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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Exposição de Cerâmicas de Shiwan da Colecção do MAM

O Museu de Arte de Macau (MAM)possui uma colecção de figuras de grande escala de cerâmica de Shiwan, produzidas nos anos 20 do século passado. A colecção pertenceu a Manuel da Silva Mendes (1867-1931), um advogado português que se estabeleceu em Macau em 1901 e desenvolveu um grande interesse pela cerâmica de Shiwan, na província de Guangdong. Parte dessa colecção pode ser apreciada até 12 de Agosto no MAM.
De acordo com a informação do MAM - que não obstante já ter sido informado por mim pessoalmente que MSM nasceu em 1867 e não em 1876, persiste no erro - "No início do século XX, Silva Mendes visitou amiúde Shiwan para estudar a cerâmica local e tornou-se o primeiro coleccionador do mundo a conhecer e a pesquisar esta forma de arte. Silva Mendes também foi um coleccionador sistemático de peças Ming e Qing, bem como da cerâmica contemporânea de Shiwan, tendo reunido a primeira colecção do mundo desta cerâmica.
Lu Yu (733-804), autor do Livro do Chá, também conhecido como “Deus do Chá”. Estudo para uma escultura de Lu Yu. Autor: Pan Yushu - Início do século XX - Altura: 11 cm
Na década de 1920, além de adquirir peças de Shiwan, Silva Mendes encomendou figuras em grande escala aos mestres Pan Yushu e a Chen Weiyan, os artesãos de cerâmica mais famosos naquela época em Shiwan. O advogado convidou Pan Yushu para vir a Macau, mostrou-lhe algumas estatuetas que possuía, produzidas segundo os cânones europeus, encomendando-lhe que fizesse uma série sobre o tema dos deuses e heróis chineses. Pan esmerou-se na manufactura de uma série de miniaturas que fossem ao encontro do gosto do seu cliente. Aprovadas por Silva Mendes, as pequenas estatuetas foram depois replicadas numa grande escala numa numa fábrica de cerâmica em Guangzhou, com a colaboração do mestre Chen Weiyan. Estas peças em miniatura são um bom exemplo da renovação e prova da integração do artesanato tradicional chinês e as formas de expressão artística do ocidente no início do sec. XX."
Peixes-dragão de cumeeira de telhado da região de Lingnan. O desenho provém do ditado popular “A carpa salta as Portas do Dragão” e significa um grande êxito, a passagem num exame ou obtenção de uma promoção.
Autor: anónimo - Final Dinastia Qing (1851-1911) - Altura: 93 cm
As cumeeiras têm uma longa história na China. Na cidade de Shaoxing foi descoberta uma escultura em forma de casa retratando músicos dos primeiros Estados Guerreiros (403-221 a.C.), cujo telhado tinha motivos de pombas de cauda comprida. Decorações de pássaros eram também frequentes nas cumeeiras de cerâmica das casas em ambas as dinastias Han. Sob ordens da Corte Imperial, Li Jie (dinastia Song do Norte), escreveu a obra Ying Zao Fa Shi (“Métodos de Construção”). Durante o reinado do Imperador Yongzheng (dinastia Qing), o Ministério das Obras Públicas editou a obra Gong Zuo Fa Ze Li (“Regulamentos da Construção de Edifícios”), o segundo código de arquitectura chinês que registou regulamentos de diferentes arquitecturas oficiais de acordo com a categoria ou patente e continha também normas detalhadas da categoria, quantidade e tamanho das decorações das cumeeiras dos telhados.

Laozi / Lao Tzu (600 A.C. - circa 470 A.C.), fundadordo Taoísmo. Autor: Pan Yushu - Início do século XX - Altura: 48 cm

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