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terça-feira, 29 de dezembro de 2020

"Apontamentos de uma Viagem de Portugal à China, atravez do Egypto em 1850 e descripção da Gruta de Camões em Macao"

"Apontamentos de uma Viagem de Portugal à China, atravez do Egypto em 1850 e descripção da Gruta de Camões em Macao", de Carlos José Caldeira (CJC) foi publicado em "Macao: China" em 1851 sendo impresso na "Typographia Albion de Jno: Smith" que ficava no nº 62 da "Praya Grande".
Esta tipografia - antes instalada em Cantão de onde os estrangeiros foram expulsos por volta de 1839 - era a que imprimia o Boletim do Governo na altura, uma publicação que entre 1850 e 1851 foi da responsabilidade de Carlos José Caldeira e onde também ali já publicara parte dos "apontamentos".
Estamos perante um pequeno livro de 76 páginas que, como o título indica, aborda a a viagem do autor até Macau e parte das memórias do ano em que ali viveu. 
No regresso a Portugal, CJC iria publicar em 1852 uma versão bem mais longa, não só com a viagem de ida, mas com a de regresso, em dois volumes e quase 800 páginas.
Desta última edição aqui fica um excerto :
"Ainda que é muito pouco commum entre nós Portuguezes o gosto de viajar, eu desde a minha mocidade nutri o desejo de ver o mundo, de sahir da minha pátria, e do estreito circulo da cidade e do paiz em que nasci. Tarde porém poude realisar o pensamento constante da minha vida. Contando 40 annos parti de Lisboa em Julho de 1850, na carreira para a China dos vapores inglezes da Companhia Oriental e Peninsular, e dentro em 80 dias cheguei a Macao, tendo visitado Cadiz e Gibraltar, atravessado o Mediterrâneo, visto Malta e Alexandria; subido o Nilo, atravessado o deserto do Egypto; embarcado em Suez, e descido pelo Mar-Vermelho; tocado em Adem na Arábia, e em Ceylão; navegado pelo estreito de Malaca; visto Pinão o Singapura e finalmente aportado a Hong-kong, e retrocedido para Macao. Nesta cidade me demorei 16 mezes, durante os quaes visitei seus arredores, a cidade chineza de Cantão e vários portos da costa da China até Shangai, na distância d' umas 300 legoas para o norte de Macao. D'aqui regressei para o Reino na corveta D. João I, no fim do anno de 1851. (...)"

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