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domingo, 15 de setembro de 2019

A festa do bate-pau ou das lanternas

Celebra-se por estes dias em Macau uma festividade conhecida por vários nomes: desde Chong Chao, Festa da Lua, Festa das Lanternas e Bate Pau. 
Já aqui abordei o tema por diversas vezes. Desta feita recorro a um texto do século XIX.

A lua correspondente ao mez de setembro é consagrada pelos chins à festa do bate-pau ou das lanternas a que eles chamam Chung – chau e os inglezes Mid Autumn festival, por coincidir com a quadra outomnal.
Dá-se o nome de bate-pau a um bolo que os chins preparam n´esta ocasião, que é arredondado e parecido com um pastelinho com crosta de farinha, recheado de doces. Há varias espécies de bolos de bate-pau: uns que que só entra feijão; outros o mungo; outros a semente de trate; e outros o gergelim, amêndoa e toucinho.
Só durante esta lua ou pouco antes é que os chins preparam estes bolos para venda e exportação.
Tambem por este tempo os chins vendem caramelos em forma de castello, embarcação, jarro, etc.; pães de farinha figurando um porco de tamanho de trez e quatro polegadas, metido n'um cesto de bambú de feitio conico; bolos de massa de farinha muito dura coma configuração de um prato com pintura a côres, representando paisagens e figuras humanas, postos n´uma caixinha de papelão de forma circular, polygonal ou oblonga, segundo o feitio do bolo, com uma rede muito fina e transparente de cassa. Este bolo só é feito para ornato e presente às creanças.
O bolo de bate-pau é o symbolo da lua, e os chins chamam-no em dialecto mandarim Yué-ping 月餅 e em cantonense Yut-peang. Geralmente o seu peso nao atinge meia libra.
Os macaístas conhecem-n´o pelo nome de bate-pau, por ser preparado com um pau em forma de ferula, com um orifício no centro onde se mettem a massa de farinha e os recheios, carregando com a palma da mão para comprimilo bem; e em seguida batem o pau com força, por duas ou tres vezes sobre a meza, para fazer expellir o bolo que é levado acto contínuo ao forno, a assar.
in Ta-Ssi-Yang-Kuo, Archivos e annaes do Extremo-Oriente Português. 1899-1900 de João Feliciano Marques Pereira.

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