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quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Hospital de Santa Sancha

Nas várias "breves" sobre Macau publicadas na revista Portugal Colonial de Agosto de 1935 surge uma referência ao Hospital de Santa Sancha.
Este hospital criado pela portaria nº 388 de 1934 (era governador Bernardes Miranda) seria instalado no Palacete de Santa Sancha e tinha como objectivo inverter os elevados números de mortalidade infantil junto da população chinesa. Assim é criado um hospital infantil, creche e lactário. 
Em termos de pediatria já existia o Hospital de Santa Infância (no Asilo com o mesmo nome a cargo das irmãs canossianas) que continuaria a funcionar passando a dedicar-se apenas aos casos de "doenças contagiosas". O hospital/maternidade de Santa Sancha durou pouco tempo vindo a encerrar em 1936 e os doentes transferidos para o hospital S. Januário.
Anúncio publicado no Boletim do Governo de 5.10.1868

Quinta, chácara, palácio ou palacete... o nome de Santa Sancha é muito antigo no território. O edifício foi construído em 1846 - arquitecto Tomás de Aquino - para residência do Barão do Cercal (ver imagem acima*) e fica no extremo sul da península (foto da década 1920 em baixo).
Após a morte da Viscondessa do Cercal em 16 de Dezembro de 1892 a propriedade foi vendida por 8.000 patacas em 1893 a Herbert Fullarton Dent (1849-1920), comerciante de ópio) tendo ficado na família até 1923 quando o filho William Herbet Shelly Dent a vendeu ao Governo de Macau (governador Rodrigo José Rodrigues) por 32.500 patacas. O edifício chegou a albergar missionários franceses, um pequeno museu e na década de 1930, por poucos anos, um hospital/maternidade. Em 1937 passou a ser residência oficial dos governadores, sendo o primeiro inquilino Artur Tamagnini de Sousa Barbosa.

* "O barão do cercal tem a honra de participar aos seus parentes e amigos que esta manhã sua espoza deu à luz uma menina. Quinta de Santa Sancha 4 d'outubro de 1868".

Barão do Cercal foi um título nobiliárquico criado pela rainha D. Maria II em 1851 a favor de Alexandrino António de Melo (1809-1877) e que seria depois 1.º Visconde do Cercal. O 2º Barão do Cercal  (desde 1863) foi o filho, António Alexandrino de Melo (1837-1885) - publicou o anúncio acima referido - e a "espoza" era Guilhermina Pamela Gonzaga (1841-1893).
Para além do Palacete de Santa Sancha construíram também em 1849 o chamado Palácio do Cercal, na Praia Grande, tendo ali vivido pai e filho. 
Com a morte do visconde a família entrou em dificuldades financeiras. Em 1875 o edifício foi arrendado ao governo mas as dívidas foram de tal ordem que em 1881 o edifício foi  mesmo penhorado e sujeito a leilão sendo comprado pelo governador Joaquim José da Graça por 20 mil patacas. Na altura muitas das repartições do governo funcionavam no Palácio das Repartições (construído em 1851) pelo que o palácio comprado passou a ser residência do governador. O primeiro que li residiu foi Tomás de Sousa Rosa que exerceu o mandato de 1883 a 1886.

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