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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

"As obras do porto e a política chineza": 1920





Em Agosto de 1910 o governador de Macau, Capitão Eduardo Augusto Marques enviou a Lisboa, o director das Obras Públicas, engenheiro (civil e de minas) António Pinto de Miranda Guedes, com o objectivo de acelerar a solução política de alguns problemas estruturais de Macau, essencialmente ligados às obras no porto interior e no porto exterior.
Entretanto deu-se a implantação da República em Outubro e Miranda Guedes esteve quase a ser Governador de Macau. Acabaria por ser nomeado provisoriamente em Novembro de 1910 Governador de S.Tomé e Príncipe (menos de um ano depois foi exonerado). Em 1913 seria louvado pelo trabalho técnico que desenvolveu nas Obras Públicas de Macau onde foi director. Este livro, publicado no Porto em 1920, inclui os vários artigos da autoria de A. Pinto de Miranda Guedes publicados primeiramente em separatas na Revista Colonial.
Curiosidade: Em Janeiro de 1933 a antiga Rua do Asilo foi rebaptizada de “Rua de Eduardo Marques” em homenagem ao antigo governador.
O arruamento tem início na Estrada do Cemitério e prolonga-se até à Calçada da Igreja de S. Lázaro e Rua de S. Miguel.
Biografia
A. Pinto de Miranda Guedes completou o curso de Conductor de Obras Públicas no Instituto Industrial e Comercial de Lisboa. Estudou Engenharia Civil e Minas na Escola do Exército tendo frequentado o curso nos anos lectivos de 1894-95 a 1896-97.
Em Agosto de 1897 foi nomeado Conductor de Obras Públicas de 1ª classe, provavelmente, para a província de S. Tomé e Príncipe para onde segue viagem a 23 de Outubro. A 8 de Novembro desse mesmo ano foi nomeado para o cargo de Director Interino das Obras Públicas de S. Tomé, cargo que ocupou até Janeiro de 1898. Entre Outubro de 1899 e Abril de 1901 trabalha no estudo de Caminho de ferro de S. Tomé.
Transferido para a Direcção de Obras Públicas da província de Angola por portaria de 6 de Novembro de 1900, para o cargo de Engenheiro Auxiliar. Toma posse do lugar a 13 de Abril de 1901.
Em Janeiro de 1902 regressa a S. Tomé para chefiar a brigada de estudos das estradas da ilha, regressando, depois de alguns meses de licença em Portugal. Em Julho de 1903 regressa a Angola para trabalhar no Caminho de ferro de Malange como chefe de divisão dos estudos. No fim desse ano volta a chefiar a secção de Agrimensura.
Em Julho de 1904 volta para Lisboa, por motivos de saúde, onde ficou aproximadamente um ano. Em Maio de 1905 foi nomeado para estudar o sistema viário de S. Tomé, ficando como engenheiro ajudante no Ministério das Obras Públicas. Para efectuar esse estudo deslocou-se ao território, de onde regressou apresentando-se no Ministério das Obras Públicas em Fevereiro de 1906.
A 20 de Setembro de 1906 foi nomeado Director das Obras Públicas de Macau.
Durante a sua estadia colaborou com o General José Emílio Castelo Branco em projectos de melhoramentos sanitários da cidade de Macau, tendo ficado responsável pela elaboração do “Projecto e Plano Geral de Saneamento de Macau” aquando do regresso do General Castelo Branco a Portugal. Foi presidente da comissão de saneamento da zona do Bazar Chinês e trabalhou também no projecto de melhoramentos do Porto de Macau. Ocupa este cargo entre 3 de Novembro desse mesmo e Agosto de 1910.
No início de Novembro de 1910 foi nomeado, provisoriamente, Governador de S. Tomé e Príncipe. Foi exonerado desse cargo em Setembro de 1911 tendo seguido para Macau e reassumido as suas funções de Director das Obras Públicas a 18 de Novembro de 1911.
Em Dezembro de 1911 fez parte de uma comissão de organização de um serviço de profilaxia de doenças tropicais e trabalhou na aplicação do regulamento de salubridade das edificações urbanas de 1906. Fez ainda parte da direcção do Museu Luiz de Camões, tendo sido nomeado em março de 1912.
Esteve em Macau até Abril de 1914 quando foi exonerado do seu lugar, a seu pedido.
Em Novembro de 1914 tomou posse como Director dos Caminhos de ferro de Angola, cargo de que tomou posse a 6 de fevereiro de 1915.
Em Março de 1917 foi nomeado para a Direcção das Obras Públicas da Índia, mas não chega a ocupar esse lugar por ser sido de imediato transferido para o lugar correspondente em Moçambique. Tomou posse em Moçambique a 1 de Outubro de 1917 e até ao fim desse ano acumulou o lugar com o de Inspector das Obras Públicas, o que acontece novamente no início do ano de 1919. Em Maio de 1919 foi exonerado do cargo de Director das Obras Públicas e segue para Lisboa em meados de Agosto desse mesmo ano.
A 15 de Novembro de 1920 foi nomeado secretário dos serviços de Obras Públicas de Angola e partiu novamente para o território de onde regressou em 1922 por motivos de saúde, sendo considerado em Janeiro de 1923 incapaz de voltar a fazer serviço no Ultramar.
Desde essa data passou a trabalhar nos serviços técnicos da Câmara Municipal do Porto, como chefe da Divisão de Obras Públicas e mais tarde (depois de 1927) como Director dos Serviços Municipalizados de águas e Saneamento, lugar que ainda ocupava em 1931.
Fez parte do Conselho Superior de Obras Públicas e do Conselho Inspector de Instrução Pública, entre diversas comissões sobretudo ligadas a assuntos dos territórios ultramarinos.
Deixou diversas publicações sobre o seu trabalho nas colónias, nomeadamente sobre as Obras do Porto de Macau, sobre Angola e sobre a sua experiencia como Governador de S. Tomé.
Texto (Biografia) de Alice Santiago Faria.

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