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sábado, 28 de outubro de 2017

Clipping sobre apresentação da Biografia de Manuel da Silva Mendes em Macau


Fotografias da apresentação da Biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931) em Macau feita pelo meu amigo João Guedes (autor do prefácio) na Academia Jao Tsung-I.
Fotos:
Diana Soeiro. Organização: Instituto Cultural Macau e Casa de Portugal em Macau.



Algumas das notícias publicadas após o lançamento em Macau da Biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931) a 26 de Outubro último. Acresce ainda uma entrevista à TDM-Rádio Macau e um destaque no site da Revista Macau.

Na edição de 27 de Outubro o Ponto Final titula "Lançada em Macau primeira biografia de Manuel da Silva Mendes".
A primeira biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931) foi lançada esta quinta-feira em Macau, reavivando uma figura “esquecida”, apesar de ser “um dos intelectuais mais relevantes da história de Macau na primeira metade do século XX”.
De “espírito multifacetado”, Manuel da Silva Mendes foi professor, advogado e juiz, e um “apaixonado pela civilização e cultura chinesa”, que publicou vários artigos e livros, tornando-se “um reputado sinólogo e importante coleccionador de objectos de arte”, descreve o Instituto Cultural de Macau (ICM), que co-edita a obra, recentemente lançada em Portugal.
Esta biografia surge pelos 150 anos do nascimento de Manuel da Silva Mendes, uma figura que, “inexplicavelmente, tem sido esquecida e que personifica, como poucos, a génese de Macau – a fusão entre o Oriente e o Ocidente”, realça o autor, João Botas, na introdução da obra, cuja apresentação em Macau ficou a cargo do crítico literário João Guedes, que assina o prefácio.
A biografia de Manuel da Silva Mendes, cuja vida se dividiu entre Portugal (onde nasceu) e Macau (onde morreu) desdobra-se em capítulos dedicados ao “homem”, ao “professor”, ao “político”, ao “advogado e juiz”, ao “sinólogo e coleccionador” e ao “escritor e cronista”, reunindo ainda documentos, uma selecção de textos, uma cronologia e memórias em imagens de homem que tem o nome gravado na toponímia de Macau.
Para João Guedes, o livro oferece conhecimento sobre uma figura que “devido à própria personalidade e a preconceitos políticos persistentes” foi esquecida, sendo “visto como um professor de liceu, que tinha umas opiniões sobre a educação e, na generalidade, um mau feitio”, quando “é muito mais do que isso”.
“Era um intelectual de grande profundidade, um homem que em Macau tem opiniões importantíssimas e muito de vanguarda sobre a Educação – sobre as quais passaram sempre uma esponja por cima”, aponta o também investigador da história de Macau.
“Era um tipo que diziam irascível, [mas] ele era uma mentalidade superior e, de maneira que, ficava – suponho eu – irritado com a tacanhez deste pequeno burgo”, e, também por causa disso, Silva Mendes “não se dava com os portugueses”, sendo, aliás, conhecido que “as relações dele com Camilo Pessanha não eram boas”, diz João Guedes, entre risos.
No entanto, “dava-se com os maiores expoentes da literatura, da arte e da política da China”, algo até “escondido” do conhecimento, arrisca dizer João Guedes, falando ainda das relações que Manuel da Silva Mendes mantinha com anarquistas chineses, como Liu Shifu (1884-1915), considerado o maior ideólogo do anarquismo da China, ou Chen Jiongming (1878-1933), um general que “funda um partido, uma dissidência, à esquerda, do Kuomitang [então no poder], ainda hoje um dos poucos [oficialmente] reconhecidos na China”.
Das diversas facetas, o crítico literário destaca nomeadamente o “conhecedor da arte chinesa, principalmente da cerâmica Shek Wan [designação em cantonense de uma pequena aldeia de Foshan, entre Macau e Cantão] que, curiosamente, é a que serve de inspiração a Bordalo Pinheiro em Portugal”: “A louça das Caldas da Rainha é baseada na de Shek Wan” relativamente à qual “o Silva Mendes tinha um conhecimento muito vasto” e mais do que isso: “Ele tinha “peças importantíssimas que constituíam o núcleo central do há muito extinto Museu Luís de Camões”, cujo espólio, incluindo essa colecção, foi herdado pelo Museu de Arte de Macau.
“Esta é a primeira biografia”, porque, apesar de Gonzaga Gomes ter reunido uma colectânea de escritos de Manuel da Silva Mendes, “nunca tinha havido uma iniciativa do género”, sublinha João Guedes, falando mesmo “numa pedrada no charco” num “território onde as biografias escasseiam muito”.
Notícia da agência Lusa publicada também no Diário de Notícias e Notícias de Coimbra


(...) Hoje foi também lançada em Macau a primeira biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931), que reaviva uma figura "esquecida", apesar de ser "um dos intelectuais mais relevantes da história de Macau, na primeira metade do século XX". De "espírito multifacetado", Manuel da Silva Mendes foi professor, advogado e juiz, e um "apaixonado pela civilização e cultura chinesa", publicou vários artigos e livros, e tornou-se "um reputado sinólogo e importante colecionador de objetos de arte", descreve o Instituto Cultural de Macau (ICM), que coedita a obra, recentemente lançada em Portugal, da autoria de João Botas. A biografia de Silva Mendes, cuja vida se dividiu entre Portugal (onde nasceu) e Macau (onde morreu) desdobra-se em capítulos dedicados ao "homem", ao "professor", ao "político", ao "advogado e juiz", ao "sinólogo e colecionador" e ao "escritor e cronista", reunindo ainda documentos, uma seleção de textos, uma cronologia e memórias em imagens de um homem que tem o nome gravado na toponímia de Macau. (...)
No Jornal Tribuna de Macau o lançamento teve direito a 'chamada de capa' com o título "Silva Mendes uma figura 'branqueada' na vanguarda da educação". Inês Almeida assina o artigo:
"Foram ontem apresentadas as obras “Contributos para o Estudo da Literatura de Macau – Trinta Autores de Língua Portuguesa”, “Clepsidra” e “Biografia de Manuel da Silva Mendes 1867-1931”. João Guedes, responsável pelo prefácio da obra sobre Silva Mendes, fala de uma figura “com opiniões importantíssimas” e uma mentalidade superior irritada “com a tacanhez” do “pequeno burgo” que era Macau
Após ter sido lançado em Lisboa, foi apresentada em Macau a obra “Biografia de Manuel da Silva Mendes 1867-1931” da autoria de João Botas, a par do livro “Contributos para o Estudo da Literatura de Macau – Trinta Autores de Língua Portuguesa” e de uma edição bilingue produzida a pensar no mercado da China Continental da “Clepsidra” de Camilo Pessanha.
João Guedes, autor do prefácio da obra dedicada a Silva Mendes, sublinha que o livro “começa por oferecer o conhecimento de uma figura de Macau que, devido à sua própria personalidade e a preconceitos políticos persistentes foi sempre branqueada”. “É o homem que é visto como professor de liceu, que tinha opiniões sobre a educação e, em generalidade, um mau feitio”.
Por norma, segundo defende, “fica por aí” o conhecimento sobre esta personalidade, no entanto, “ele era muito mais do que isso”. “Ele era um intelectual de grande profundidade, um homem com opiniões importantíssimas e de vanguarda sobre a educação e passaram-lhe uma esponja por cima, diziam que era irascível, tinha uma mentalidade superior, de maneira que ficava irritado com a tacanhez deste pequeno burgo que é Macau”.
Manuel da Silva Mendes “não se dava com os portugueses por causa disso”. Em vez disso, “dava-se com os maiores expoentes da literatura, arte e da política da China”. “Isso foi sempre uma coisa completamente escondida do conhecimento. Era um anarquista e assim continuou. Dava-se com anarquistas chineses como Liu Shifu, Chen Jiongming, o ‘senhor da guerra’, que era general e continuava a dizer que era anarquista”. “Ele [Chen Jiongming] é o homem que funda um partido, uma dissidência do kuomitang, à esquerda, e é um partido que ainda hoje é reconhecido”, explicou.
Para João Guedes, esta primeira biografia oficial de Silva Mendes é “uma pedrada no charco pelo conhecimento que oferece desta personalidade completamente invulgar na história de Macau”. (...)
Silva Mendes destacou-se também pelas suas ideias ao nível da educação, pensamentos que actualmente nada têm de desconhecido. Mas, nota o jornalista e investigador, “ele era muito avançado nesse aspecto e era professor de liceu, portanto, chega a Macau e apesar de ser um bocadinho melhor que em Portugal, porque havia uma certa abertura provocada pela proximidade de Hong Kong, há um espartilho pesado e ele, com uma série de artigos no jornal, contribui para quebrar essas rotinas na educação”.
Em Macau, refere João Guedes, Silva Mendes deixou ainda uma marca importante: a sua casa, que “reflecte bem o estilo do proprietário”.

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