Postal do final do século 19 publicado em Hong Kong. Na imagem vê-se, em cima, à direita, o Fortim de D. Maria II, sobranceiro à Praia de Cacilhas, construído em 1852.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sexta-feira, 28 de outubro de 2016
Cheong Ming Match Co./ Companhia Fosforeira Cheong Meng
No
período áureo da indústria dos fósforos em Macau, entre as décadas de 1950 e 1970, chegaram a ser produzidas mais de milhão e meio de caixas por dia
(85 milhões de fósforos).
Uma das fábricas que mais tempo se manteve em actividade (criada na década de 1920) e a última a fechar portas foi a Cheong Ming Match Factory (em certos rótulos surge como
Fosforeira Cheong Meng) já na década de 1970.
Num anúncio da década de 1950 (imagem ao lado), que tem a particularidade de ser em português, inglês e chinês, o endereço referido é o nº 101 da Rua da Alegria, por certo os escritórios, já que a fábrica ocupava os números 95 a 103.
Ainda no anúncio refere-se "fábrica estabelecida há mais de 30 anos" e informa-se das diferentes marcas ali produzidas (KK, OK, Yes, Four Aces, Triangle, Double Circle, Bull, Tarzan, Cannon, Lighthouse, Swallows, etc...) explicando que "Os fósforos que se impõem em todos os mercados são os da fábrica “Cheong Meng”.
Num anúncio da década de 1950 (imagem ao lado), que tem a particularidade de ser em português, inglês e chinês, o endereço referido é o nº 101 da Rua da Alegria, por certo os escritórios, já que a fábrica ocupava os números 95 a 103.
Ainda no anúncio refere-se "fábrica estabelecida há mais de 30 anos" e informa-se das diferentes marcas ali produzidas (KK, OK, Yes, Four Aces, Triangle, Double Circle, Bull, Tarzan, Cannon, Lighthouse, Swallows, etc...) explicando que "Os fósforos que se impõem em todos os mercados são os da fábrica “Cheong Meng”.
Eram ainda produzidas marcas só para exportação, nomeadamente para então colónias portuguesas, pelo que algumas destas marcas, tb surgiram com nomes em português: Yes/Sim - Triangle Brand/Marca Triângulo, etc... Quando não era feita a tradução, aproveitavam-se certas soluções gráficas que eram repetidas para outros mercados. Veja-se o exemplo da Three Arrows para Moçambique.
Tradução desta etiqueta:
Fósforos da Marca Triângulo. Os chineses devem usar artigos da China para reaver os lucros perdidos. Rua da Alegria, Macau, Kuong-Tung.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
The Spectator: anúncio de 1840
Anúncio publicado numa edição de Abril de 1840 do jornal britânico The Spectator
MAP OF THE CANTON RIVER The LONDON SATURDAY JOURNAL No 66 for April 4th will contain the First of a Series ARTICLES ON CHINA by a late Resident with a Map of the River from Macao to Canton Price 2 d London WILLIAM SMITH 113 Fleet Street; Frasker and Crawford. Edinburgh; CURRY and Co Dublin
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
A cidade e o paraíso. Mapas que dão que pensar
O artista local Eric Fok lançou o seu primeiro livro. “Paradise: When Antique Maps Meet Modern Cities” alia preocupações modernas a um mergulho na histórias de várias cidades e sociedades pós-coloniais. A obra está à venda em Macau, Hong Kong e Taiwan.
Publicado conjuntamente pela editora Join Publishing (H.K.) Co., Ltd e a revista local NEW GEN. Monthly, com apoio para publicação do Instituto Cultural o novo livro do artista Eric Fok – “Paradise: When Antique Maps Meet Modern Cities” – foi lançado e já se encontra à venda em Macau, em Hong Kong e em Taiwan.
Publicado em chinês e em inglês e com uma primeira edição de 1400 cópias, a obra de estreia do jovem ilustrador apresenta 60 peças seleccionadas das mais de 200 peças da série Eric’s Paradise, em que o artista, de 26 anos, trabalha desde 2012.
Entre as reproduções incluídas na obra está um fac símile do primeiro trabalho que vendeu – Paradise No. 15 – e também cópias das obras Paradise No. 11 e No. 16, que foram seleccionados para a “50th Bologna Illustrators Exhibition”. Distinguida pela Fundação Oriente, a peça “Paradise No. 20” e o trabalho “Heung San O Lee Ba”, criado especialmente para o 5º Festival Literário de Macau e evocativo da passagem de Tang Xianzu por Macau, também integram o corpo de ilustrações do livro de estreia do jovem artista.
Entre as reproduções incluídas na obra está um fac símile do primeiro trabalho que vendeu – Paradise No. 15 – e também cópias das obras Paradise No. 11 e No. 16, que foram seleccionados para a “50th Bologna Illustrators Exhibition”. Distinguida pela Fundação Oriente, a peça “Paradise No. 20” e o trabalho “Heung San O Lee Ba”, criado especialmente para o 5º Festival Literário de Macau e evocativo da passagem de Tang Xianzu por Macau, também integram o corpo de ilustrações do livro de estreia do jovem artista.
Eric Fok tem vindo a usar mapas de estilo ocidental e aparência ancestral para retratar os problemas e os desafios que se colocam às cidades modernas, em termos de desenvolvimento urbanístico e de aproveitamento espacial.
Com um traço firme e o recurso a papel acastanhado, produzido especialmente para o livro, o jovem artista, nascido em Macau na recta final da administração portuguesa, procura ilustrar o passado e o presente de Macau, assim como de outras cidades e sociedades pós-coloniais, como é o caso de Hong Kong, de Singapura e de Taipé.
A exemplo do que ainda sucede na maior parte das escolas do território, a escola frequentada por Eric não ensinava a história de Macau. O seu interesse pelo passado do território surgiu em 2012, quando se iniciou o “boom” da indústria do jogo e o Cotai estava transformado num enorme estaleiro.
Numa certa ocasião, Eric encontrou um velho mapa de Macau e reparou que a linha de costa se havia alterado substancialmente. A revelação foi para o jovem artista um choque. Com mais perguntas do que respostas, Erik Fok iniciou um longo percurso de descoberta: começou a ler livros, a ver filmes, e a frequentar bibliotecas. Tentou ainda explorar referencias em português de forma a procurar compreender melhor o passado de Macau:
“A cidade tem vindo a entrar em decadência e a desenvolver-se em voltas; analisar a sua história é também repensá-la,” defende o jovem ilustrador. Eric começou, depois, a desenhar as suas próprias observações, trabalhando de forma artística as suas preocupações sobre a cidade. Alguns dos seus trabalhos têm por base mapas antigos de Macau, ainda que ocupados por autocarros dos casinos, por edifícios imponentes situados no centro da cidade e por referências improváveis, como um grupo de exploradores portugueses do século XV a perseguir um táxi que se recusa a transportar passageiros ou a tentar entrar num autocarro sobrelotado.
Na sua série “Paradise”, Eric não desenha apenas sobre Macau, mas também sobre algumas cidades europeias da época dos Descobrimentos e outras sociedades pós-coloniais. Com esta opção, o artista espera encontrar respostas às suas interrogações sobre Macau, ao mesmo tempo que procura compreender o desenvolvimento de outras cidades. (...)
Excerto de artigo de Wendi Song publicado no jornal Ponto Final (Outubro 2016)
terça-feira, 25 de outubro de 2016
D. Quixote e Sancho Pança
Na rica toponímia macaense existem duas referências a uma das maiores obras de Miguel de Cervantes (1547-1616), O engenhoso fidalgo dom Quixote de La Mancha, publicado em 1605 (a primeira parte). São elas as Travessas de D. Quixote (entre a Calçada das Verdades e a Rua do Sol) e Sancho Pança (no cruzamento da Calçada das Verdades com a rua Santa Filomena), nas imediações da Fortaleza do Monte.
Placa toponímica antiga da Travessa de D. Quixote
Placa toponímica recente da Travessa de Sancho Pança
domingo, 23 de outubro de 2016
sábado, 22 de outubro de 2016
Zona Militar - Proibido o Trânsito
Entrada para a Calçada dos Quartéis do lado superior do Jardim de S. Francisco (cruzamento com a Rua Nova à Guia), vendo-se parte deste, incluindo o Torreão que foi sede da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.
O Aviso de "Zona Militar - Proibido o Trânsito" deve-se ao facto de a estrada dar acesso ao Quartel de S. Francisco que, na época, início da década de 1970, era o quartel-general do contingente militar do território. Com a extinção do Comando Territorial Independente de Macau a 19 de Dezembro de 1975 esta e outras antigas instalações militares foram desafectadas do domínio público militar e integrados no domínio privado.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
Historic Macao, C. A. Montalto de Jesus 1902
Para este post seleccionei algumas imagens da primeira edição de "Historic Macao", a primeira história de Macau da autoria de Montalto de Jesus, publicada em 1902 em Hong Kong (Kelly & Walsh), e que iria fazer correr muita tinta...
Esta primeira edição teve 358 páginas e cerca de uma dezena de ilustrações. Seguiram-se outras edições. Uma delas, em 1926, seria apreendida por decisão judicial. Nesta edição o autor adiciona três capítulos sobre a situação de Macau na época, sendo muito crítico à governação do Território e defendendo uma “autodeterminação de Macau”, sob a tutela da Liga das Nações. No prefácio escreve:
“Fica a esperança de que esta obra venha a provar-se útil e não seja simplesmente olhada como uma enfant terrible por, ao divulgar a verdade como tal, pretender estar de acordo com o verdadeiro propósito da História: salvar de uma depreciação injusta e do esquecimento grandes feitos que possam servir de vir de aviso para s. incentivo às gerações actuais e demonstrar os erros desastrosos cujas profundas consequência hão-de servir de aviso para que a posteridade evite maiores castigos. Só assim a história poderá realizar o propósito último de mostrar os deveres e os direitos cívicos de cada um e de invocar a causa da justiça na reparação de erros gritantes….”
“Fica a esperança de que esta obra venha a provar-se útil e não seja simplesmente olhada como uma enfant terrible por, ao divulgar a verdade como tal, pretender estar de acordo com o verdadeiro propósito da História: salvar de uma depreciação injusta e do esquecimento grandes feitos que possam servir de vir de aviso para s. incentivo às gerações actuais e demonstrar os erros desastrosos cujas profundas consequência hão-de servir de aviso para que a posteridade evite maiores castigos. Só assim a história poderá realizar o propósito último de mostrar os deveres e os direitos cívicos de cada um e de invocar a causa da justiça na reparação de erros gritantes….”
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Fórum do Livro de Macau em Lisboa
A decorrer em vários locais de Lisboa entre 24 de Outubro e 3 de Novembro.
24 Outubro - Livraria do Turismo de Macau em Lisboa
15h Inauguração
18h30 Sessão oficial de abertura
18h45 Os primeiros livros de Macau (século XVI), por Luís Filipe Barreto (Presidente do CCCM)
19h30 O Delta Literário de Macau, por José Carlos Seabra Pereira
Exposição bibliográfica
25 Outubro - Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa
18h Mesa redonda: livros sobre Macau publicados em Portugal. Moderação de Margarida Duarte
19h30 Lançamento do livro Espíritos, de Shee Va, por Beatriz Basto da Silva.
26 Outubro - Museu do Oriente
18h30 Conferências sobre Manuel da Silva Mendes, por António Aresta e Amadeu Gonçalves
19h30 Lançamento do livro Macau Histórico e Cultural, de António Aresta
27 Outubro - Clube Militar Naval
18h30 Conferência sobre os marinheiros que escreveram sobre Macau, por Alfredo Gomes Dias (historiador de Macau).
28 Outubro - Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa
18h30 Panorama da actual Literatura chinesa em Macau, por Prof. Peter e Cheng Wai Ming (conferência em inglês).
29 Outubro - Fundação Casa de Macau em Lisboa
16h00 Sessão sobre os Poetas de Macau (com evocação de Camilo Pessanha), com a presença do Ministro da Cultura.
18h30 Chá gordo oferecido pelo Turismo de Macau e pela Fundação Casa de Macau
31 Outubro - Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa
15h Conferência sobre livros de Direito publicados em Macau.
18h30 Lançamento do livro Arquivo das Confissões/Bernardo Vasques e a Inveja, de Carlos Morais José.
2 Novembro - Delegação Económica e Comercial de Macau em Lisboa
18h30 Conferência sobre as Histórias de Macau, por Beatriz Basto da Silva
3 Novembro - Biblioteca Nacional de Portugal
18h30 Evocação de Maria Ondina Braga por José António Barreiros.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Letter from Macao: The New Yorker 1976
"Thirty years ago, when I first visited this picturesque far eastern province of Portugal (...)" é assim que começa o artigo Letter from Macao , da autoria de Robert Shaplen, publicado na edição de 4 de Outubro de 1976 da The New Yorker. (Imagem da capa)
Resumo do artigo:
Macao was a Portuguese colony. Now the Portuguese are holding it in trust for China indefinitely as "a special territory". This odd but amicable arrangement is the result of a tacit compromise between Lisbon & Peking. It is hard to tell how long this arrangement will endure, but the chances are that it may go on until 1997, which is when the British colony of Hong Kong, 40 miles to the east, is supposed to revert to China, at the expiration of a 99-year lease. Peking is in no hurry to take over either of the colonies-whose fortunes, both economic & political, are closely linked-because trade & remittances of funds from overseas Chinese funnelled through Communist banks in the British crown colony and, to a lesser extent, through brances of those banks in Macao, provide it with almost half of its foreign-exchange income of 3 billion dollars a year. Hong Kong and Macao also serve the Chinese as useful political listening posts & as important points of contact with Westerners. Gives history of Macao. Dominated by the Chinese business community, some of whom commute to Hong Kong by hydrofoil, and to a lesser extent by a Catholic bishop & priests, Macao retains an essential conservatism. Tells about Chinese businessmen: Ho Yin & O Ching Ping, and Col. Jose Garcia Leandro, the Portuguese governor. Also tells about local govt. & economics. Most of Macao's resources are derived from gambling & other tourist attractions.
Resumo do artigo:
Macao was a Portuguese colony. Now the Portuguese are holding it in trust for China indefinitely as "a special territory". This odd but amicable arrangement is the result of a tacit compromise between Lisbon & Peking. It is hard to tell how long this arrangement will endure, but the chances are that it may go on until 1997, which is when the British colony of Hong Kong, 40 miles to the east, is supposed to revert to China, at the expiration of a 99-year lease. Peking is in no hurry to take over either of the colonies-whose fortunes, both economic & political, are closely linked-because trade & remittances of funds from overseas Chinese funnelled through Communist banks in the British crown colony and, to a lesser extent, through brances of those banks in Macao, provide it with almost half of its foreign-exchange income of 3 billion dollars a year. Hong Kong and Macao also serve the Chinese as useful political listening posts & as important points of contact with Westerners. Gives history of Macao. Dominated by the Chinese business community, some of whom commute to Hong Kong by hydrofoil, and to a lesser extent by a Catholic bishop & priests, Macao retains an essential conservatism. Tells about Chinese businessmen: Ho Yin & O Ching Ping, and Col. Jose Garcia Leandro, the Portuguese governor. Also tells about local govt. & economics. Most of Macao's resources are derived from gambling & other tourist attractions.
Robert Modell Shaplen nasceu em 1917 nos EUA e morreu em 1988 com 71 anos. Foi jornalista do The New York Herald Tribune e correspondente na Ásia para as revistas Newsweek (durante a segunda guerra mundial), Fortune e Collier. Em 1946 esteve com Mao Zedong na montanhas de Yanan, por exemplo, e em 1956 visitou Macau pela primeira vez. Trabalhou na revista The New Yorker durante 36 anos sendo correspondente no Extremo Oriente entre 1962 e 1978. Escreveu 10 livros tendo a Ásia como tema central.
No livro de contos “A Corner of the World” (1949) escreveu: "(...)Wherever you went in the East, people talked about Macao as a place of sin and revelry, but you didn’t really start hearing the facts until you reached Hong Kong (...)"
segunda-feira, 17 de outubro de 2016
Travessa do Quebra Costas
Envelope de 1901, proveniente de Hong Kong e dirigido a Francisco d'Aquino, morador na Travessa do Quebra Costas. O topónimo actual tem a designação Escada Quebra-Costas, igual a outras existentes em Lisboa e em Coimbra, por exemplo, no final do século 19, e cuja origem remete para a inclinação das mesmas potenciando as quedas e respectivas maleitas...A Escada Quebra-Costas fica entre a Rua da Praia do Manduco e a Travessa dos Vendilhões.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
"Macau Antigo" visitado por mais de um milhão
Em quase oito anos, mais de um milhão de utilizadores visitaram o blogue Macau Antigo. Para o autor, este é o reconhecimento “do mérito” de um projecto que pretende divulgar a história do território. João Botas gostaria de fazer “algo diferente”, porém, “sem apoios é muito difícil”.
Ultrapassar a marca de um milhão de visitantes em quase oito anos “significa o reconhecimento por parte dos leitores do mérito deste projecto em que me propus divulgar a história de Macau, tendo por base uma linguagem simples e uma forte aposta nas imagens, com recurso a uma plataforma que chega a todas as partes do mundo”, explicou ao JORNAL TRIBUNA DE MACAU, o autor do blogue “Macau Antigo”.
De acordo com as contas de João Botas, “em média registaram-se 125.000 visualizações por ano, ou seja, todos os meses passaram pelo blogue cerca de 10.500 pessoas, numa média diária de 350 leitores”. Portugal reina em termos de audiência, seguindo-se Macau, EUA e Brasil.
Para atingir este marco, contribui sobretudo “o empenho” do autor e “a qualidade do trabalho apresentado”. “A dinâmica que tento incutir, não só aos conteúdos, mas também à forma, ajudam a explicar a manutenção do fluxo constante de leitores, a par de iniciativas diversas com os passatempos em que os prémios para os leitores são livros”.
A propósito da meta agora alcançada, o autor vai oferecer 80 livros até ao final do ano.
Ao longo destes oito anos de história, houve muitos episódios marcantes relacionados com o blogue, mas João Botas escolhe recordar apenas alguns dos mais recentes. “Dois jovens artistas de Macau, Eric Fok e Wong Ka Long, passaram por Portugal e fizeram questão de se encontrar comigo. Não os conhecia antes. Foi através do blogue. Estivemos várias vezes juntos, visitámos marcas de Macau em Lisboa, e falámos muito sobre a história, mas também sobre o quanto está por fazer em prol da arte em Macau. Foi muito gratificante”, contou.
Outra situação que relembra está relacionada com um norte-americano “tão apaixonado pela história dos Descobrimentos portugueses, que até está a aprender português”. “É leitor assíduo do blogue e, numa viagem a Portugal, contactou-me para trocarmos ideias”. “Recordo-me ainda das muitas pessoas que me contactam via e-mail, solicitando mais informações sobre familiares já desaparecidos que viveram em Macau e querem saber como era a vida no território numa determinada época”.
“Macau Antigo” abarca o período entre os séculos XVI e XX, sendo “o maior acervo documental online sobre a história de Macau acessível gratuitamente”. “Nos últimos oito anos foram redigidas cerca de 3500 publicações” e apresentadas “mais de 30.000 imagens”. “Além dos 253 leitores registados na plataforma blogspot, o projecto conta com 1718 registos na rede social Facebook”.
A par do blogue, João Botas iniciou um projecto de “recolha de objectos do quotidiano de Macau no século XX”, incluindo postais, moedas, notas, carteiras de fósforos, mapas, livros, jornais, guias turísticos, fotografias, selos, calendários, lai sis, facturas ou bilhetes de espectáculos. “Já reuni mais de um milhar de peças que conto um dia passar para livro e fazer uma exposição”, explicou.
No entanto, para “almejar algo diferente” seria necessária alguma ajuda. “Sem apoios é muito difícil. Ideias não me faltam e entusiasmo também não, mas já não embandeiro em arco com promessas de apoio que se ficam pelas palavras, nomeadamente de instituições de Macau, públicas e privadas, com responsabilidades nesta área”, destacou, sem indicar nomes.
“Tenho vários projectos em carteira, mas tenho por norma não fazer coisas para o umbigo. Se encontrar as parcerias certas para os concretizar, estou disposto a fazer ainda mais pela divulgação de Macau”, garantiu. Como exemplo de trabalhos sem destino devido à falta de apoios, referiu ter pronta uma biografia de Manuel da Silva Mendes (1867-1931), com “muito material inédito”. “Cheguei a ir a Macau fazer uma apresentação pública do projecto, surgiram publicamente vários interessados na edição, mas não passaram das palavras aos actos”, lamentou.
O autor solicitou apoio à Fundação Macau (FM) “que concedeu um apoio de 5.000 patacas, na condição de eu lhes oferecer 50 exemplares. Ora, ao preço que estão os livros, e o transporte dos mesmos de Lisboa para Macau, teria de ser eu a subsidiar a FM, e isso é um absurdo, portanto, recusei”. Outra ideia está relacionada com a história do turismo em Macau. “Apresentei uma proposta à actual directora dos serviços e aguardo uma resposta”, explicou. João Botas referiu ainda que já várias pessoas lhe disseram que seria “uma excelente ideia fazer uma versão em livro” dos “conteúdos inéditos” que escreveu no blogue e muitos outros que já tem preparados mas ainda não publicados. “Parece-me ter pernas para andar, mas só avanço caso tenha apoios”.
Artigo da autoria de Inês Almeida publicado no JTM de 13.10.2016
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
GPM: a criar emoções desde 1954
A propósito da edição 63 do GPM, que se realiza de 17 a 20 de Novembro, este fim-de-semana (15 e 16 Outubro), o Turismo de Macau em Portugal convida todos a "sentir de perto as emoções do Grande Prémio de Macau", na Praça Central do Centro Comercial Colombo, em Lisboa.
Para além de poder sentir as emoções de correr no "circuito da guia" ao volante de um fórmula 3 num simulador, estão ainda agendadas mais actividades: passeios de riquexó, workshops de escrita chinesa, onde poderá aprender um pouco sobre a língua e cultura chinesas; actuações de dança chinesa por bailarinas de Macau e “Leve o Seu Nome em Caracteres Chineses”.
terça-feira, 11 de outubro de 2016
Costa Gomes e Gomes da Costa
Ambos exerceram o cargo de Presidente da República e tiveram passagens por Macau...
Costa Gomes, (1914-2001) realizou várias comissões de serviço nas colónias portuguesas, tendo chefiado uma expedição militar a Macau, em 1949, exercendo funções como subchefe e chefe do Estado-Maior naquela região. Segundo as suas próprias palavras a expedição militar foi organizada porque havia o receio de uma possível tomada do território por parte das forças leais a Mao Tsé-Tung. Em Macau, Costa Gomes participou na elaboração de um relatório assinado pelo Coronel Laurénio Cotta Morais dos Reis em que se afirma ser uma "fantasia" pretender-se assegurar militarmente a posse do território.
Curiosamente essa mesma já fora defendida pelo general Gomes da Costa (1863-1929) na década de 1920. "Em 1922, em virtude das suas actividades conspirativas e declarações políticas, o governo republicano envia-o à China e à Índia, em funções de inspecção militar, de onde regressa em Maio de 1924."
Gomes da Costa chega a Macau a 8 de Outubro de 1922, acompanhado do seu filho Carlos Nunes Gomes da Costa, como secretário, e o tenente Salgueiro Rego, ajudante de campo, para inspeccionar os serviços militares de Macau na sequência dos denominados "Conflitos no Oriente", em Maio desse ano, quando foi decretado o estado de sítio em Macau, depois de sangrentos conflitos com cerca de três dezena de mortes (29 de Maio). Em 1923 Gomes da Costa faz uma alocução aos "soldados de Portugal" em Macau.
Em Agosto de 1995, o JTM revelou algumas das memórias de Costa Gomes sobre a sua passagem por Macau (excertos desse artigo):
Os comandos militares portugueses em Macau estabeleceram boas relações com o Exército de Mao Zedong ainda antes da queda do governo nacionalista de Chiang Kaishek, ignorando instruções de Salazar para isolar o comunismo chinês, revelou o marechal Costa Gomes. “Sempre tive boas relações com os comunistas chineses e, através desses contactos, sabia que eles não tinham intenção de atacar Macau”, disse à Agência Lusa, em Pequim, o antigo Presidente português. Ao recordar a sua comissão de serviço em Macau entre Junho de 1949 e Novembro de 1951, o marechal Costa Gomes afirmou que os militares portugueses “acabaram por ter mais problemas com os refugiados nacionalistas do que com os comunistas, que possuíam, aliás, um bom Exército”. “Havia muitos refugiados que passavam por Macau, sobretudo vindos de Xangai”, contou. Costa Gomes, actualmente com 81 anos, era então Chefe do Estado-Maior do Corpo Expedicionário português enviado para Macau para enfrentar o avanço do comunismo na China. Parte dos efectivos, estimados em seis mil homens, era constituída por “atiradores” recrutados em Angola. (...)
Costa Gomes ao centro, tendo à direita o ajudante de campo, tenente Costa.
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domingo, 9 de outubro de 2016
A expulsão dos jesuítas e outras congregações religiosas
A 8 de Outubro de 1910, poucos dias depois da implantação da República, o Governo Provisório da República publica um diploma, elaborado pelo ministro da Justiça, Afonso Costa, que mantém em vigor a lei pombalina de 3 de Setembro de 1759 "pela qual os jesuítas foram havidos por desnaturalizados e proscritos" e "expulsos de todo o país e seus domínios para neles mais não poderem entrar" e a lei de 28 de Agosto de 1787 que determina a expulsão imediata da Companhia de Jesus, assim como o decreto de 28 de Maio de 1834 (da autoria de Joaquim António de Aguiar) que extinguiu todos os conventos, mosteiros, colégios, hospícios e casas de religiosos de todas as ordens regulares.
O mesmo diploma declara nulo o decreto de 18 de Abril de 1901 que autorizara a constituição de congregações religiosas no caso de se dedicarem exclusivamente à instrução e beneficência ou à propaganda da fé e "civilização" no ultramar. Por este diploma, opera-se assim a expulsão dos jesuítas e de outros membros das demais companhias, congregações, colégios e casas de religiosos pertencentes a ordens regulares se forem estrangeiros ou naturalizados e, no caso de serem portugueses, são compelidos a viver vida secular ou, pelo menos, a não viver em comunidade religiosa.
O mesmo diploma declara nulo o decreto de 18 de Abril de 1901 que autorizara a constituição de congregações religiosas no caso de se dedicarem exclusivamente à instrução e beneficência ou à propaganda da fé e "civilização" no ultramar. Por este diploma, opera-se assim a expulsão dos jesuítas e de outros membros das demais companhias, congregações, colégios e casas de religiosos pertencentes a ordens regulares se forem estrangeiros ou naturalizados e, no caso de serem portugueses, são compelidos a viver vida secular ou, pelo menos, a não viver em comunidade religiosa.
Em suma, a 8 de Outubro de 1910 foram extintas a Companhia de Jesus e as demais companhias, congregações religiosas, conventos, colégios, associações, missões ou outras casas de religiosos passando os seus bens, móveis e imóveis, para a posse do Estado. Estas alterações legislativas seriam republicadas no "Boletim Official do Governo da Província de Macau", na edição de sábado, 19 de Novembro de 1910.
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Macau há 100 anos
Há um século - 1916 - o cruzador da marinha dos EUA, USS Brooklyn, passou por Macau e um dos membros da tripulação registou estas imagens do território. Colocado ao serviço em 1898, nesta altura - em plena primeira guerra mundial - o navio fazia parte da frota asiática norte-americana (era o navio comando) estacionada nas Filipinas. Entre 1916 e 1919 o USS Brooklyn efectuou várias viagens à China, Japão e Rússia. Seria desactivado em 1921.
Nas imagens acima destaque para o Palacete da Flora e a Av. Almeida Ribeiro
Abaixo: ruínas de S. Paulo, Fortaleza do Monte e uma panorâmica da baía da Praia Grande
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Marcos do correio: monarquia vs república
à esquerda o símbolo da República e à direita o da Monarquia
Na Rua de Cinco de Outubro em 1999. Foto de Jaime Ramos
Av. Horta e Costa
Resistiram uns 2 ou 3 exemplares depois de 1999: no Consulado português e na Casa Garden. Concebido à imagem e semelhança dos marcos do correio de Portugal e que poucas alterações sofreu desde a década de 1950.
Um ano após a implantação da República em Portugal, a 5 de Outubro de 1910, seria a vez da China (1 Outubro 1911) passar da dinastia imperial para o sistema republicano. A proximidade das datas não é mera coincidência. Mas as semelhanças não se ficam por aqui...