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segunda-feira, 4 de junho de 2018

O drama dos refugiados


Av. Coronel Mesquita: residências para refugiados na década de 1940
(...) Em “Macau durante a Guerra” Monsenhor Manuel Teixeira resume assim o drama dos refugiados.
“Portugueses de Hong Kong, Cantão, Xangai, mas também ingleses, americanos, italianos, alemães, japoneses e chineses. As procissões católicas ganharam novo ímpeto e o 13 de Maio de 1943 foi dedicado ao Imaculado Coração de Maria. A alimentação foi um dos maiores problemas com os bens, em especial os de primeira necessidade, a atingir preços astronómicos. Um par de sapatos passou de 7 para 35 patacas. Mais 500%! O mercado negro florescia... mas as sopas dos pobres também. Teatros, clubes, escolas, hotéis... albergaram camaratas de refugiados. O Canídromo transformou-se em Casa dos Pobres. Só para se ter uma ideia, em apenas um dos centros de apoio, uma venda de arroz em Mong Ha, diariamente sete mil pessoas ali se deslocavam. O padre Vicente Bernardini será responsável por este centro. Macau dependia economicamente de Hong Kong mas com este território ocupado bem se pode imaginar a situação em que Macau ficou. Milhares de pessoas morriam à fome nas redondezas. A igreja, que desde sempre exerceu um papel primordial da vida do território, esteve à altura dos seus pergaminhos. Dias difíceis mas que não impediram que a vida continuasse”.
O papel da igreja católica, tal como desde os primórdios da fundação de Macau, torna-se imprescindível nestes anos de guerra. Passa pela ajuda espiritual mas também material. Desde o abrigo e comida à educação.
“(...) a população de Macau que era de cerca de 280 000 pessoas se elevou a meio milhão com a avalanche de refugiados que vieram da China. Nesta obra caritativa e social avantajou-se a todos a diocese de Macau.”
O Asilo da Santa Infância, das irmãs canossianas, foi uma entre as muitas instituições que acolheram as crianças abandonadas. Os chineses das classes mais pobres abandonavam os filhos quando não tinham meios para os criar, ou quando ficavam doentes e a cura era impossível. Muitas destas crianças eram salvas pelos cuidados das irmãs canossianas.
Por vezes associadas a iniciativas da Igreja ou então como simples cidadãs, é de destacar o papel das mulheres de Macau (portuguesas, macaenses, chinesas) em prol dos mais necessitados. No final da guerra as senhoras de Macau ofereceram um altar à Basílica de Fátima em Portugal em agradecimento por o território ter sido poupada à guerra de forma directa.
(...)
in "Macau 1937-1945: os anos da guerra", João F. O. Botas, IIM, 2012

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