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terça-feira, 23 de abril de 2019

Rua do Corte Real

Inicialmente a rua ficava entre a rua do visconde de Paço D'arcos e a rua Nova do Comércio; mais tarde começou na rua Coelho do Amaral e terminava na rua de Entre-Campos. São vários os "Corte-Real" na história de Macau
António de Mendonça Corte-Real (1717-1774) foi duas vezes governador de Macau: de 1743 a 1747 e de 1761 a 1764. Era fidalgo da casa real e cavaleiro da Ordem de Cristo. Houve um outro Corte-Real... Francisco Xavier de Mendonça, governador que tomou posse em Julho de 1788 e menos de um ano depois morreu. Mas nenhum destes 'deu' o nome à rua. 
Segundo Monsenhor Manuel Teixeira  o nome da rua é alusivo a José Alberto Homem da Cunha Corte-Real, nascido e formado em direito em Coimbra. Foi nomeado secretário-geral da província de Macau e Timor (só em 1896 é que Timor viria a constituir uma província autónoma de Macau) em 1877 cargo que assumir em Julho do ano seguinte. Chegou a assumir o cargo de encarregado do governo em 1882, durante uma curta ausência do governador. Voltou a Portugal em 1884.
Reuniu uma colecção etnográfica de diversos objectos (de Macau e Timor) que foram levados para Portugal: móveis, bengalas, gaiolas, chapéus, aparelhos de pesca e outros objectos fabricados em fibras locais como bambu, junco, ola, algodão e linho.
Entre 1880 e 1882, foram enviadas remessas a partir de Macau, compostas maioritariamente por produtos dos reinos mineral e vegetal, mas incluindo alguns objectos etnográficos de uso mais comum. As remessas foram enviadas para o Museu Colonial de Lisboa (fundado em 1872) e para o Museu do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Antes do envio, os objectos integraram duas exposições nas salas do Leal Senado (1880 e 1882).
A primeira exposição culminou com um discurso do advogado António Joaquim Bastos Júnior, propondo a criação de um museu municipal Na segunda, foi o próprio Corte Real, na qualidade de presidente da comissão coordenadora, a chamar a atenção da Metrópole para o desenvolvimento do comércio navegação e indústria daquelas colónias. Nas palavras de Corte de Real:
“Estes trabalhos, destinados a pôr debaixo dos olhos do paiz, do seu commercio, dos seus capitalistas, dos seus homens públicos, da sua imprensa, os objectos que constituem a riqueza natural, industrial e commercial, tanto de Macau como de Timor, haviam de por força ser um meio poderoso para desperatar attenção pública, então parece que completamente adormecida, acerca de muitas e graves questões própria e associadas d‘esta colónia theoricas e practicas, económicas e políticas, que estavam por estudar e por decidir, e facilmente acudiam ao espírito de quem reflexionasse attentamente por alguns instantes sobre a verdadeira situação d’estas duas partes tão valiosas da monarchia”
O governador, Joaquim José da Graça, partilhava a mesma ideia. “Considerando que para se reatarem os laços commerciaes entre Macau e o Reino muito convém serem conhecidas as qualidades, applicações e preços dos productos da industria e commercio d’este mercado, o que melhor se pode conseguir expondoos nos museus, destinados a reunirem as amostras das riquezas em que as colónias abundam”
Imagem: um prédio do nº 7 da rua Corte Real, já demolido...

2 comentários:

  1. Onde posso encontrar esta informação de forma a citar em trabalho académico?

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  2. Para além do próprio post... Toponímia de Macau - ruas com nomes de pessoas, Manuel Teixeira, ICM 1997; História dos portugueses no extremo oriente, Volume 3, António Henrique R. de Oliveira Marques, F.O., 1998

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