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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Auto-retrato e trabalhos de Chinnery

Este auto-retrato de Chinnery faz parte do espólio de José Maria (Jack) Braga que está na posse da Biblioteca Nacional da Austrália. Os desenhos de Chinnery que ilustram este post foram feitos por volta de 1837.
George Chinnery (1774-1852) é considerado o mais influente pintor ocidental do século XIX no Oriente. Nasceu em Londres e ainda muito jovem revelou possuir talento artístico. O seu avô fora calígrafo. Em 1791 - tinha ele 17 anos - um retrato da sua autoria foi seleccionado para uma exposição na Real Academia de Belas-Artes de Londres. No ano seguinte entrou para a Academia. Depois mudou-se para a Irlanda e em 1802 viajou para a Índia onde se destacou como retratista e ganhou bastante dinheiro.
Foi a partir destas pinturas a óleo que Chinnery se tornou famoso naquela parte de mundo. Após ter vivido 23 anos na Índia partiu e rumou a Macau. Chegou em 1825 e li viveu os seus últimos 27 anos de vida. Durante este período, também viveu em Cantão e Hong Kong e também ali fez trabalhos.
Fascinado com a vida de Macau em meados do século XIX desenhou e pintou a paisagem e as suas gentes de uma forma ímpar e ainda hoje reconhecida.
Chinnery vivia sobretudo como retratista. Era essa a sua maior fonte de receitas. Numa altura em que a fotografia ainda não existiam os mais abastados faziam questão de ter um retrato seu ou da família. Chinnery tinha uma técnica e habilidade invulgares de observação. Diz-se que desenha as pessoas num determinado local e a paisagem envolvente era desenhada em casa através da memorização. Para além dos retratos fazia ainda trabalhos em aguarelas. Deixou ainda muitos esboços com cenas de rua, imagens do quotidiano. Alguns críticos até consideram estes os seus melhores trabalhos.
Graças a ele e ao trabalho que deixou pode hoje saber-se a configuração de certos edifícios que só aparecem descritos em textos. Ainda em vida a sua reputação foi enorme e granjeou inúmeros discípulos. Entre eles contam-se Watson, Marciano Batista e Lam Qua. Seguiram o mestre de tal modo que ainda hoje muitos quadros são atribuídos a Chinnery mas, na verdade, ninguém tem a certeza (ele não os assinava), e podem muito bem ser de um desses seus discípulos. É o caso da última imagem deste post.
Morreu a 30 de Maio de 1852, Chinnery na sua casa de Macau aos 78 anos. Foi sepultado no Cemitério Protestante de Macau, junto ao jardim Luís de Camões. O sua vida e obra foi desde logo homenageada com o nome “Rua George Chinnery” à rua onde o pintor teve a sua casa. Em chinês diz-se “rua Qiannianli”, o que significa literalmente “os proveitos que irão permanecer por mil anos”.
  Algumas das obras de George Chinnery podem ser vistas no Museu de Arte de Macau

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