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segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Macau na viagem de circum-navegação do S. Gabriel

Em Agosto de 1910 o cruzador "S. Gabriel" passou por Macau na viagem de circum-navegação sob o comando do Capitão António Aluízio Jervis de Atouguia Ferreira Pinto Basto. O vaso de guerra da Marinha portuguesa partiu de Lisboa em Dezembro de 1909 rumo ao Brasil. Dali seguiu para o Pacífico, visitando o Hawai, o Japão, Xangai, Hong Kong, Macau, as Filipinas e Timor, antes de regressar a Lisboa em Abril de 1911 (ver capa de publicação da época em baixo). 

Curiosidade: no Japão registou-se um encontro com Venceslau de Morais.
Durante essa viagem o oficial (aspirante de 1ª classe) Arthur Caetano Dias (tem o carimbo com o nome) enviou este postal com uma imagem panorâmica do Porto Interior de Macau (Inner Harbour) a D. Emília Narciso Costa (namorada) em Lisboa.
O postal tem impresso “Inner harbor, Macao. Sold by Graça & Co., Hongkong, China” e manuscrito “Hong-Kong 18-8-910, Adeus Arthur”.
Edição de 30 Abril 1911 da "Occidente"
Excerto do diário do comandante Pinto Basto sobre a passagem por Macau:
"Com muito bem tempo largámos de Hong Kong para Macau pelas 8 h da manhã do dia 2 de setembro. Ao passar pelos navios de guerra estrangeiros, tocaram as suas bandas o hymno portuguez, e foi-nos feito o signal de boa viagem. Seguimos para Macau com a velocidade de 13 milhas por hora, fundeando na rada pelas 10h45m. O governador organizou em nossa honra um passeio a Colovane, no qual tomaram parte as principaes auctoridades e famílias de Macau, talvez mais de duzentas pessoas, que para ali seguiram na lancha Macau e em três outras lanchas a vapor. A nossa visita a Colovane foi interessante, por se verem ali ainda em ruinas muitas casas contra as quaes a lancha Macau teve de fazer fogo no seu ataque aos piratas. Por essa ocasião prestou aquella lancha relevantes serviços. Démos um passeio pelas ruas da povoação e realisaram-se um lunch e uma regata de embarcações chinas.
Tivemos noticias de dois tufões que das Filipinas se dirigiam para a costa da China, o que nos obrigou a demorar a nossa partida para ali. No mez de setembro os tufões são muito frequentes e pouco dias se passa sem que os observatórios anunciem aquelles temporaes. Já foi difícil o regresso a bordo e o dia 26 amanheceu com chuva, vento, e mau aspecto, motivo pelo qual resolvemos deixar a rada para procurar melhor fundeadouro, logo que possível fosse.
Vieram para bordo n´uma lancha quatorze presos, entre eles os piratas de Colovane, que a requisição do governador da província devíamos conduzir a Timor e Moçambique. O transbordo da lorcha para o navio fez-se com dificuldade n´uma das nossas embarcações e foi impossível receber-se os volumes pesados. Ás 3h 30m suspendemos e fomos procurar o abrigo na bahia de Castle Peak, ao norte da ilha de Lantao, o melhor fundeadouro próximo, onde ancorámos pelas 6h da tarde em 5 braças de fundo com 45 m de amarra. Na tarde do dia 27 seguimos para Hong Kong, onde amarrámos às 5 horas a uma boia das docas de Kowloon, depois de ter salvado ao almirante americano. (...)

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