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sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

"Macao" na British Cyclopædia de 1836

A very important settlement in China separated only by a narrow arm of the sea from the southern continent of that extensive empire. The town of Macao is connected with the remainder of the island by a long neck of land not exceeding one hundred yards across which was probably originally formed by the sand thrown up by the beating of the waves on each side. Across it there is a wall erected which projects into the water at each end with a gate and guardhouse in the middle for Chinese soldiers.
The walls are constructed of oyster shells which are found in these seas of enormous size and are used when divided into thin laminæ and polished instead of glass throughout the southern provinces of China. From this spot the Portuguese for a long time carried on a considerable commerce not only with the Chinese empire where they alone of all Europeans then resorted but likewise with the other countries in eastern Asia such as Japan, Tonquin, Cochin, China and Siam.
The harbour does not admit vessels of great burden which generally anchor six or seven miles off the town bearing W.N.W. 
A voyage from Macao to Calcutta taking the inside passage to the westward of the Paracels generally lasts a month but it has been made in twenty five days including two days delay at Malacca and three at Prince of Wales's Island.
The whole population including the Chinese and Portuguese amounts to from twenty five to thirty thousand persons of whom considerably more than half are Chinese. The garrison which is composed mostly of mulattoes and blacks amounts to about 300 men with a number of supernumerary officers. The public administration is vested in a senate composed of the governor the king's lieutenant the bishop the judge and a few of the principal inhabitants but the mandarin is the real governor. 
The bishop has sway and contributes to give a tone of devotion the religious observances which are the only occupation of a great majority of the catholic laity. The Chinese possess two temples at Macao are overshadowed by thick trees so as not to visible at a distance. In the senate house which is two stories high built of granite are several columns of the same material with Chinese characters engraved signifying solemn cession of the place from the emperor China. This is however an insufficient guard the encroachments of the Chinese who sometimes exact duties in the port of Macao and punish indivi duals within their walls for crimes committed Chinese added to these they sometimes march idolatrous processions through the town which is scarcely less offensive to a Portuguese. The are in fact kept under such restraint that they dare not repair a house without permission from the Chinese authorities. Whenever resistance is attempted the mandarin who commands in the little fort within sight of Macao stops immediately the supply of provisions till they submit.
There is a cave below the loftiest eminence in the town called Camoens Cave from a tradition current in the settlement that this celebrated poet wrote the Lusiad in that spot. This cave is now in a garden opposite to which in the middle of the harbour is a small circular island which formerly belonged to the jesuits of Macao.
On this island were erected a church, a college and an observatory with a botanic and a kitchen garden but all these improvements fell to decay with the society and are scarcely to be traced. 
The harbour in which this little island lies is called the Inner Harbour by way of distinction from the opposite or outer bay where ships are exposed to bad weather especially during the NE monsoon. It has been observed by mariners that this bay is gradually growing shallower. It opens on one side into a basin formed by four islands in which lord Anson's ship lay to be repaired but no such ship could enter it at present. Macao is situated in lon. 113 32 E lat. 22 10 N
Excerto de The British cyclopædia of literature, history, geography, law, and politics. Volume 2 (de um total de 3), de Charles Frederick Partington, Londres, 1836.
Ilustração não incluída na obra referida mas é da mesma época.
É tirada do livro "Voyage Autour du Monde Execute Pendant les Annes 1836 et 1837 sur la Corvette la Bonite Commandee par M. Vaillant"

Tradução/Adaptação e (notas):
Um assentamento muito importante na China, separado apenas por um estreito braço de mar do continente meridional daquele extenso império. A cidade de Macau está ligada ao resto da ilha por uma longa faixa de terra não superior a cem metros de largura, que foi provavelmente originalmente formada pela areia levantada pelo bater das ondas de cada lado. Do outro lado há um muro erguido que se projeta para a água em cada extremidade, com um portão e uma guarita no meio para os soldados chineses. (Porta do Cerco)
As paredes são construídas com conchas de ostras de enormes dimensões que se encontram nestes mares e são utilizadas quando divididas em lâminas finas e polidas em vez de vidro em todas as províncias do sul da China. A partir deste local, os portugueses mantiveram durante muito tempo um comércio considerável, não só com o império chinês, onde só eles, de todos os europeus, então recorriam, mas também com outros países da Ásia Oriental, como o Japão, Tonquin, Cochin, China e Sião.
O porto não admite navios de grande carga que geralmente ancoram a seis ou sete milhas da cidade no sentido O.N.O.
Uma viagem de Macau a Calcutá pela passagem interior para oeste das Paracels dura geralmente um mês, mas já foi feita em vinte e cinco dias, incluindo dois dias de atraso em Malaca e três na Ilha do Príncipe de Gales.
O total da população total, incluindo chineses e portugueses, oscila entre vinte e cinco a trinta mil pessoas, das quais mais de metade são chinesas. A guarnição, composta maioritariamente por mulatos e negros, conta com cerca de 300 homens e vários oficiais. A administração pública é exercida por um senado composto pelo governador, pelo representante do rei, pelo bispo, pelo juiz e pelos habitantes mais importantes, mas o mandarim é o verdadeiro governador.
O bispo tem influência e superintende a devoção às observâncias religiosas que são a única ocupação da grande maioria dos leigos católicos. Os chineses possuem dois templos em Macau que são ofuscados por árvores espessas para não serem visíveis à distância. Na casa do Senado, de dois andares construída em granito, encontram-se várias colunas do mesmo material com caracteres chineses gravados significando a sessão solene do local ao imperador China. Isto é, no entanto, uma protecção insuficiente contra as invasões dos Chineses que, por vezes, cobram direitos no porto de Macau e punem os indivíduos que cometem crimes dentro dos seus muros. Na verdade, são mantidos sob tal restrição que não ousam reparar uma casa sem a permissão das autoridades chinesas. Sempre que se tenta resistir, o mandarim que comanda Macau a partir de um forte não muito longe da cidade (Casa Branca para lá da Porta do Cerco) interrompe imediatamente o fornecimento de provisões até que se submetam.
Abaixo da elevação mais elevada da vila existe uma gruta chamada Gruta de Camões,  e segundo a tradição corrente no povoado é que foi ali que aquele célebre poeta escreveu os Lusíadas. Esta gruta encontra-se hoje num jardim em frente ao qual, no meio do porto, existe uma pequena ilha circular que outrora pertenceu aos jesuítas de Macau. (Ilha Verde)
Nesta ilha foram erguidos uma igreja, um colégio e um observatório com uma botânica e uma horta, mas todas estas melhorias caíram em decadência com a sociedade e dificilmente podem ser rastreadas.
O porto onde se encontra esta pequena ilha é denominado Porto Interior para se distinguir da baía oposta ou exterior, (Baía da Praia Grande) onde os navios se abrigam do mau tempo, especialmente durante as monções NE. Foi observado pelos marinheiros que esta baía está gradualmente ficando mais rasa devido ao assoreamento. De um lado, abre-se para uma bacia formada por quatro ilhas onde o navio do senhor Anson estava para ser reparado, mas nenhum navio desse tipo poderia entrar no momento. Macau está localizado nas coordenadas longitude 113º 32 E (Este) e latitude 22º 10 N (Norte). 
(Esta localização fica no rio, entre a Fortaleza da Barra e a Ilha da Taipa; muito próxima de onde está o Farol da Guia - 113º 55'  21º 11'  - e ambas as referências geográficas ainda hoje são aceites oficialmente)

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