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terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

"Macau - Sa Carnaval"


Brincando ao Carnaval: Macau, 1925

Versão portuguesa de “Macau - Sa Carnaval” (“O Carnaval de Macau”), da autoria de Adé:

A nossa Avozinha, noutros tempos,
Mascarava-se em todos os carnavais.
Em grupinhos, com senhoras conhecidas,
Deixando os maridinhos em casa,
Elas adoravam sair à rua mascaradas,
Perfiladas atrás da tuna musical
Para fazer toda a casta de diabruras
E dizer coisas com imensa piada.
Recordar o carnaval doutros tempos
É para a Avozinha sentir saudades.
Carnaval era tempo de ladú,
Massa guisada e pudim de nabo.
Havia hora para cantar e dançar
E hora para os mascarados divertirem a gente.
Ninguém dava cavaco,
Quando eles se metiam com as pessoas.
Um mês antes do entrudo
A paródia começava em vários lugares.
Os mascarados, acompanhados da tuna,
ʻAssaltavamʼ casas de amigos,
Para dançar, cantar e alegrar o coração.
Os donos da casa não se preocupavam...
Os ʻassaltantesʼ que iam para se divertir
Levavam consigo ceia farta.
Chegado o carnaval, o Clube de Macau,
Clube dos Sargentos e Grémio Militar
Davam animados bailes.
A gentinha dançava até doer os pés,
Desde a noitinha até ao amanhecer.
Chegada a hora, serviam canja de galinha
E uma porção de iguarias,
Que todos comiam até se fartar.
Depois do carnaval, havia comédias
No dialecto antigo de Macau,
Para todos rirem às bandeiras despregadas.
Passados uns dias, vinha a ʻmicaremeʼ,
Com mais bailaricos nos clubes.
A tuna tornava a sair
Com os mascarados a fazer-lhe cauda,
Para ʻassaltarʼ mais alguns casarões.
Agora, o carnaval, chegada a hora
Vem e depressa se vai embora,
Ninguém sentindo a sua presença.
Gente entretida com a política
Não tem pachorra para se mascarar.
Para se verem por aí bobos,
Com a boca cheia de baboseiras,
Não é preciso esperar pelo carnaval.”

Hoje em dia, as festas de Carnaval (assaltos/desfiles/bailes) já não são nada do que foram, embora ainda se realizem. A sua importância foi-se perdendo ao longo da segunda metade do século XX.

José Silveira Machado, no livro “Macau na Memória do Tempo”, (2002) escreve a este propósito:

“Em épocas passadas, Macau ria a bandeiras despregadas. Vestia-se de fantasia e andava pelas ruas, cantando e galhofando, palhaçando, em gestos e atitudes de truão. Os sons alegres das tunas e os risos do rapazio explodiam em melodias ensaiadas durante muitas semanas e em gargalhadas estridentes, provocadas muitas vezes pela visão das máscaras, engraçadas e originais”.

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