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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

"We did not see a more interesting or more lovely spot along the coast of China than Macao"

Every visitor to Hong kong endeavours to make at least two excursions by steamer the one to Macao the other to the far famed Chinese city of Canton. Macao is an old Portuguese settlement upon a peninsula belonging to an island of the same name lying thirty miles south west of Hong kong.
Steamers run daily in four hours and the passage is very pleasant and mainly amidst rocky and picturesque islands. Approaching the settlement from the sea the view is delightful, and the bare mountains have a look of being sprinkled with snow. We were landed at a wooden pier, in a small and shallow harbour, and came in sedan-chairs to the Macao Hotel, commanding, from a large bow-window, looking east, a fine sea view. It was now the end of November and the climate felt like an Aruugust day at Sandown in the Isle of Wight.
The settlement dates from the year 1563 and was for many years the centre of Eastern commerce. The Portuguese do not own the peninsula. They have simply the right of residence there and there is a large Chinese population governed by Chinese law. But the town, in its present quiet and decay, is full of interest.
Starting upon our day's sight seeing in chairs borne by Chinese coolies, we first visited the cathedral where were about fifty women with black veils of silk over their heads kneeling before a large image of the Virgin, surrounded with the motto Causa nostrae laetitiae.
Passing through the new public garden and the barrack, we visited the hospital, commanding a fine airy situation, but close and uncleanly within. The poor wan fever patients (Portuguese) looked as if they would be better outside with the pure air and sunshine for the doctors.
The lighthouse, which we next visited, is the oldest on the coast of China and commands a view of the whole sea-girt town.
An old monster arch erected upon the isthmus of sand, which joins Macao to the main island, forms the barrier of Chinese territory, and is jealously guarded by Chinese soldiers.
We were next conveyed to the two most interesting spots in the settlement, Camoens Grotto and Garden, and the of the graves of the Morrisons.
The garden covers about four acres and is a charming spot for shady walks and bowers, old trees, and large rocky hillocks crowned with seats and summer houses and commanding lovely sea-views. Here the poet Camoens, the Homer of Portugal, author of the Lusiad spent the years of his exile (circa 1570) when neglected by an ungrateful country; and here appropriately has been erected a monument to his memory with three inscriptions consisting of stanzas from his own poem, lines by Bowring, a French poet, and Latin verses by Mr Davis, an American.
Close by Camoen's Garden, indeed under the shadow of its old walls, is a small English cemetery, grown with grass and weeds, where we found the tombs of Dr Robert Morrison - first Protestant missionary to China 1807-1834, author of the Chinese Dictionary and translator into Chinese of portions of the Scriptures - of his devoted wife and of his son. What would this pioneer of Chinese missions feel and say were he now to rise from his grave and behold the marvellous advance which the work he began half a century ago has made, in the up of China to missionary effort, and in the multiplication of agencies of various societies, English and American, for the evangelization of the empire. Yet, after the lapse of half a century, the work still only in its infancy and hardly more than the edge of the vast population is influenced by Christian missions.
We visited two other buildings of interest Macao, which presented strange and striking analogies, the ruin of St Paul's, once a Romish church, with a noble façade ornamented with statues saints and dragons and lions not unlike those adorning the Buddhist temple which stands about mile away, and which, unlike the church, is not a ruin but a thoroughfare of worshippers and abounding with tawdry images.
Near the Bar fort, at the entrance to the western harbour, there has been erected a new and very curious joss house, with several Buddhist altars up the hill, witness to the vitality of Chinese Buddhism triumphing over the Portuguese Romanism. In these headquarters of the Papacy for three centuries one beholds only the decay of Romanism on the hand, confronted by the vitality of Buddhism on the other.
Our day's sight-seeing in this little peninsula, which is only two miles long by half a mile wide, was crowned by the view of a gorgeous sunset from the parapet of the old church on Penha hill. We did not see a more interesting or more lovely spot along the coast of China than Macao.
Excerto de Incidents of a Journey Round the World, Rev. William Urwick, publicado no jornal The Sunday at Home - A Family Magazine for Sabbath Reading, (Londres) durante o ano de 1880. O reverendo britânico visitou Macau em 1879.
A fotografia não faz parte da edição referida; serve para ajudar o leitor a localizar alguns dos locais que o autor do texto visitou em Macau.
1. Sé Catedral 2. Baía da Praia Grande onde ficava o Macao Hotel* 3. Jardim Público (S. Francisco) 4. Fortaleza/Ermida e Farol da Guia 5. Hospital S. Januário 6. Quartel de S. Francisco, Grémio Militar e Bateria 1º de Dezembro

Tradução
Quem visitar Hong Kong deve esforçar-se para fazer pelo menos duas excursões de vapor, uma para Macau e outra para a famosa cidade chinesa de Cantão. Macau é um antigo povoado português numa península pertencente a uma ilha com o mesmo nome, situada a trinta milhas a sudoeste de Hong Kong.
Os vapores circulam diariamente numa viagem de quatro horas e o passeio é muito agradável, principalmente entre ilhas rochosas e pitorescas. Aproximando-se do assentamento pelo mar, a vista é encantadora, e as montanhas nuas parecem salpicadas de neve. Desembarcamos num cais de madeira, num porto pequeno e raso, e chegámos em cadeirinhas ao Hotel Macau, onde de uma grande janela em proa, virada para nascente, temos uma bela vista do mar. Estávamos no final de Novembro e o clima parecia um dia de agosto em Sandown, na ilha de Wight.
A povoação data do ano de 1563 e foi durante muitos anos o centro do comércio oriental. Os portugueses não são donos da península. Eles têm simplesmente o direito de residência lá e há uma grande população chinesa governada pela lei chinesa. Mas a cidade, na sua actual calma e decadência, está cheia de interesse.
Começamos o nosso dia de passeios em cadeiras transportadas por cules chineses, visitando a catedral onde estavam cerca de cinquenta mulheres com véus negros de seda sobre a cabeça ajoelhadas diante de uma grande imagem da Virgem, cercada com o lema Causa nostrae laetitiae.
Passando pelo novo jardim público e pelo quartel, visitamos o hospital, com uma localização bem arejada, mas suja por dentro. Os pobres doentes de febre pálida (portugueses) pareciam estar melhor do lado de fora com o ar puro e sol para os médicos.
O farol, que visitamos a seguir, é o mais antigo da costa da China e tem vista para toda a cidade cercada de mar.
Um antigo arco monstruoso erguido sobre o istmo de areia, que une Macau à ilha principal, forma a barreira do território chinês e é zelosamente guardado por soldados chineses.
Em seguida, fomos conduzidos aos dois lugares mais interessantes do assentamento, a Gruta e o Jardim de Camões, e as sepulturas dos Morrison.
O jardim cobre cerca de quatro hectares e é um local encantador para caminhadas com sombra e caramanchões, árvores antigas e grandes, colinas rochosas coroadas com assentos, casas de veraneio e vistas encantadoras do mar. Aqui o poeta Camões, o Homero de Portugal, autor dos Lusíadas passou os anos do seu exílio (cerca de 1570) quando  foi negligenciado por um país ingrato; e aqui apropriadamente foi erguido um monumento à sua memória com três inscrições que consistem em estrofes do seu próprio poema, versos de Bowring, um poeta francês, e versos latinos de Mr. Davis, um americano.
Perto do Jardim de Camões, na verdade sob a sombra das suas antigas muralhas, há um pequeno cemitério inglês, repleto de grama e ervas daninhas, onde encontramos os túmulos do Dr. Robert Morrison - primeiro missionário protestante na China 1807-1834, autor do Dicionário de Chinês e tradutor para chinês de parte das Escrituras - da sua devotada mulher e do seu filho. O que este pioneiro das missões chinesas sentiria e diria se ele agora levantasse do túmulo e contemplasse o maravilhoso avanço que o trabalho que ele começou há meio século fez, na ascensão da China ao esforço missionário e na multiplicação de missões de várias sociedades, inglesas e americanas, para a evangelização do império. No entanto, passado meio século, a obra ainda está apenas no começo e pouco mais do que uma pequena franja da vasta população é influenciada pelas missões cristãs.
Visitamos outros dois edifícios de interesse em Macau, que apresentavam estranhas e marcantes analogias, a ruína de São Paulo, outrora igreja romana, com uma fachada nobre ornamentada com estátuas de santos, dragões e leões, não muito diferentes das que adornam o templo budista que fica a cerca de 1 km de distância, e que, ao contrário da igreja, não é uma ruína, mas uma via de adoradores e repleta de imagens de mau gosto.
Perto do forte da Barra, à entrada do porto ocidental, foi erguido um novo e muito curioso templo, com vários altares budistas na colina, testemunhando a vitalidade do budismo chinês triunfando sobre o cristianismo português. Nestas sedes do Papado por três séculos, vê-se apenas a decadência do cristianismo por um lado, confrontado com a vitalidade do budismo por outro.
O passeio do um dia nesta pequena península, que tem apenas três quilômetros de comprimento por meia milha de largura, foi coroado com a vista de um lindo pôr do sol do parapeito da antiga igreja no morro da Penha. Não vimos local mais interessante ou mais encantador ao longo da costa da China do que Macau.
* nesta altura o hotel ainda se denominava Hing Kee Hotel

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