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quinta-feira, 1 de junho de 2023

O Atlas de Francisco Rodrigues

Conservado na Biblioteca da Assembleia Nacional Francesa e conhecido como “O Livro de Francisco Rodrigues” é o primeiro Atlas da História Moderna relativo ao sudeste asiático. Datado de 1511-1515 é da autoria do piloto e cartógrafo português Francisco Rodrigues que andou pelas imediações do que viria a ser Macau nesta época.
Folio 37

Luis Keil, no livro de 1933, "Jorge Álvares, o primeiro português que foi à China" refere Francisco Rodrigues...
"(...) João de Barros, o nosso grande historiador do Oriente, na sua Década III, livro VI e cap. II, refere-se a Jorge Alvares e ao padrão que êle levantara, embora não declare ter sido êle o pri¬ meiro que fôra à China. Antecipa, porém, a sua ida de um ano à de Rafael Perestrelo2. A correlação entre a passagem da carta de Jorge de Albu¬ querque e o texto da Década de João de Barros, completa e aclara o conhecimento exacto do feito. Assim podemos hoje saber definitivamente, que o primeiro português que, em nome do Rei de Portugal, desembarcou na China foi Jorge Alvares, localisando o lugar do levantamento do padrão com as armas do Reino, testemunho dessa missão, muito perto do pôrto de Tamau (Ta-raang), a dezoito quilómetros de Cantão, e estabelecendo a data da sua chegada ali, em Junho de 1513'. A história deve conservar êste nome a par dos de Rafael Perestrelo, de Fernão Péres de Andrade e do infeliz embaixador Tomé Pires, boticário do infante D. Afonso. Foram as cartas de Malaca, a que já me referi, recebidas, sem dúvida, pelo rei português depois do meado do ano de 1614, ou ainda outras que se perderam, que decidiram D. Manuel a mandar «assentar a China», dando provisão dela a Fernão Peres de Andrade e enviando uma armada especial em Abril de 1515. Rafael Perestrelo, só depois da chegada a Malaca de Jorge Álvares partiu para Cantão, seguramente na monção de 1516. Por lá se demorou, e, não voltando no tempo normal da monção de regresso, julgaram os de Malaca que estivesse prêso com os seus companheiros Èste facto provocou a ida antecipada de Fernao Péres de Andrade que, chegando tarde a Malaca, logo partiu para a China, mas teve que retroceder por ser adiantada demais a monção de 1516. De volta a Malaca encontrou ali Rafael Perestrelo que vinha muito rico da China Nada mais direi da expedição de Fernão Péres, da de seu irmão e da de Martinho de Melo Coutinho. A história já muito falou nelas. E Jorge Alvares? Quando voltou a Malaca?
Jorge Alvares, parece ter voltado à China depois da sua vinda de Cantão; não encontro, porém, outra referência senão em 1517, quando, num junco, se avista, nas águas da China, com Fernão Péres e o avisa do estado precário em que se encontrava a fortaleza de Malaca. Num dos anos seguintes, 1519, vemo-lo em Tamau juntamente com Jorge Botelho, Álvaro Fuzeiro e Francisco Rodrigues na esquadra de Simão de Andrade. Jorge Alvares deve ter-se sepaparado de Simâo de Andrade e voltado a Malaca, pois em 1620 combate contra o rei de Bintão nas cercanias da cidade, no sítio chamado do Págo, e, depois, na ribeira de Muár, comandando um lanchara'. A viagem da China seduzia-o...
Na monção de 1521, torna a partir para Cantão e, perto dali, encontra Diogo Calvo e Francisco Rodrigues nos seus juncos. Mas os tempos eram adversos aos portugueses. Simâo de Andrade, com as exacões e as temeridades, exasperava os sentimentos dos chineses e comprometera a boa obra encetada por seu irmão Fernâo Péres e por Jorge de Mascarenhas. Os chineses atacam os navios dos portugueses e a situação, havendo-se complicado, torna-se verdadeiramente critica. Jorge Alvares, que assumira o comando dos navios, está muito doente. O junco de Francisco Rodrigues é saqueado. Em 27 de Junho chega Duarte Coelho com dois navios, mas as circunstâncias não se modificam. Jorge Alvares morre nos braços do seu grande amigo Duarte Coelho, na tarde do dia 8 de Julho de 1521. (...)

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