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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Macau nos "Traços do Extremo Oriente": 1895


Esta obra marca a estreia de Wenceslau de Moraes na escrita. Foi elaborado em Macau (onde ele chegou em 1888 e viveu até 1897) e publicado em Lisboa em 1895 por A. M. Pereira. As primeiras imagens deste post são dessa edição que teve prefácio da autoria de Vicente Almeida d"Eça.
Feito em jeito de narrativa de viagem, "Traços do Extremo Oriente" descreve rotas, lugares e paisagens. Inclui uma carta dirigida à sua irmã e vários contos escritos e recolhidos pelo autor desde 1885, além de um post scriptum e de um conto sobre a Batávia (actual Jacarta), a capital holandesa da ilha de Java. O livro está divido em três partes: “Recordações do Sião”, “Lembranças da China” e “Saudades do Japão”.
“Pequenino”, “dia belo, montanhas doiradas pelo Sol”, “boa gente chinesa”, “existência fácil, clima salubre”, “viver modesto... ingénuo e bom”, são algumas das considerações sobre Macau.


"Traços do Extremo Oriente – Sião, China e Japão"

Venceslau José de Sousa de Morais (Lisboa, 30 de Maio de 1854 - Tokushima, 1 de Julho de 1929). Oficial da Marinha, completou o curso Escola Naval em 1875, tendo prestado serviço em Moçambique, Macau, Timor e Japão.
Segunda edição: 1946
Após ter frequentado a Escola Naval, serviu a bordo de diversos navios da Marinha de Guerra Portuguesa. Em 1887 viaja pela primeira vez até Macau, onde se estabelece. Foi imediato da capitania do Porto de Macau e professor do Liceu de Macau desde a sua fundação em 1894. Durante a sua estadia em Macau casou com Vong-Io-Chan (Atchan), mulher chinesa, de quem teve dois filhos, e estabeleceu laços de amizade com Camilo Pessanha.
Em 1889 viaja até ao Japão, país que o encanta, e onde regressará várias vezes nos anos que se seguem no exercício das suas funções. Em 1897 visita o Japão, na companhia do Governador de Macau, José Maria de Sousa Horta e Costa, sendo recebido pelo Imperador Meiji. No ano seguinte abandona Atchan e os seus dois filhos, e muda-se definitivamente para o Japão, como cônsul em Kobe.
Aí a sua vida é marcada pela sua actividade literária e jornalística, pelas suas relações amorosas com duas japonesas (Ó-Yoné Fukumoto e Ko-Haru).
Durante os trinta anos que se seguiram, Venceslau de Morais tornou-se a grande fonte de informação portuguesa sobre o Oriente, partilhando as suas experiências íntimas do quotidiano japonês com os leitores portugueses.
Amargurado com a morte, por doença, de Ó-Yoné, renunciou ao cargo consular em 1913 quando já era graduado em Tenente-coronel/Capitão de fragata. Muda-se para Tokushima, terra natal daquela e passa a viver com Ko-Haru, sobrinha de Ó-Yoné, que viria também a morrer por doença. Venceslau de Morais viria a falecer em Tokushima em 1 de Julho de 1929.
Fotografado em Macau em 1893
Venceslau de Morais foi autor de vários livros sobre assuntos ligados ao Oriente, em especial o Japão. Também se encontra colaboração literária da sua autoria no semanário Branco e Negro (1896-1898) e nas revistas Brasil-Portugal (1899-1914), Serões (1901-1911) e Tiro e Sport (1904-1913).

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