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quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Fortim D. Maria II / 馬交石炮台

Actualmente quem visitar o forte de D. Maria II - um dos últimos a ser construído em Macau - pode ver no topo da porta principal a inscrição 1851, ano em que a construção foi finalizada embora a fortificação só tenha começado a funcionar em Fevereiro do ano seguinte. 
No "Almanach Luso Chinez de Macau para o anno de 1866" pode ler-se: "Esta fortaleza foi construída nos princípios de 1851. O encarregado da sua construção foi o major de engenheiros António de Azevedo e Cunha. Tem uma só peça de artilheria de rodisio de calibre 18. Um cabo e três soldados do batalhão de Macau constituem a sua guarnição, sendo o cabo o comandante da fortaleza."
Projecto do engenheiro major António de Azevedo Cunha a construção foi feita em alvenaria e argamassa, com parapeitos de tijolo e lintéis e ombreiras de granito.
Fotografia de 2023.
Na entrada pode ver-se a inscrição 1851, data da conclusão da construção.

Aquando da construção foi também feita uma estrada que ficou com o mesmo nome do forte. Mas em chinês a estrada denomina-se Ma Kau Seak Pau T’oi Ma Lou, ou seja, Estrada do Forte de Macau Seak.

 

Na obra "Fortificações de Macau - Concepção e História" Jorge Graça escreve:
"Este forte está localizado no cume da colina de D. Maria II, com uma altitude de 47 metros, a dominar a baía de Cacilhas e o Istmo da Península de Macau. Objectivo: apesar da sua posição estratégica ser inferior, foi construído para substituir o forte de Mong-Ha. Mais tarde a sua missão principal foi a de reforçar e fornecer fogo de cobertura ao forte de Mong-Ha e, assim, funcionava como posição auxiliar. Tinha também a função de cobrir a Baía de Cacilhas afim de proteger as suas margens. Por isso, a sua única arma era rotativa num arco de 360º. Apesar de tudo, este forte nunca deve ter sido muito eficiente."
Curiosidades:
Em 1886 o forte estava armado com uma peça Armstrong de 95mm.
A casamata do forte foi destruída no bombardeamento da aviação dos EUA em Janeiro de 1945 durante a segunda guerra mundial.

Nos números 3 e 4 do Boletim do Instituto Luís de Camões, de 1969, encontra-se uma das mais detalhadas descrições do Forte D. Maria II:
"O plano deste forte forma um hexágono irregular, com duas saliências consecutivas, a de sudoeste e a de nordeste, formando ângulos rectos com as respectivas muralhas. A muralha de sudoeste é protegida por um pequeno fosso de 3,5 m. de profundidade, hoje parcialmente aterrado por pequenos desmoronamentos provocados pelo clima e pela vegetação. 
A porta da entrada do Forte era uma verdadeira ponte levadiça, em estilo medieval. À entrada segue-se uma galeria abobadada, com dois pequenos nichos no lado esquerdo, cada qual com uma seteira. No lado direito há outro nicho com três seteiras. Seguindo esta galeria, abre-se, do lado esquerdo, um corredor que vai dar a uma pequena casamata, hoje em ruínas, com três seteiras na parede. No extremo deste corredor há outro nicho com uma seteira. Do lado direito do corredor, no centro, existe um pequeno paiol de pólvora e, mais além, uma abertura que dá para uma cisterna de água. Destas seteiras a guarnição podia cobrir com as suas armas os terrenos circundantes. Chega-se à esplanada por uma pequena rampa com largos degraus. 
Na parte norte do Forte existe uma plataforma circular de pedra e betão reforçado, de 1.20m. de diâmetro, com uma seteira no centro, que servia para abrigar a guarda ali postada. No lado esquerdo, vê-se hoje uma marca trigonométrica. No lado ocidental, há uma entrada para uma plataforma de betão armado. Tinha o bloco de madeira com um centro aparafusado à base da pedra.
Este bloco de madeira tinha um elo móvel, em que assentava a armação do canhão e girava alcançando desta forma um raio de fogo de 360°. Hoje, em seu lugar, assenta uma torre de ferro pertencente à Estação da Rádio. Esta plataforma tinha uma abertura que dava acesso a um corredor que dava para um espaço acima da galeria abobadada à entrada da porta, onde ainda existem dois pilares de pedra, cada qual com uma seteira semicircular de cerca de 15 cm. de diâmetro, servindo de apoio a uma bobina horizontal que manobrava o girar dos cabos da ponte levadiça".
Nota: Esta última característica ainda pode ser 'vista' na foto de 2023

Boletim do governo da Província de Macao, Timor e Solor

"Quartel do Governo da Província em Macao, 19 de Fevereiro de 1852. Ordem à Força Armada.
Achando-se concluído o fortim novo, sobranceiro à Praia de Cacilhas, ordena S. Exa. o Governador que aquella Fortificação tomeo nome de D. MariaII - e que se seja imediatamente guarnecida pelo destacamento de Mong-ha. Outro sim ordena o mesmo Exmo. Sr. que o Forte de Mong-ha, que se acha em ruínas, seja inteiramente desmantelado*, como inútil pelo seu estado actual, e desnecessário em presença do novo fortim. (...)

* apesar desta "ordem" o Forte de Mong-ha seria reconstruído em 1864 por ordem do Governador Coelho do Amaral e reactivado em 1866.
O forte D. Maria II no topo da colina; o edifício abaixo (branco) era um lazareto (hospital para os leprosos). Em 1º plano a Estrada D. Maria II. Fotografia final do séc. 19.

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