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sábado, 6 de dezembro de 2014

"Macau e os seus habitantes": final do século XIX (3ª parte)

População
O ultimo recenseamento official de que temos conhecimento é datado de 1878 e foi publi- cado no Boletim da provinda de Macau e Timor de 31 de dezembro de 1880. Os números ali accusados são os seguintes: habitantes europeus, chinas, macaistas e de outras procedências, na sua totalidade, 68:086. Ao concelho ou cidade de Macau cabiam 59:959 habitantes terrestres e marítimos; ao concelho da Taipa e Coloane pertenciam 8:127 habitantes de terra e respectivos portos. Destrincemos agora por classes e teremos : Portuguezes, na cidade de Macau 4:431 Chins, idem 55:450 Estrangeiros, idem 78 Portuguezes, na Taipa e Coloane 45 Chins, idem 8:082 Total 68:086 N'estes algarismos acham-se comprehendidos os habitantes maritimos, que em 1878 eram 8:935. (...)
Clima
Macau é certamente uma das possessões portuguezas mais salubres. Notam-se ali as quatro estações, cuja duração é a seguinte: o inverno compôe-se de dezembro, janeiro, fevereiro e março; a primavera, de abril e maio; o verão tem junho, julho, agosto e setembro; o outomno abrange outubro e novembro. Os maiores males, que ha a notar no estado atmospherico podem provir ou da muita humidade ou de bruscas passagens de calor para frio. Os mezes mais húmidos são abril e maio, epocha em que o tempo se conserva quasi sempre encoberto; os menos húmidos são outubro e novembro, em que a atmosphera está clara e a temperatura é moderada, posto que haja de quando em quando rápidas descidas thermometricas. A epocha das maiores chuvas vae de maio a agosto; e é de junho a outubro que se desencadeiam também os temíveis cyclones, chamados tufões. O mez de setembro e os princípios de outubro appare cem muitas vezes chuvosos, e ha exemplos de ter havido tufões no começo d'este ultimo. (...) No verão o thermometro chega a marcar 40° centígrados, e então o calor é suffocante; porém a temperatura media n'esta quadra é de 28° a 29° centígrados. No inverno a temperatura geral orça por 14° a 16° centígrados; todavia ha dias em que desce a 5 e 4. (...) Os ventos predominantes são vários nas duas monções, chamadas de NE. e SO.; (...) O estado do céu, a não ser nos dois mezes de outubro e novembro, quasi nunca é completamente limpo, por isso  que a humidade é excessiva, chegando ás vezes a achar-se a atmosphera saturada de vapor de agua. 
Productos nativos 
O limitado território da península produz apenas hortaliças, fructas e pequeno numero de animaes domésticos dos que servem de alimentação ao homem ; as vitualhas que apparecem no bazar ou mercado, vêem das ilhas próximas. A classe pobre alimenta-se, as mais das vezes, de arroz, carne de porco, peixe salgado e hortaliças. 
Arborisação de Macau. É pobre, mesmo muito pobre de arvores, a cidade do Santo Nome de Deus; exceptuando a formosa e fértil Gruta de Camões, o Jardim de S. Francisco, as proximidades de Monghá, o Pagode da Barra e alguns quintaes particulares, vè-se toda a península despida de arvoredo, o que é muito para lastimar. Devemos, porém, aqui consignar que o governador Thomás Rosa envidou todos os seus esforços para arborisar aquellas encostas, montes e estradas; se os seus successores lhe seguirem as pisadas, alimentando os viveiros e proseguindo nas plantações, Macau em breves annos apresentará um aspecto bem mais sorridente. 
O porto
Notam-se três ancoradouros para as embarcações que demandam Macau: o do porto ex- terior (vulgarmente conhecido pela denominação de Rada de Macau, e desabrigado dos ventos de N. e ESE.) o da ilha da Taipa, e o do porto interior. Vejamos o que diz a este respeito o sr. Adolpho Loureiro : «As circumstancias do porto de Macau são deploráveis. «Abandonadas as cousas a si mesmas sem que sejam contrariadas por obras adequadas aos seus naturaes effei- tos, a perda total do porto é não só fatal, mas deve ser próxima. Hoje o porto commercial de Macau só tem accesso para os chamados navios de alto bordo, pela rada exterior. As lorchas e juncos chinezes podem entrar em Macau pelo canal de Malo-chau e da Taipa; mas os navios de maior caladura só podem vir do mar de Cantão atravessando a rada exterior, etc (...)
Largo do Pagode do Bazar

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