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sexta-feira, 18 de julho de 2014

Luís Demée: 1929-2014


Pintor e professor universitário, Luís Luciano Demée nasceu em Macau a 8 de Novembro de 1929 sendo um dos pintores de referência do século XX. Morreu em Portugal no dia 15 de Julho último. Na adolescência foi discípulo do seu mestre e amigo George Smirnoff (1903-1947), arquitecto e pintor de origem russa. "Todavia, a partir de uma abordagem simples e realista da pintura, Demée evoluiu gradualmente até ao desenvolvimento do seu próprio estilo, como revelam as suas composições pictóricas inovadoras e pessoais."
Em 1951 realizou a sua primeira exposição individual, que recebeu boas críticas, e participou em exposições do Hong Kong Art Club, em Macau. No ano imediato obteve uma bolsa da Caixa Escolar de Macau, o que lhe permitiu matricular-se no curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Em 1953, pediu transferência para a Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde prosseguiu os estudos. 
Durante os anos 50 participou na XX Missão Estética de Férias da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1957), dirigida por Abel Viana e integrou a selecção de pintura enviada à I Bienal de Paris (1959), onde recebeu uma bolsa de estudo da Federação dos Críticos de Arte de Paris. Quando concluiu o Curso Superior de Pintura mudou-se para Paris, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1960 apresentou a sua tese na Escola Superior de Belas Artes do Porto, tendo obtido a classificação de 20 valores, com distinção e louvor. No ano seguinte, foi convidado a leccionar nesta escola. 

Numa primeira fase, desenhou edifícios e ruas mas a partir de certa altura a sua pintura foi-se tornando abstracta. Pintou murais, frescos, pinturas em vidro, tapetes e obras em acrílico para o Palácio de Justiça do Sabugal, bem como para vários hotéis e prédios públicos. António Conceição Júnior, que conheceu L. Demée diz que ele "é um dos mais importantes pintores portugueses da sua geração, que escolheu a via do recolhimento e da discrição para se exprimir, fugindo às ribaltas fáceis que sempre foram excessivas para o seu temperamento."
Ao longo dos 85 anos de vida participou em diversas exposições, quer em Portugal (Porto, Lisboa, Amarante, Viana do Castelo, Matosinhos e Vila Nova de Cerveira), quer no estrangeiro (França, Espanha, Alemanha, Luxemburgo e Brasil), quer em Macau. Na terra onde nasceu expôs, por exemplo em 1985 (mostra retrospectiva no Museu Luís de Camões), em 1991 e entre os finais de 2006 e meados de 2007 no Museu de Arte de Macau, com 73 aguarelas e 16 esboços criados entre 1945 e 1958. António Conceição Júnior, comissão da exposição escreveu: "Feitas por um adolescente, as 91 obras expostas evidenciam à saciedade o enorme talento que transpirava do jovem Luís Demée".
Luís Demée está representado no Centro de Arte Contemporânea, Museu Nacional de Soares dos Reis e Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, no Porto; no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa; Museu de Ovar; Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante; Museu Luís de Camões, em Macau; e em colecções particulares espalhadas por Portugal, Brasil, EUA, Inglaterra e Alemanha.
Recebeu a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura e a Medalha de Macau apresentados pelo Leal Senado. Em 1999, foi agraciado com a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau.
Com a sua morte desaparece o homem que "retratou algumas das mais notáveis cenas do antigo porto de pesca  nas suas
aguarelas e desenhos." Em declarações à Rádio Macau, A. C. J.: "Sempre o conheci e reconheci como sendo o maior pintor macaense de sempre. E duvido que haja alguém que possa ombrear com ele e com a sua obra. [...] Sinto que Macau perdeu o seu mais representativo artista em qualquer das etnias".

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