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quinta-feira, 14 de novembro de 2013

G.P. Macau: uma tradição no Oriente (1ª parte)

Do tanto que já coloquei aqui no blog sobre o Grande Prémio escolhi para este post uma edição trilingue de 1982 do Leal Senado intitulada “Grande Prémio de Macau: uma tradição no Oriente”São dois jornalistas do Diário de Notícias que assinam a autoria do livro: Eduardo Tomé (fotos) e Silva Pires (textos). 
O livro vale ainda pelas fotografias antigas cedidas por Fernando Macedo Pinto, um dos fundadores da prova em 1954. Seguem-se alguns excertos.
"Quando, numa tarde de 1954, durante uma conversa de café, quatro homens meteram ombros à tarefa de realizar uma prova de automóveis em Macau, estavam longe de supor que a ‘brincadeira’ que pretendiam levar a efeito pudesse algum dia ganhar a dimensão que hoje têm as provas no Circuito da Guia. De facto, foi de uma brincadeira que nasceu o Grande Prémio de Macau." Macedo Pinto, Carlos Silva, Paulo Antas, capitão Cruz – são os nomes da primeira hora. Encontravam-se os quatro frequentemente, e um dia... ‘Estávamos em 1954’ – conta Macedo Pinto – ‘e não havia em Macau mais do que 300 ou 400 automóveis. Uma tarde, em conversa no café, lembrámo-nos de organizar uma gincana, mas uma gincana com foros de coisa invulgar. O Carlos Silva recordou-se, então, de escrever para Hong Kong, para o clube de automóveis local, pedindo informações sobre a forma de organizar a prova, que, na nossa ideia, devia envolver toda a cidade.’



Escreveram mesmo e a resposta não se fez esperar. Resposta, aliás, bem diferente daquela que aguardavam, já que surge em cena um homem de origem suíça, Paul Dutoit de seu nome, e que para Macedo Pinto merece as honras de ser considerado o ‘pai’ do Grande Prémio de Macau. Pois Paul Dutoit, em vez de escrever a enviar informações, resolveu deslocar-se a Macau, aproveitando um fim-de-semana.
‘Fomos recebê-lo e ele, indivíduo de um dinamismo fantástico, foi directo ao assunto e perguntou-nos o que queríamos fazer’, continua Macedo Pinto. E disseram-lhe que tinham um circuito...‘Pegámos num automóvel e fomos dar uma volta ao que é o actual Circuito da Guia, que era o percurso que já tínhamos delineado. E a nossa surpresa não pôde deixar de ser enorme quando vimos o Paul Dutoit aos pulos.’ ‘Isto não é uma gincana. O que vocês têm é o circuito para um Grande Prémio!’ ‘Era isto que ele nos dizia, enquanto olhávamos uns para os outros com aquele olhar que pode ter alguém que pura e simplesmente pensa que estão a brincar com ele.’
Paul Dutoit, porém, com todo o seu dinamismo e uma capacidade invulgar para convencer as pessoas, fez-lhes ver que não estava a brincar. Insistia mesmo: ‘– Vocês têm um circuito que é melhor do que o do Mónaco. Nunca imaginei que pudesse haver em Macau uma coisa destas!’.E o certo é que os quatro decidiram que era de acompanhar aquele homem. Mesmo que se tratasse de um louco, tinha-os convencido. Do entusiasmo de Paul Dutoit nasceu, assim, o I Grande Prémio de Macau, que contou com um grande apoio do Hong Kong Motor Sports e mereceu o carinho das autoridades do Território.
Construiu-se um ‘stand’ em bambu e os carros foram para a estrada. Uma mistura incrível de carros de todos os tipos, como recorda Macedo Pinto. Que lembra mais. Por exemplo, que o percurso entre a Casa Branca e o Ramal dos Mouros era em terra batida... Ele, além de organizador, também era concorrente e recorda-se ainda que naquele troço do circuito o pó obrigava a que os pilotos orientassem a sua condução pela copa das árvores! Para a história, todavia, ficam outros factos, como o da parte da pista se ter desfeito durante a prova. Mas, apesar de tudo, não pode dizer-se que as coisas tenham corrido mal”. (...) “Mesmo fazendo essa constatação, os quatro entusiastas pensavam que se tinha organizado o I Grande Prémio de Macau – e o último... Mal a prova acabou, no entanto, Paul Dutoit não lhes deu tréguas, a exemplo, aliás, do que aconteceu com a imprensa de Hong Kong. O Grande Prémio de Macau deve continuar – era a palavra de ordem. E continuou mesmo!
(continua...)

1 comentário:

  1. Possuo este livro, havendo uma incorrecção do Fernando macedo Pinto quanto a um dos nomes. Trata-se sim do Engº João Pires Antas, cujo nome foi confundido com o de Paul Eric du Toit. (ver a lista que consta no envelope comemorativo). O capitão Cruz era então o comandante da PSP

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