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sexta-feira, 20 de maio de 2022

Naufrágio da barca "Suzana" em 1836

Tuesday 9th August 1836
The barque Suzana sailed from Bombay for Macau on 13th June with 1,382 chests of (Pass) Malwa and 200 bales of cotton. She loaded some Straits produce at Singapore and arrived in sight of the Canton coast, 30 miles west of the Ladrones on 31st July where she was caught in a storm and demasted.
The crew managed to anchor off a beach and called for help from some Chinese assembled there who threw out a rope which was secured on board. By this means the crew were able to pass from ship to shore but, as the first arrived on the beach, the rescuers released the rope in order to relieve the seafarers of their valuables and the remaining crew and passengers, in transit between ship and shore, fell into the sea. Seven Chinese, one Arab, two Macanese and Sr. H A Leiria, the supercargo, were all drowned.
Several of the Chinese passengers were merchants from Singapore bringing gold and silver for their relatives and villages. They opened these treasure chests before leaving the ship and distributed the contents to all who would carry them but those who got ashore were robbed of the precious metals and their finger rings, etc.
After the thieves departed, the survivors were helped by an elderly man named Cheung Hop who provided food and clothes and procured a boat for them in which they arrived at Macau on 7th August. The survivors include Capt Encarnacao, all the ship’s officers and the remaining passengers and crew. The late Sr. Leiria was a member of the Leal Senado and a well-known member of the Macau community. He managed to reach the beach but failed to revive and was buried there. A brig has been dispatched to reward Cheung Hop and recover whatever may still be left on the beach. The loss is estimated at over $1,000,000.

Terça-feira, 9 de Agosto de 1836
A barca Suzana partiu de Bombaim para Macau no dia 13 de Junho com 1.382 arcas de  ópio de Malwa e 200 fardos de algodão. Carregou alguns produtos do Estreito em Singapura e chegou à vista da costa de Cantão, 30 milhas a oeste de Ladrones, em 31 de julho, onde foi apanhada por uma tempestade.
A tripulação conseguiu ancorar numa praia e pediu ajuda a alguns chineses ali reunidos que jogaram uma corda que estava presa a bordo. Por este meio a tripulação conseguiu passar do navio para terra mas, assim que os primeiros chegaram à praia, os socorristas soltaram a corda para libertar os marítimos dos seus valores e os restantes tripulantes e passageiros, em trânsito entre navio e terra, caíram no mar. Sete chineses, um árabe, dois macaenses e o Sr. H A Leiria, o supercargo, morreram afogados.
Vários dos passageiros chineses eram comerciantes de Singapura trazendo ouro e prata para seus parentes e aldeias. Eles abriram esses baús antes de deixar o navio e distribuíram o conteúdo para todos que os carregassem, mas aqueles que desembarcaram foram roubados dos metais preciosos e seus anéis de dedo, etc.
Depois dos ladrões partirem, os sobreviventes foram ajudados por um homem idoso chamado Cheung Hop, que forneceu comida e roupas e conseguiu um barco para eles, no qual chegaram a Macau no dia 7 de agosto. Os sobreviventes incluem o Capitão Encarnação, todos os oficiais do navio e os restantes passageiros e tripulantes. O falecido Sr. Leiria* era membro do Leal Senado e um conhecido membro da comunidade de Macau. Ele conseguiu chegar à praia, mas não sobreviveu e foi enterrado lá. Um brigue foi enviado para recompensar Cheung Hop e recuperar o que foi deixado na praia. A perda é estimada em mais de US $ 1.000.000.

Ilustração de uma barca portuguesa do séc. 19


Tuesday 6th September 1836
Yesterday, at the sale of the damaged Malwa from the wreck of the Portuguese ship Susana, one chest, still in its original covering marked LB 55, turned out to be full of stones and rice straw. If any reader knows of a policy of insurance issued on this chest, I hope they will publish the details so an investigation can be made into the providers. This sort of fraud is inducement to wilful destruction of ships. Sgd Shareholder 13th September.
Editor – LB55 was not the only chest. Insurance agents in both Bombay and Canton are trying to trace the parties who have attempted to cheat them. The Susana was travelling Bombay to Macau. Not long ago a treasure ship travelling Macau to India was lost in the Straits and those treasure boxes that were recovered were found to contain stones as well.

Terça-feira, 6 de Setembro de 1836
Ontem, na venda do ópio de Malwa danificado no naufrágio do navio português Susana, um baú, ainda na sua cobertura original marcado LB 55, revelou-se cheio de pedras e palha de arroz. Se algum leitor souber de uma apólice de seguro emitida neste baú, espero que publique os detalhes para que possa ser feita uma investigação sobre os provedores. Esse tipo de fraude é um incentivo à destruição intencional de navios. Sgd Acionista 13 de setembro.
Editor – LB55 não foi o único baú. Agentes de seguros em Bombaim e Cantão estão a tentar rastrear as partes que tentaram enganá-los. O Susana viajava de Bombaim para Macau. Há não muito tempo, um navio do tesouro que viajava de Macau para a Índia naufragou no Estreito e as caixas de tesouros que foram recuperadas também continham pedras.

* Hermenegildo António Leiria

Post feito tendo por base jornais da época publicados em inglês: Bombay Courier, Friend of China e The Canton Register.

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