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sábado, 17 de junho de 2023

"À primeira vista parece maravilha"

 

"Fazendas europeas, (...) gravatas, bonés e outros objectos raros, e curiosos (...) uma porção de papel praparado a Chimica com tinta própria para uso oridnário da escripta; que à primeira vista parece maravilha"
Era assim que neste "aviso" (Anúncio) publicado no Boletim Oficial em Junho de 1847, Bernardino de Senna Fernandes (1815-1893) dava a conhecer à população as mais recentes novidades de produtos para venda.
Nascido na freguesia de St. António a 20 de Maio de 1815, Bernardino é da terceira geração da família macaense Senna Fernandes. Considerado um dos mais ricos comerciantes do seu tempo, destacou-se ainda em áreas muito diversas. 
Em 1847 fez parte, como 1º sargento, da 1ª Companhia do Batalhão Provincial de Macau; comandante da Guarda da Polícia (1857), major honorário (1861), cônsul do Sião/Tailândia (1863), comendador da Ordem de Cristo (1865), comendador da Ordem do Elefante Branco (1867), cavaleiro da Ordem da Torre e Espada (1869), fidalgo-cavaleiro da Casa Real (1871), medalha de prata do mérito, filantropia e generosidade (1871), cônsul de Itália (1886). Foi ainda sócio fundador de Associação Promotora da Instrução dos Macaenses. 1º Barão de Senna Fernandes (1889), elevado a visconde (1890) e elevado a conde (em duas vidas) em 1893. 
Ainda em vida, um grupo de importantes comerciantes chineses decidiu erigir-lhe uma estátua de corpo inteiro que seria inaugurada em Março de 1871, num terreno ajardinado frente ao Monumento da Vitória, com uma legenda em letras de bronze: 
"Esta Estátua foi mandada erigir por Lu-Cheo-Chi, Cham-Hau-in, Ho-Liu-Vong e outros Negociantes Chineses de Macau Em Testemunho de Amizade e Gratidão". 
A estátua seria transferida para a denominada vivenda Caravela na Avenida da República,  quando a família Senna Fernandes ali construiu uma residência. A estátua seria retirada do jardim desta moradia (na década de 1960) que passou a ser uma residencial e foi oferecida ao governo que a mandou colocar no jardim do então Museu Luís de Camões (no jardim homónimo), actualmente sede da Fundação Oriente em Macau. 
(imagem ao lado)

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