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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Memórias de Victor Neto (1962-1965): 1ª parte



Escrever algo sobre a minha presença em Macau, durante os anos em que cumpri o serviço militar no território é um prazer sabendo que estas linhas serão reproduzidas no magnífico blog "Macau Antigo".
Quando desembarquei do navio "Fat Shan" em Setembro de 1962 (foto acima), navio que nos transportara de Hong Kong para Macau, com os meus camaradas da Companhia Independente de Caçadores nº 363, fiquei ao mesmo tempo surpreendido e deslumbrado com o ambiente exótico que vi, aliado a uma temperatura muito elevada que nos fazia transpirar abundantemente.
Depois da cerimónia de boas-vindas presidida pelo Comandante Militar, fomos da ponte-cais até ao quartel que ficámos a conhecer por Barracas Metálicas da Flora, numa caminhada penosa devido ao calor excessivo a que não estávamos habituados, através das ruas e avenidas o que nos permitiu um olhar fugaz das edificações e pelo normal movimento de pessoas que se deslocavam em todos os quadrantes.
A primeira desilusão aconteceu quando já no quartel com uma sede terrível procuramos beber água ou qualquer outra bebida fresca, mas procuramos em vão.
Os anteriores ocupantes do quartel, uma Companhia de Landins de Moçambique que nele ainda encontrámos, tinham esgotado todo o stock de bebidas, que só a nossa companhia podia repor o que veio a acontecer na tarde do dia seguinte. A água que existia estava nas canalizações mas com uma temperatura tão elevada por acção do calor só depois das 22h desse dia é que a pudemos consumir.
A saída do quartel só foi permitida três dias depois, mas eu saí logo no dia seguinte para ir ao Clube Militar entregar ao Comandante da Companhia uma pasta com documentos, sendo assim a primeira pessoa a conhecer o Capitão Namorado Freire, que se apresentou ao pessoal alguns dias depois.
Então começaram as minhas aventuras pela cidade explorando as ruas e as lojas onde inúmeros artigos desconhecidos se apresentavam aos nossos olhares. A primeira despesa que fiz foi numa gelataria na Rua do Campo onde comi um gelado de feijão encarnado. Podem crer que era mesmo bom e presumo que era fácil de fazer, pois constava de puré de feijão cozido com açúcar a que se adicionava bolas de gelado.

Para quem nunca foi a Macau pode imaginar erradamente que devido à dimensão do território se ficava a conhecer todo o seu perímetro em pouco tempo. Mas não era assim. Depois dos primeiros dias de ambientação e conhecimento do traçado das ruas e dos locais mais importantes incluindo os monumentos que serviam de referência para encontrarmos o caminho de regresso á nossa unidade, passámos então a conhecer melhor a cidade em rotinas que nos permitiam aproveitar todas as vantagens de ver o espaço urbano e os poucos locais arborizados e ajardinados. (continua)
 Na "sala do soldado"
 Natal de 1962
 Ensaio para o desfile do 10 de Junho
O "Niassa" na escala em Moçambique

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