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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Macau na volta do mundo de F. L. Churchill

Na edição de 17 de Dezembro de 1898 o jornal The Post Express (de Rochester, Nova Iorque) publica uma carta em que um conhecido e abastado cidadão da região, Frederick L. Churchill (1855-1920) dá conta da sua viagem à volta do mundo. Estava nessa altura no Oriente a bordo do SS Parramatta, um dos navios da empresa P & O - Peninsular & Oriental Steam Navigation Company. 
Inglaterra, Austrália, EUA, Índia e Japão eram alguns dos países onde fazia escala este navio que navegou entre 1882 e 1903 e foi o primeiro da empresa a ter telefone a bordo, logo em 1892.
O excerto que se segue é uma breve passagem por Macau, numa escala em Hong Kong. F. L. Churchill chega a Macau proveniente de Hong Kong a bordo de um vapor a pás de fabrico norte-americano e descreve a viagem de cerca de três horas como "pitoresca" referindo-se às ilhas que avistou no delta do "famoso rio das Pérolas". Considera "estranho" os portugueses "quererem" aquela território admitindo que possa ser apenas por "orgulho" já que não "gere nenhum benefício". E depois acrescenta que os ganhos obtidos pelas licenças de jogo e do ópio "chega para fazer face às despesas do governo".
No cais do Porto Interior o visitante diz ter sido "recebido por um guia do Hotel Hing Kee" que lhe mostrou "as principais atracções antes do jantar". Entre esses locais visitados Churchill destaca o retirar da sede dizendo ter visto 800 mulheres a executar tal tarefa. Explica ainda que trabalhavam 12 horas por dia e recebiam 6 cêntimos(de dólares dos EUA). Dá ainda conta das condições em que laboravam, um ambiente muito quente já que a actividade era feita junto a água a ferver.
Frederick passa ainda por uma fábrica de panchões, algo que lhe diz muito, pois era uma artefacto muito usado nas celebrações do 4 de Julho, dia da independência dos EUA, sendo exportado de Macau para lá. 
Por fim, refere que Macau é "Monte Carlo em miniatura no que ao jogo diz respeito" acrescentando que o jogo do fantan atrai muita gente de fora. Deduz-se que terá dormido a noite do Hotel Hing Kee (ficava na Praia Grande junto ao actual cruzamento da Av. da Praia Grande com a Av. de Almeida Ribeiro, perto do BNU) já que partiu na manhã seguinte para Hong Kong e dali seguiu para Cantão. F. L. Churchill regressaria depois à então colónia britânica para prosseguir viagem no navio da P&O. 

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