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quarta-feira, 8 de maio de 2013

Museu dos Bombeiros

Em 1955
 Emissão filatélica: 1883-2013
Embora já existentes desde meados do Século XIX, os Serviços de Incêndio de Macau foram reorganizados, de forma significativa, em 1883, ano em que foi criado o primeiro Regulamento dos Serviços de Incêndio de Macau.
Em 1851, já existia a figura de inspector de incêndios que dirigia as operações de combate aos incêndios; existia, também, uma bomba no quartel do Batalhão de Artilharia de S. Francisco e encontravam-se já estabelecidos os sinais de aviso de incêndio, dado por dois tiros de canhão, na Fortaleza do Monte. A bomba seria transferida, em 1874, para o Convento de S. Domingos em cujo edifício se instalou a Inspecção de Incêndios em 1883.
O Regulamento dos Serviços de Incêndio (publicado a 10 de Agosto de 1883) deu início à criação de um serviço organizado. Instalado no Convento de S. Domingos (tema a abordar num futuro post) e constituído por um corpo activo de 60 pessoas, os serviços de incêndio possuíam quatro bombas, duas em Macau, uma na Taipa e a outra em Coloane. Num edital de 15 de Março de 1875, determinava-se a implementação de várias medidas, entre elas a identificação das casas que possuíssem poço, através da colocação de uma tabuleta com a palavra poço em chinês, a seguir a um P.
Amarante

Em 1909, já existiam postos de incêndios junto das estações da Polícia, nomeadamente, na Rua da Caldeira, em Santo António e em Mong Há. Em 1914, é publicado o Regulamento Orgânico da Direcção das Obras Públicas, cujo director exercia também, desde 1901, o cargo de Inspector de Incêndios. Contudo, em 1915, os serviços de incêndios são desvinculados das Obras Públicas e a sua reorganização fica a cabo do Major de Infantaria João Carlos Craveiro Lopes, sendo os elementos do Corpo dos Bombeiros recrutados entre os voluntários para a Polícia.
Em 1916, existiam em Macau três estações, estando a Estação nº 1 (Central) localizada em S. Domingos, e as outras duas na Avenida do Almirante Sérgio (Estação nº2) e Avenida Horta e Costa (Estação nº3). A Taipa e Coloane possuíam os seus Postos de Incêndio.
O Regulamento Orgânico do Corpo dos Bombeiros é aprovado em Abril de 1919 e definidos os objectivos da corporação: prevenção e socorro de incêndios, desastres e calamidades; lavagens sanitárias e regas da cidade; execução de serviços em que fosse necessária a utilização do material da corporação.
Em 1920 é aprovado o projecto para a construção de novas instalações na Estrada Coelho do Amaral, cujo quartel seria inaugurado oficialmente a 3 de Outubro de 1923. Nesse ano de 1923 passou a designar-se por Corpo de Salvação Pública, saindo da dependência do Leal Senado (os serviços da cidade de Macau) e da Câmara Municipal das Ilhas (serviços da Taipa e Coloane) para regressar à dependência do Governo da Província.
12 Março 1999: passagem de testemunho
Em 1939, o Corpo de Salvação Pública passa a ser uma corporação militarizada, transitando novamente, em 1946, para a tutela do Leal Senado (sem a brigada sanitária) e designando-se Corpo de Bombeiros Municipais. Em de Janeiro de 1976 são criadas as Forças de Segurança de Macau que passaram a incluir o Corpo dos Bombeiros.
11 Dez. 1999: inauguração do museu
Ao longo de mais de um século de desenvolvimento sofreram várias reestruturações, dando hoje origem a uma corporação militarizada com 7 postos operacionais e mais que oitocentos bombeiros. Os trabalhos de salvamento do Corpo de Bombeiros desempenham um papel crucial na segurança da vida e dos haveres da população, pelo que, os bombeiros também granjeam a fama de “Soldados da Paz”. As acções operacionais e as actividades diárias de treino são de grande interesse para os cidadãos, razão pela qual, as instalações do Corpo de Bombeiros tem sido palco de visitas frequentes das escolas e organizações cívicas, tendo a Corporação, por sua vez, aproveitado estas visitas para sensibilizar a população para a prevenção contra incêndios. Nestas circunstâncias, o Corpo de Bombeiros decidiu reservar um espaço próprio para exibir os equipamentos de combate a incêndios e de salvamento utilizados nos tempos passados, bem como , os actuais. Após anos de esforço laborioso foi inaugurado em 11 de Dezembro de 1999, o Museu do Corpo de Bombeiros.
O Museu dos Bombeiros fica no cruzamento da Estrada de Coelho do Amaral com a Estrada do Repouso. O edifício foi construído em 1920 e inaugurado em 3 de Outubro de 1923. Na década de 1990, o edifício do Corpo dos Bombeiros foi remodelado para nele se instalar o espaço museológico dedicado aos Bombeiros de Macau. Ocupa uma área de 350 m2, repartido por duas salas. Possui duas bombas manuais de fabrico chinês - de 1884 e 1908 -, uma bomba de fabrico inglês de 1877, duas viaturas de fabrico inglês, dos anos 50 (na imagem acima), bem como diversos objectos de grande interesse, para além fotografias, logótipos e bandeiras da Corporação, maquetes e manequins. O edifício é considerado pelo Governo de Macau nos termos do Decreto-Lei no 83/92/M, de 31 de Dezembro, como edifício de interesse arquitectónico classificado.
É nos bombeiros que está a origem do clube de futebol Negro Rubro?
Em 1925
"Há umas poucas dezenas de anos, esta cidade ainda não possuía um serviço de incêndios mantido pelo Estado e, por esse motivo, os predecessores dos actuais bombeiros não faziam parte duma organização centralizada.(...)Nessa época, cada rua tinha de concorrer para a manutenção dum grupo de bombeiros, que aguardavam em suas casas uns metrozinhos de mangueira, uma agulheta e uma bomba de incêndio, que consistia em uma caixa que se deslocava sobre duas rodas, tendo, num dos lados, um rudimentar maquinismo que servia para comprimir a água.
Ca. 1925
Quando fosse preciso fazer trabalhar esse precioso engenho ia-se buscar água, aos baldes, nos poços ou no mar e, uma vez lançado para dentro da caixa-reservatório, o líquido extintor era comprimido pelo maquinismo, que era, por sua vez, accionado à força dos músculos de vigorosos mocetões. (...) Nesse tempo, existia uma combinação táctica entre os bombeiros e a população da cidade. E assim, logo que fosse dado o rebate, saíam todos os bombeiros dos seus alojamentos e o grupo que chegasse primeiro, através do dédalo das ruelas da velha cidade, recebia, como recompensa dos seus esforços, um magnífico leitão assado e dois almudes da melhor aguardente chinesa, custeados entre os moradores da rua vitimada pelo sinistro. Ora, o grupo mais afamado era o da fábrica de tabaco Tchu Tch'éong Kei, que mantinha um grupo privativo com o seu respectivo equipamento, o mais completo possível, pois necessitava de se prevenir contra qualquer incêndio dentro da fábrica, cujo negócio era enorme. 
(...) Assim que fosse dado o sinal de alarme, quer de noite ou de dia, esses valorosos mocetões saltavam imediatamente das suas camas e, num abrir e fechar de olhos, fazendo repercutir com estrépito nas pedras das vielas os seus sapatorros, chegavam ao local do desastre, no meio dum ensurdecedor estrupido de rodados e de brutais imprecações, pondo toda a rua alvoraçada numa convulsão de actividade e, em alguns minutos, dominavam, com presteza sem igual, qualquer abrasamento por mais violento que fosse.
Por esse motivo, quando acontecia uma calamidade desta natureza, os ânimos pusilânimes dos moradores da rua, onde se manifestava o sinistro, só se asserenavam com a chegada do grupo da fábrica Tchu Tch'éong Kei. Então, alijados do receio de o fogo se alastrar, devastando as suas casas, exclamavam jubilosos: - "Já não há receio! Já chegou o grupo de Tchu Tch'éong Kei!". E assim, não consta que nesse tempo algum outro grupo tivesse conseguido conquistar mais porcos assados e almudes de aguardente chinesa do que esse famigerado punhado de bravos, cujos componentes caprichavam em se excederem uns aos outros, em denodadas dedicações e nobres lances.(...)".
 "Os Primitivos Bombeiros de Macau" in "Macau, Factos e Lendas" de Luís Gonzaga Gomes. Instituto Cultural de Macau, 1994.
Na Taipa... 1956

1 comentário:

  1. Identifico na fotografia 3, o meu tio Hugo Amarante, filho do meu avô materno Simão Amarante que foi Chefe dos Bombeiros num período antes da II Guerra.

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