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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Soirée no Palácio do Governo: Carnaval de 1896

Sempre que esta colónia tem occasião demostrar a s. exa. o sr. governador Horta e Costa o quanto o estima e como bem avalia o seu carácter alevantado e correcto, corre pressurosa a manifestarlhe a sympathia que lhe dedica e o respeito que lhe consagra. Teve s exa. occasião de tal apreciar, quando em Outubro, por occasião do seu anniversario natalício, recebeu de toda a cidade a ovação mais sincera e espontânea que jamais se fez em Macau; no primeiro de Janeiro, quando, apezar de não haver recepção official, toda a colónia correu ao palácio a apertar, n’um impulso de sympatia, a mão leal que dirige os destinos da província; na noite de 15 do corrente, quando tudo o que havia de importante na colónia, quer portuguez, quer estrangeiro, accorreu ao palácio a cumprimentar o sr. Horta e Costa e sua Esposa.
Em 1960
Os salões regorgitavam de convidados, e o sr. Horta e Costa e a sra. D. Adelaide Horta e Costa, tendo para cada um as attenções mais delicadas, a todos deixaram gratíssimos pela maneira como bizarramente foram recebidos e acolhidos no palacio do governo. As salas do palácio vestiam de gala e estavam requintada e luxuosamente guarnecidas, offerecendo um aspecto deslumbrante. Muita flor, muita luz, aqui e além por entre macissos de verdura, um quadro de fino gosto, colchas de seda de cores delicadamente combinadas, cloisonées artisticamente trabalhadas, etc.
O gabinete causerie ornado de plantas tropicais, iluminando discretamente, offerecia os seus sophas voltaireanos cómodo descanso aos valsistas offegantes. A’s 11 horas a soireé estava no seu maior deslumbramento e mal se podia valsar, tantos eram os pares que se entre-chocavam nas duas amplas salas de baile… A’s duas horas foi servida uma opípara ceia na casa de jantar, que estava elegantemente ornamentada.
As senhoras (quasi 100) trajavam ricas e elegantes toilletes, havendo muitas dellas que vestiam lindos costumes, destinguindo-se a esposa de s. exa. o governador que elegantíssima no seu costume – Margarida de Vallois – ostentava um rico vestido de seda branco com finos ramos bordados a fio d’oiro.
A ultima valsa dançou-se ás 6 horas da manhã aos primeiros raios de sol, que curioso espreitava por entre as nuvens pardacentas os bustos dos elegantes valsistas, que offegantes principiavam a sentir saudades de uma noite que jamais esquecerão.
Jornal "Echo Macaense" de 23.02.1896

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