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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Descrição da Cidade de Macau por Marco d'Avalo (1638)

Alguns excertos da “Descrição da cidade de MACAOU ou MACCAUW, com as suas fortalezas, peças, negocio e costumes dos habitantes”, escrita por Marco D'Avalo, italiano, em 1638, com apenas oito páginas, tornadas públicas pela primeira vez em 1645 na obra impressa em Amesterdão "Begin ende Voortgangh van de Vereenighde Nederlantsche geochtroyeerde Oost-Indische Compagnie" e incluída por Charles Boxer no livro Macau na Época da Restauração / Macao Three Hundred Years Ago.
Gravura feita por holandeses reproduzida no livro "Begin ende Voortgangh", de 1646, onde se inclui o relato de Marco D'avalo, de que só se conhece o nome e a nacionalidade italiana. Vê-se a Porta do Cerco, igrejas e fortificações. Curiosa, também, a representação da Igreja Mater Dei.
"A cidade de Maccaou ou Maccauw está situada em uma das pequenas ilhas ao longo da costa do excessivamente rico império da China a 20,5 graus de latitude norte. ainda que chamada de ilha encontra-se tão próxima do continente que se pode atravessar a pé por uma pequena tira de terra entre a ilha e a costa chinesa existe uma muralha de  pedra com uma porta. (...) Esta ilha foi oferecida ou garantida aos portugueses pelos mandarins de Canton a fim de que pudessem aí edificar uma cidade, pois que eles primitivamente residiam na ilha de Hanpehoao (Lampacao). (...)
A dita cidade é cercada de fortes muralhas e baluartes e tem três montanhas com fortalezas nos cimos, situadas à maneira d eum triângulo. O principal e mais forte destes castelos é chamado De São Paulo (...) tem 34 canhões todos de bronze o mais pequeno dos quais dispara uma bala de ferro com peso de 34 libras.
Chama-se o segundo dos fortes Nostra Seignora de la Penna de Francia, porque tem dentro uma ermida com este nome. Está guarnecido com «6 pequenas peças, de 6 a 8 libras de balla (...) Desta Hermida descobre o mar da parte de Oeste, e tem hua peça de bronze de seis libras invocada N. Snr.ª de Penha, e correndo a ilha da parte de sudoeste a largo de tiro de peça está a Fortaleza da Barra. (...)
Baluarte de Santiago de la Barra, por onde os navios passam e que é muito bom e forte dando a aparência de ser por si uma pequena cidade quando visto à distância devido às grandes construções e aquartelamento existentes no seu circuito. Existe um reduto no tôpo da montanha que serve de refúgio, aonde há 16 peças pesadas 4 das quais têm bôcas largas para tiros de pedras, enquanto as restantes são de calibre para bala de ferro de 24 libras. Dentro dêste referido baluarte há um outro baluarte mais alto, provido de seis canhões, como os referidos, que têm um alcance muito longo.(...)
Todos os navios e juncos que desejam entrar esta barra ou pôrto têm necessariamente que passar dentro de 3 ou 4 alabardas de distância do forte [c. 6-7 metros] porque os portugueses bloquearam a restante parte do canal a fim de protegerem melhor o local. (...) O capitão deste baluarte é nomeado directamente pelo rei ou em seu nome e o capitão geral da cidade não pode substitui-lo por outro, excepto em caso de negligência manifesta ou então, provisoriamente até que seja recebida a aprovação do Rei.” (...)
Deste último forte recebe a cidade aviso dos navios que se avistam no mar, quer venham do Norte ou do Sul, do Japão ou de Manila, para entrar no seu porto. Logo que se avista qualquer , toca-se o sino na montanha e, segundo as maneiras como for tocado, indica de qual lado eles aparecem. (...)

A cidade de Macau tem cinco conventos dos quais 4 são de frades e 1 de freiras. (...) Há também 3 paróquias.

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