and what is now the Federated Malay States were their stepping stones to the farther East. As the Portuguese were the first to inaugurate European trade in China, so were they the first among foreigners to earn the hatred, fear and contempt of the Chinese. The methods they employed in settlement and trade brought about massacres and great loss of life on both sides, which for a time virtually ended foreign commerce in the South and directed it to settlements at Ningpo and elsewhere."

quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

Igreja e Convento de S. Francisco por Auguste Borget

Em cima uma pintura da Igreja e Convento de S. Francisco da autoria de Auguste Borget, pintor que viveu em Macau durante 10 meses em 1838. 
Do lado direito, na fortificação militar pode ver-se a bandeira da monarquia portuguesa. Entre as figuras humanas representadas mulheres encaminham-se para a escadaria de acesso à igreja e ao convento e um grupo de chineses bebe chá.
O testemunho que se segue é da mesma época - foi publicado em 1844 - e refere precisamente este local. O autor, estava hospedado no que designa como hotel, localizado, logo ali ao lado, junto ao extenso terreno plano que viria a ser o jardim de S. Francisco. (ver imagem abaixo)

"On first leaving the hotel which is situated towards the northern end of the Praya Grande we naturally look around before we determine which way we shall go. To the left, the eye glances past the line of buildings among which ranks our hotel over an open and level green to a noble flight of steps that give ascent to a handsome church situated at the foot of a ridge of hills, whose crest crowned with gardens the foliage of which conceal the city wall is cut off in a somewhat abrupt point well fortified by batteries and finally terminating in the low shelf of rocks already mentioned as forming a natural breakwater. To the right the eye ranges along the curve of beach and houses and is for a moment attracted by the small saluting battery but at last rests on a lofty hill from whose summit an extensive pile of monastic buildings overlooks the town and the islets that form the Typa harbour." 
Detalhe de uma pintura (autor anónimo) de meados do séc. 19

"Ao sairmos pela primeira vez do hotel, situado no extremo norte da Praia Grande, naturalmente olhamos em volta antes de decidirmos o caminho que iremos seguir. À esquerda, o olhar passa pela linha de edifícios entre os quais se situa o nosso hotel, sobre um espaço verde aberto e plano, até um nobre lance de escadas que dá acesso a uma bela igreja situada no sopé de uma cadeia de colinas, cuja crista é coroada por jardins, cuja folhagem oculta a muralha da cidade são cortados em ponto algo abrupto, bem fortificados por baterias e terminando finalmente na plataforma baixa de rochas já mencionada como formando um quebra-mar natural. À direita, o olhar percorre a curva da praia e das casas e é por um momento atraído pela pequena bateria de saudação, mas finalmente pousa numa colina elevada, de cujo cume um extenso amontoado de edifícios monásticos domina a cidade e as ilhotas que formam o Porto de Taipa."

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Histoire Generale Des Missions Catholiques Depuis Le Treizieme Siecle Jusqu'a Nos Jours

A ilustração acima - Baía da Praia Grande - surge no livro "Histoire Generale Des Missions Catholiques Depuis Le Treizieme Siecle Jusqu'a Nos Jours" (2 volumes) da autoria de Mathieu Richard Auguste Henrion (1805-1862) e publicado em Paris em 1846.

Um olhar mais atento permite identificar muitíssimas semelhanças com a ilustração abaixo datada de 1835. Trata-se de um desenho do inglês Thomas Allom a partir de um esboço feito pelo tenente Frederick D. White da Royal Marines. Estas e outras ilustrações de Macau e da China seriam publicadas na obra "China Illustrated" em 1842.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A zona do Chunambeiro em meados do século 19

Actualmente não existe o Largo do Chunambeiro mas na toponímia macaense ainda temos a Rua do Chunambeiro 燒灰爐街 e o Parque Infantil do Chunambeiro (junto à Calçada do Bom Parto). A zona correspondente ao antigo largo é a actual Praça de Lobo de Ávila (governador de Macau entre 1872 e 1874).
Neste detalhe de uma foto de Joh Thomson obtida ca. 1870 podemos ver essa zona. Na imagem destaca-se no topo a Ermida da Penha e em baixo, na colina com o mesmo nome, o Palacete de Santa Sancha e a muralha da Fortaleza do Bom Parto.
Detalhe de um mapa de 1889

Chunambeiro (chunambo ou chuname) significa cal de ostra e nome teve origem no facto de em século anteriores ali terem existido fornos para a queima da ostra originando o chunambo que depois era usado na construção de muros, muralhas, paredes, etc... As muralhas e algumas fortalezas de Macau foram assim construídas, juntando-se ao chunambo areia, argila, palha de arroz, pedra e terra.
Curiosidade:
O nome em chinês da zona é Siu Fui Lou Kai que significa Rua do Forno da Cal.
Essa zona era o limite da rua/Avenida da Praia Grande e só no início do século 20, depois de vários aterros, foi feita a ligação por estrada até à Barra e ao Porto Interior. O primeiro aterro  "em continuação do da Praia Grande para o Chunambeiro" data de 1868 conforme "annuncio" de 12 de Setembro desse ano (imagem acima).

Colecção Fotografias Antigas de Macau
Edição: Museu de Macau e Instituto Cultural de Macau, 2009
Foto de José Martins