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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Rough Notes of Journeys: 1ª parte

"Rough notes of journeys made in the years 1868, '69, '70, '71, '72, & '73, in Syria, down the Tigris, India, Kashmir, Ceylon, Japan, Mongolia, Siberia, the United States, the Sandwich Islands, and Australasia"
Publicado em Londres em 1875 este livro compila relatos de viagens feitas entre os anos de 1868 e 1873. No caso que seleccionei para este post a viagem começou em Londres em 1868 e a passagem por Macau deu-se já no início da década de 1870. 
O relato sobre o território - onde o autor já tinha estado em 1844 - é bastante minucioso,  nomeadamente sobre o tráfico de cules, o jogo, a baía da Praia Grande e a Gruta de Camões. 
Nota: As imagens deste post não fazem parte do livro. Inclui também uma tradução/adaptação dos excertos de texto em inglês.
Pintura do século 19. Porto Interior. Autor desconhecido

A day in Macao 
Yesterday I got into a steamer at Hong Kong at 2 pm and at 5.30 pm I found myself in the Royal Hotel* on the Praya Grande at Macao. I soon made the acquaintance of M de Graca my landlord a little Jame Macao Portuguese quite as pompous as he could have been had he spent half his life about the court at Lisbon. Five minutes conversation with him and you would have believed his hotel to be a most flourishing establishment but alas when I sat down at the table d hôteI found that mine host and myself had the whole table to ourselves. (...) 
After breakfast this morning I took with me a young Chinese who spoke English remarkably well and was otherwise intelligent and sallied out to see the wonders of Macao. Our first visit was to the Government barracoon a large rambling building into which coolies for exportation lodged on being brought from the interior by men called brokers. The Portuguese officials behaved very courteously and readily accompanied me all over the building explaining as we proceeded the measures adopted by the Government to secure to the coolies a right to go or to remain and to secure the proper fittings for their comfort on board ship regulating the numbers to be carried and seeing that a proper quantity of good provisions was provided for them this last consisting of rice fish and pork. (...)
From the barracoon I visited a church and a theatre both them poor places about upon a par in appearance and probably in their acting also. The college was the next place to which I directed my steps a large old rambling building in which I was told there were a couple of hundred students In garden attached to it are two of the finest pagoda trees I have ever met with one of them I judged to be fifteen feet in diameter. From this college I went to see the tomb Camoens. It is a plain stone pillar six feet high with a bronze bust of the poet placed on the top. It stands in a garden situated in the middle of the city a very old garden containing a great variety of pine trees. A sonnet in Portuguese is engraved on a tablet by the side of the tomb with a translation by Sir J. Bowring who was a great admirer of the poems of Camoens I next paid a visit to a small josshouse. At the very entrance one on each side were two fortune tellers (...)
I now proceeded to a gambling house where I saw some dozen or two anxious faces staking their chance of winning money against great odds for were it otherwise the men who hold the exclusive right to open gambling houses in Macao could never afford to pay the Government 170,000 dollars a year for it. Until a few years ago the gambling license of Macao yielded to the home Government only 10,000 dollars a year; it was then given to a Portuguese who sublet it to a Chinaman. The Portuguese has been thrust aside and the license is given to a Chinaman who pays for it 170,000 dollars a year. In all I am told there are seventeen of these gambling houses in Macao. (...)


Um dia em Macau
Ontem entrei num vapor em Hong Kong às 14h00 e às 17h30 estava no Hotel Royal na Praia Grande em Macau. Logo conheci o Sr. Graça, meu senhorio, um pequeno português de Macau tão pomposo como poderia ter sido se tivesse passado metade da sua vida na corte de Lisboa. Cinco minutos de conversa com ele e você teria acreditado que seu hotel era um estabelecimento muito próspero, mas, infelizmente, quando me sentei à mesa, descobri que meu anfitrião e eu tínhamos a mesa inteira para nós. (...)
Depois do café da manhã levei comigo um jovem chinês que falava inglês muito bem e era inteligente para ver as maravilhas de Macau. A nossa primeira visita foi ao barracão do Governo, um grande prédio desordenado no qual cules para exportação se alojavam ao serem trazidos do interior por homens chamados corretores. Os oficiais portugueses portaram-se com muita cortesia e prontamente acompanharam-me por todo o edifício, explicando como se procedeu às medidas adoptadas pelo Governo para assegurar aos cules o direito de ir ou permanecer e de assegurar o conforto adequado a bordo dos navios, regulando de forma a que uma quantidade adequada de provisões lhes fosse fornecida, consistindo de arroz, peixe e carne de porco. (...)
Do barracão, fui visitar uma igreja e um teatro, ambos lugares pobres em pé de igualdade na aparência e provavelmente também na atuação. O colégio foi o próximo lugar para onde eu me dirigi. Um grande edifício antigo e irregular no qual me disseram que havia algumas centenas de alunos. No jardim anexo estão duas das melhores árvores de pagode que já encontrei com uma delas, a ter, julgo, quinze pés de diâmetro. Deste colégio fui ver o túmulo  (gruta) de Camões. É um pilar de pedra simples de seis pés de altura com um busto de bronze do poeta colocado ao centro. Fica num jardim situado no meio da cidade. Um jardim muito antigo com uma grande variedade de pinheiros. Um soneto em português está gravado numa lápide, uma tradução de Sir J Bowring, grande admirador dos poemas de Camões. 
Em seguida, visitei um pequeno templo. Bem na entrada, um de cada lado, estavam dois adivinhos (...)
Dirigi-me depois a uma casa de jogo onde vi uma ou duas dezenas de rostos ansiosos a apostarem a sua oportunidade de ganhar dinheiro com poucas probabilidades, pois, caso contrário, os homens que detêm o direito exclusivo de abrir casas de jogo em Macau nunca poderiam pagar ao Governo 170.000 dólares por ano para isso. Até há alguns anos, a licença de jogo de Macau rendia ao Governo de origem apenas 10.000 dólares por ano; foi então dado a um português que o trespassou a um chinês. O português foi afastado e a licença é dada a um chinês que paga 170 mil dólares por ano. Ao todo, dizem-me que existem dezassete destas casas de jogo em Macau.  (...)
* em breve publicarei um post sobre este hotel                                                          continua...   

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