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terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Centenário do nascimento de Graciete Batalha

A 30 de Janeiro último assinalou-se o centenário do nascimento de Graciete Batalha. No blog podem ser consultadas várias publicações - usar campo de pesquisa. 
Aqui fica um resumo da vida e obra da professora nascida em Leiria num artigo do Dicionário Temático de Macau, Volume I, Universidade de Macau, 2010, p.172. e sobre a qual, em 1992, aquando da morte, monsenhor Manuel Teixeira, na coluna "Grãozinhos de Bom Senso" que publicava na Tribuna de Macau escreveu: "esta terra perdeu alguém que amava Macau, conhecia Macau, vivia para Macau, trabalhava por Macau e honrou Macau".
"Língua de Macau", INM, 1974

Graciete Agostinho Nogueira Batalha nasceu em Leiria, em 30 de Janeiro de 1925. Concluiu, em 1949, o curso de Filologia Clássica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O facto de, em 1949, ter casado com José Marcos Batalha, natural de Macau, determinou que a sua actividade profissional se desenvolvesse em Macau, inicialmente, na Escola Primária Oficial. De 1958 a 1959, foi leitora Honorária de Português, no Department of Modern Languages, da Universidade de Hong Kong, onde leccionou Língua e Literatura Portuguesas. A partir de 1962, trabalhou como professora no Liceu Nacional Infante D. Henrique, em Macau. Exerceu ainda a função de Directora da Escola do Magistério Primário. Para além da actividade docente, colaborou em diversos periódicos de Macau, jornais e revistas, sobre temas de literatura portuguesa, educação e ensino do Português. Toda a sua actividade, principalmente a actividade docente, aparece reflectida no seu livro de memórias Bom Dia S’tôra (1991), pelo qual lhe foi concedido o prémio IPOR (Instituto Português do Oriente). 
 O português falado e escrito pelos chineses de Macau. ICM, 1995

Foi sobretudo ao dialecto macaense que dedicou a maior parte da sua investigação, exposta em conferências, comunicações e em diversos artigos publicados: “Aspectos da sintaxe macaense: apontamentos para um estudo do falar actual de Macau” (Mosaico, 1953); “Aspectos do vocabulário macaense: apontamentos para um estudo do falar actual de Macau” (Mosaico, 1953); “A contribuição malaia para o dialecto macaense” (Boletim do Instituto Luís de Camões, 1965); “Língua de Macau: o que foi e o que é” (Revista de Cultura, 1994); “Situação e perspectivas do português e dos crioulos de origem portuguesa na Ásia Oriental (Macau, Hong Kong, Malaca, Singapura, Indonésia)”, (Actas – Congresso sobre a Situação Actual da Língua Portuguesa no Mundo [Lisboa, 1985-1987]); “Estudo actual do dialecto macaense” (Revista Portuguesa de Filologia, 1958). No Glossário do Dialecto Macaense: notas linguísticas, etnográficas e folclóricas (Macau, 1988) e no Suplemento ao Glossário do Dialecto Macaense: novas notas linguísticas, etnográficas e folclóricas (Macau, 1988) reuniu a herança linguística dos portugueses de Macau. 
No Glossário, Batalha inclui os termos macaenses “de criação ou importação recente, as palavras antigas, mas ainda usuais, as que se ouvem apenas a determinada geração, a mais idosa, e finalmente as que nem mesmo os mais velhos já empregam, que por vezes inteiramente desconhecem, ou de que só se recordam, nem sempre com exactidão, por as terem ouvido aos seus avós”. 
Para a recolha de termos antigos, Batalha valeu-se dos textos em crioulo, nomeadamente de Marques Pereira, publicados na revista Ta Ssi-yan Kuo (Daxiyangguo 大西洋國) e de Danilo Barreiros, publicados na revista Renascimento, e ainda de conversas ocasionais com pessoas idosas, e através de inquéritos. O Glossário evidencia os termos usados no crioulo macaense, os termos arcaicos da língua portuguesa, a influência malaia, indiana, japonesa, a influência chinesa e inglesa mais recentes, e que estão presentes no falar macaense.
Nota: imagens não incluídas na obra referida

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