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sábado, 21 de agosto de 2021

Emissões do BNU 1981 e 1984: Notas de Substituição e Notas com erro (2ª parte)

Reemissão das notas de 50 patacas

No início de 1987, constatou-se que a quantidade de notas de 50 patacas em posse do banco era de apenas cerca de 100.000 notas e diminuía rapidamente, prevendo-se que a esse ritmo poderia haver rotura na altura do Ano Novo Chinês de 1988.
Foi portanto iniciado um processo de pedido de um reforço da emissão. Verificou-se então que o Decreto nº 39/84/M de 12 de Maio de 1984, que tinha autorizado um aumento dos limites de circulação comtemplava unicamente as notas de 10,100 e 500 patacas, tornando-se necessário para efectuar o reforço pedido, promover nova alteração legislativa o que exigia um período de tempo incompatível com o desejado.
Acontece que entretanto, em 13-04-1987 tinha sido assinada a chamada Declaração Conjunta Sino - Portuguesa sobre a questão de Macau que definia os termos da transferência da sua soberania para a China em 20-12-1999 e que no seu artigo XI do Anexo I previa:
As moedas e notas de Macau portadoras de sinais inadequados ao estatuto de Macau como Região Administrativa Especial da República Popular da China serão progressivamente substituídas e retiradas da circulação.
Ponto XI do anexo I da Declaração Conjunta sobre a questão de Macau de 13 de Abril de 1987
Era possível o entendimento que estas disposições deveriam ser aplicadas a emissões de notas com data posterior à da  Declaração. Este reforço da nota de 50 patacas estava a ser tratado conjuntamente com a criação da nova nota de 1000 patacas que seria datada de 08-08-1988 e donde os símbolos portugueses já foram retirados em virtude dessas disposições.
No entanto foi encontrada outra solução. Como o limite de circulação autorizado em 1981 era de 1 milhão de notas, em vez de um pedido de reforço de emissão, foi pedido ao IEM, sem necessidade da autorização legislativa, a reimpressão do outro milhão de notas, condicionando-se a sua entrada em circulação de modo a que o total a circular nunca ultrapassasse o autorizado, tal como se tratasse de notas de substituição.
Foi mantida a data de 1981 e foram utilizadas as assinaturas da então Presidente do Conselho de Gestão, Maria Manuela Morgado Batista (1987-1988) e de Abel Repolho Correia (1982- 1988) e a do Director Geral Eduardo Rocha.
Séries e assinaturas usadas no reforço de emissão das notas de 50 patacas em 1987

A dimensão e a numeração das séries seguiram a norma estabelecida para as anteriores, sendo as KQ a KW assinadas pela Presidente e as KX a LD pelo Gestor, presumo, sem confirmação, cada assinatura correspondendo a 500.000 notas, sendo portanto muito mais vulgares que as primeiras.
Como acima referido, estas notas foram sendo postas emcirculação à medida que as anteriores voltavam à caixa do banco e eram retiradas.
Este facto, mais evidencia a raridade das primeiras notas, embora até agora o mercado não tenha muito em conta a valorização mais correcta a cada uma das emissões.
Como em 1986 a Bradbury Wilkinson foi comprada pela sua concorrente De La Rue, foi esta a responsável por este contrato, tendo a impressão sido efectuada na sua fábrica de Hong Kong. Nestas notas a impressão fluorescentes é perfeitamente visível. 

Os reforços de 1984

Como seria de esperar, uns anos passados após a entrada em circulação das notas datadas de 1981 foi necessário pensar nos inevitáveis reforços. Nesse sentido foi publicado o atrás citado Decreto 39/84/M de 12 de Maio que aumentou os limites de circulação das notas de 
10,100 e 500 patacas.
Os novos limites de circulação estipulados pelo citado decreto nada têm a ver com os totais de notas emitidos, tendo sido fonte de más informações em alguns catálogos. Embora tenham sido impressas mais notas do que o total do limite de circulação, era responsabilidade do banco que, considerando as notas retiradas de circulação, esse limite nunca fosse ultrapassado.

Resumidamente:
Para as notas de 10 patacas o total foi elevado de 11 para 20 milhões de notas, ou seja mais 9 milhões, mas foram emitidas 15 milhões de notas datadas de 1984.
Para as notas de 100 patacas o total foi elevado de 3,5 para 4,5 milhões de notas, ou seja mais 1 milhão, mas foram emitidas 6,3 milhões de notas datadas de 1984.
Para as notas de 500 patacas o total foi elevado de 0,7 para 1,1 milhões de notas, ou seja mais 0,4 milhões, mas foram emitidas 0,5 milhões de notas datadas de 1984.

Notas de 10 patacas
Foram impressas 200 séries de 75.000 notas numeradas de JN 00.001 a SQ 75.000, sendo as primeiras 100 séries impressas na INCM em Lisboa e as restantes impressas pela BW na sua fábrica da Nova Zelândia. Estas notas entraram em circulação logo no início de 1985.

Notas de 100 patacas
A nota de 100 patacas teve em 1986 uma primeira impressão de 2,8 milhões de notas, distribuídas pelas séries MZ a PN, impressas na INCM e posteriormente em 1989 um reforço de 3,5 milhões, séries PP a RM impresso na TDLR Hong Kong.

Como em Julho de 1988 o BNU sofreu uma alteração estatutária, deixando de ser uma Empresa Pública e passando a Sociedade Anónima, embora com todo o capital pertencendo ao Estado, este facto foi reflectido na emissão com a alteração da designação "Conselho de Gestão" para "Conselho de Administração", o que se impõe seja referido na sua catalogação.
São os membros do novo Conselho de Administração que assinam as notas, mas de novo com o Director Geral Abílio Dengucho entretanto regressado a essas funções.
Por uma questão de segurança foi introduzida uma distribuição aleatória das assinaturas pelas séries, ao contrário do que se verificava anteriormente.
Séries e assinaturas do reforço de emissão das 100 patacas de 1984

Notas de 500 patacas

Ao contrário do que é referido em alguns catálogos, foram só impressas 500.000 notas das séries NL a NS e assinadas apenas pelo Presidente e Vice-Presidente, tal como ocorreu em 1981. Impressão efectuada na INCM e enviada para Macau em 1985, juntamente com as 140.000 notas de substituição de 500 patacas datadas de 1981.
A tentativa de encontrar uma explicação para o facto de notas da mesma série terem assinaturas diferentes resultou na identificação de um erro no fabrico das notas, evento sempre apreciado por coleccionadores e levou ao conhecimento da existência de notas de substituição, facto que era desconhecido.
Agradecimento: ao Parcídio Matos, autor deste artigo e que amavelmente o disponibilizou ao blogue Macau Antigo.

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