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sábado, 4 de maio de 2019

Dois testemunhos sobre os primeiros anos do século XIX

Em 1828 José de Aquino Guimarães e Freitas escreve assim sobre Macau
“As suas ruas são estreitas, porém calçadas, e os canos que abrigam rapidamente engolem a água das chuvas. A cidade é murada a norte e a sul. Daqui partem duas portas que comunicam com o campo. Entre as portas eleva-se o Forte de S. Paulo do Monte, a norte; a sul, existem dois fortes, entre eles o da Penha; três fortes defendem a baía, em cuja entrada aparece o de S. Tiago; num alcantilado aparece o da Nossa Senhora da Guia. Um extenso cais chamado Praia Grande oferece uma murada deliciosa; a parte ocidental goza a vista do porto e a de uma ilha dada outrora aos jesuítas (…)”.
Rua de S. Lourenço por G. Chinnery
Excerto de uma carta do procurador dacidade de Macau, Pedro Feliciano de Oliveira Figueiredo, escrita em 15 de Maio de 1829, e dirigida ao mandarim da Casa Branca:
“A cidade tem menos população e as casas em menor número. Tendo permitido os imperadores habitarem nela os portugueses, desde as Portas do Cerco até à Barra, os portugueses apenas habitam uma pequena parte, tendo livre as praias para desembarcarem e concentrarem os seus navios e alguns baldios para as suas hortas, mas de há vinte anos para cá a população chinesa, que era de 800 almas, cresceu para 40 000; das hortas e nos campos alugados aos chineses fizeram as suas várzeas, os baldios tomaram-nos os chinas para as suas boticas e até muitas casas de portugueses tomaram os chinas de aluguer e ficarem com elas sem pagarem os alugueres (tais são as de S. Agostinho, R. de S. Paulo, Gregório Abreu e Praia Pequena), que os chineses tomaram todas, edificando muitas barracas até no lugar em que era rua. Assim vão continuando pela Barra e pelo Patane, onde antigamente havia casas de portugueses, e estes reduzidos à Praia Grande e às casas do centro da cidade, reedificando-se quando estão velhas, não tomam terrenos, nem as suas igrejas. O bazar, que era fora da cidade, acha-se agora dentro dela e também a multidão de casas chinesas, não se podendo distinguir as dos homens bons das dos maus (...)”.

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