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domingo, 30 de junho de 2024

200 anos da "Memória sobre a destruição dos piratas da China"

Há 200 anos era impresso na "Impressão Régia" em Lisboa este "Memória sobre a destruição dos Piratas da China, de que era chefe o célebre Cam Pau Sai e o desembarque dos ingleses na cidade de Macao e sua retirada".
Escrito por Jose Ignacio Andrade (1780-1863) aborda factos ocorridos no início do século 19. São 83 páginas de fácil leitura. Entre as curiosidades destaco uma das notas do autor em que rebate partes do relato de La Pérousse sobre Macau no âmbito de uma viagem efectuada entre 1785 e 1788.

Na "Advertência" pode ler-se: "Já em 1816 uma gazeta Ingleza me incitou a escrever algumas palavras na Mnemo sine Lusitana à cerca dos feitos Macaences desde 1805 até 1810 para mostrar quanto o gazeteiro Inglez estava enganado a respeito da destruição dos piratas da China e ao mesmo tempo instruir os Portuguezes dos prodigios que nossos irmãos tinhão feito na quelle imperio. Agora vierão as gazetas de Macáo despertar-me a expor melhor os brilhantes feitos daquella epoca practicados não só contra os piratas mas ainda a beneficio dos Inglezes. Os habitantes de Macáo que bem podem ser denominados o timbre da glo ria nacional continuarão mais satisfeitos em sua firmeza e lealdade vendo suas acções publicadas na Europa."

Biografia do autor pelo Centro de Documentação de Autores Portugueses

Memorialista. Capitão de longo curso, desde cedo se dedicou a negociar mercadorias que transportava em barcos que ele próprio armava e comandava. Nessa qualidade, iniciou em princípios do século XIX uma série de viagens à Índia e à China de que os seus escritos são reflexo e demonstram, por um lado, a sua capacidade de observação e de relacionamento (foi admitido nos meios mais altos e mais cerrados aos europeus do Império Chinês) e, por outro, a sua enorme cultura geral na qual se encastravam algumas indeléveis marcas: uma antipatia indisfarçável pelos ingleses, uma não menos confessada simpatia por Napoleão e a aberta adesão às doutrinas dos Enciclopedistas. Nesta linha, editou em 1835 um poema de Helvecius, A Ventura, traduzida pelo seu grande amigo, musicólogo e filólogo, Rodrigo Ferreira da Costa (1776-1825), a que acrescentou, da sua autoria, a biografia do tradutor.
Foi vereador da Câmara Municipal de Lisboa e exerceu a presidência daquela autarquia no biénio 1838-1839. Pertenceu à direcção do Banco de Lisboa e depois à do Banco de Portugal.
O seu primeiro escrito impresso foi publicado em 1817, não assinado, na liberal Mnemosine Lusitana e trata do tema do seu primeiro livro: Memória sobre a destruição dos piratas da China e o desembarque dos ingleses na cidade de Macau e sua retirada, 1824. Este livro, refeito e aumentado pelo autor, voltou a ser impresso em 1835 sob o título de Memória dos feitos macaenses contra os piratas da China e da entrada violenta dos ingleses na cidade de Macau.
Mas a sua obra mais importante trata das suas viagens de longo curso ao Oriente, a última das quais teve lugar em 1835-1837, e da observação que fez dos povos e das personalidades com quem contactou, da sua opinião sobre as políticas europeias em relação ao Oriente, da forma de governo dos povos orientais, dos costumes e da história desses povos, das paisagens que viu e dos trabalhos que passou, e intitula-se Cartas escritas da Índia e da China, nos anos de 1815 a 1835, a sua mulher D. Maria Gertrudes de Andrade. São dois volumes, ilustrados por Domingos António Sequeira, outro dos seus grandes amigos, que tiveram duas edições: uma fora do mercado, em 1843, e outra em 1847.

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