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domingo, 31 de julho de 2016

Postal hidroavião: Janeiro 1928


"Macau 3-1-1928 

Minha Antónia, desculpa-me por nesta ocasião não te escrever uma carta porque o que quero dizer não te posso escrever agora por falta de tempo, só horas antes de partir a mala é que se soube aqui que havia mala para Portugal. 
A carta que te quero escrever é muito extensa. Peço-te que me mandes aquilo que te pedi. Nos últimos jornais que receberes vai o de 22 de Janeiro que me esqueceu de o mandar na outra mala. 
Não repares para os postais que que mando pois aqui não há postais (vira) como aqueles que tu me mandaste. 
Este aparelho que aqui vês é da aviação que montaram cá em Macau é dos tais que trouxe o "Pero de Alenquer". Recebe muitas saudades minhas e um beijo do teu marido. 
Manuel. 
Adeus"

Postal enviado de Macau para Portugal em Janeiro de 1928. As referências à "mala" significam a mala do correio marítimo; refere-se ainda a criação do Centro de Aviação Naval (em 1927); o postal mostra um dos três hidroaviões Fayreys (na Taipa) transportados até Macau pelo navio da marinha portuguesa Pêro de Alenquer.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Os Macaenses – Herança e Memórias de Portugal em Macau

Linda Rika Naito, uma académica japonesa apaixonada por Portugal e por Macau, foi a vencedora da mais recente edição (19ª) do Prémio Literário “Rodrigues, o Intérprete” atribuído pela Embaixada de Portugal em Tóquio (Japão). 
O livro abrange uma pesquisa extensiva sobre “Os Macaenses”, a história da comunidade macaense, negócios entre Macau e o Japão e entre Portugal e a China, a situação depois do retorno da soberania de Macau para a China, outras culturas daquela região e entrevistas com vários macaenses.
Segue-se um excerto de um artigo/entrevista da autoria de Liane Ferreira publicado no Jornal Tribuna de Macau a 3.12.2014:
No livro “Os Macaenses – Herança e Memórias de Portugal em Macau”, Linda Rika Naito sustenta que macaense é um “termo sem definição”. “Nunca existiu um conceito fixo”, explicou a autora, enumerando que podem ser identificados oito factores necessários para considerar alguém como sendo macaense: descendência portuguesa; nascido em Macau; educação de origem portuguesa; falante de português; ser católico; ser reconhecido como Macaense pela comunidade macaense; possuir uma certa “portugalidade” – ou seja, “fortes laços culturais e espirituais com Portugal” – e por último um “forte apego ou amor por Macau”.
Considerando que na fase inicial do nascimento da comunidade macaense, a “condição básica da identidade macaense era ser descendente de português e ter nascido em Macau”, Linda Rika Naito afirma que a evolução e diversificação dos macaenses conduziu à inclusão de novos factores para a definição do conceito.
Assim, e como os macaenses têm um historial de diáspora, resultando em novas gerações, o facto de ser nascido em Macau também deixou de ser considerado como condição fundamental. “Os macaenses possuem uma longa história de imigração a outros países e territórios”, disse, ao salientar que “actualmente a maioria da população macaense vive fora de Macau, o que significa o surgimento de gerações de macaenses não nascidas” no território. “Portanto o factor de ser nascido em Macau já não é considerado essencial para ser macaense”.
No mesmo sentido, devido à forte influência chinesa, ser descendente de português deixou de ser um elemento “decisivo”, apesar de ainda ser importante. De acordo com a académica, tal mudança deve-se à redução da população portuguesa, mas também à “diminuição da importância da descendência portuguesa para manter o estatuto social”. “A nova geração de macaenses está cada vez mais a contrair casamento com chineses de Macau e de Hong Kong e muitas das suas crianças já não possuem aparências portuguesas ou ocidentais”.
“O factor mais importante para determinar o macaense não é a sua origem, mas a ‘portugalidade’, se foi criado num ambiente de vida à portuguesa no qual seja possível construir uma etnicidade culturalmente e espiritualmente ligada à comunidade macaense”, entende a professora, que integra o Departamento de Estudos Luso-Brasileiros da Faculdade de Estudos Estrangeiros da Universidade Sophia, no Japão.
Linda Rika Naito destaca que ficou “impressionada com a velocidade do aprofundamento das influências chinesas”, após o estabelecimento da RAEM, sendo “significativa a diminuição do número de macaenses descendentes de portugueses e também de estudantes que frequentam o ensino em língua portuguesa”. “A existência de privilégios políticos e de carreira profissional para os portadores de factores chineses, está a desestimular os mais jovens na preservação dos laços com Portugal”, frisou.
Durante o seu trabalho de pesquisa, a académica entrevistou cerca de 20 personalidades da comunidade macaense, com idades que variavam entre os 20 e 60 anos, incluindo Miguel de Senna Fernandes, António Conceição Júnior, Rita Santos, Jorge Rangel e José Pereira Coutinho, questionando-os sobre o futuro da comunidade e as mudanças na identidade macaense depois da transferência de soberania do território.
Destes encontros, a investigadora sublinha que existe “uma clara divisão” entre optimistas e pessimistas. Enquanto os primeiros acreditam na preservação da comunidade porque esta se tem caracterizado pelo ajustamento e adaptação às diferentes realidades, os pessimistas acreditam na “assimilação à sociedade chinesa” e consequente desaparecimento do macaense.
Linda Rika Naito frisa que os optimistas apontam para o “nascimento de uma nova identidade macaense”, que “aceita a realidade de ter nascido e crescido em Macau, tendo como raiz identitária o profundo laço com a sua terra natal”. “Em suma, é uma identidade que não possui relações com a ‘portugalidade’, ou seja que não está espiritualmente ligado a Portugal e não possui valores e bases de pensamento português. Uma identidade que também não possui no núcleo da sua identidade o forte nacionalismo e a fidelidade à China como cidadão chinês”, destacou. No entanto, a académica alerta que esta direcção significa uma “certa afiliação com a comunidade chinesa com a qual historicamente existiu barreiras”, não sendo “uma tarefa fácil”.
Ressalvando que após a década de 70 foi registado um aumento do número de casamentos entre macaenses e chineses nascidos no território, criou-se uma geração que já se encontra a constituir família. “Desta forma, as barreiras e os obstáculos antes existentes gradualmente desaparecerão e as novas gerações serão portadoras de um maior amor a Macau”, mantendo a característica única “muito diferente” das outras cidades chinesas. Para a académica, nascerá assim “a identidade do macaense independente de Portugal e da China, abrindo novas portas para o seu futuro”. (...)

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Fac(h)adas no património


No início desta semana foi notícia em Macau as obras de renovação de um edifício da Rua do Visconde Paço de Arcos - junto à Ponte 16 no Porto Interior - que antigamente era uma loja de venda de peixe.
Dá-se o caso dos trabalhos terem avançado sem a licença necessária e resultaram na remoção de seis caracteres chineses e respectiva alteração das fachadas do edifício. Segundo consta as autoridades locais vão obrigar à reposição da configuração original pelo que resta aguardar para ver se não se apaga em definitivo mais uma marca da malha urbana do território e que felizmente tem vários exemplos espalhados pela cidade.
Este caso coloca em evidência, mais uma vez, algumas deficiências ao nível da fiscalização e a falta de sensibilidade de alguns particulares para a preservação do património. Refira-se que embora não estejamos perante um edifício classificado, manda o bom senso que impere a sua salvaguarda.
PS: O governo da RAEM decidiu-se pela demolição do antigo hotel Estoril. Ainda assim, o mural da fachada será salvaguardado. Foi essa a garantia deixada pelo presidente do Instituto Cultural.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Morreu Artur Correia, o "ruço"

Artur Correia, antiga glória do futebol português na década de 70, e antigo residente em Macau, morreu esta semana em Portugal. Tinha 66 anos.
Antigo lateral-direito de Benfica, Sporting e da Selecção Nacional (1972-1979), Artur Correia era conhecido no mundo do futebol pela alcunha de "Ruço" tendo somado um total de 35 internacionalizações pela selecção A de Portugal. Vestia a camisola como número 2 e marcou um golo de quinas ao peito.
Começou a jogar no Futebol Benfica, passando depois para o Benfica, onde terminou a formação. No início da carreira sénior, seguiu o sonho da medicina e mudou-se para Coimbra onde jogou três épocas na Académica. Regressou depois à Luz para ganhar cinco campeonatos em seis anos pelo clube de que era sócio desde que nasceu. 

Em 1977 mudou-se para o rival Sporting, depois de recusar um corte salarial no Benfica, e em Alvalade ganharia mais um campeonato, em 1979/80, numa época em que se dividiu entre Portugal e os Estados Unidos, onde teve uma aventura ao serviço do New England Tea Men. Em Setembro de 1980 viu a carreira terminar precocemente, na sequência de um acidente cardiovascular. 
Foi depois desta fase que rumou a Macau. Era eu ainda adolescente e "cruzei-me' com o Artur numa das muitas equipas de futebol juvenil do território e onde ele era treinador. Não sei se pela equipa da Enfermagem se pela do Sporting, ou se pelas duas, o que eu recordo bem é dos treinos intensos no antigo campo de terra do colégio D. Bosco (muito perto do edifício Hoi Fu). Em termos pessoais recordo uma pessoa exigente mas justa e com uma paixão enorme pelo futebol.

 Depois de uma primeira ida a Macau em 1970, a equipa do Sport Lisboa e Benfica voltaria a Macau em 1973. Da comitiva fez parte Artur Correia  - na imagem em cima ao lado de Eusébio que cumprimento o Gov. Nobre de Carvalho.

Shéu, Artur Correia, Simões, Nené, Eusébio, Adolfo, Toni, Artur Jorge, Rui Rodrigues, Humberto Coelho, José Henrique foi o 11 do Benfica em Macau em Fevereiro de 1973.
De acordo com os registos da época, em Hong Kong o SLB derrotou a selecção do território por 11-0, a selecção dos Estrangeiros por 3-1 e a selecção chinesa por 5-1. Em Macau jogou a 11 de Fevereiro no campo desportivo 28 de Maio (Canídromo) contra uma equipa constituída por jogadores de Macau e Hong Kong que seriam derrotados por 11-0.

As ilhas por Lei Chiu Vang e Ou Ping

 Coloane na década de 1960 por Lei Chiu Vang
Taipa por Ou Ping na década de 1970

sábado, 23 de julho de 2016

Letter from Macao: The New Yorker 1951


"This Portugues colony on the South China coast is made up of a three-mile peninsula and two small islands and is 35 miles below Hong Kong. 
Its neutrality plays a big part in its activities. Much smuggling is going on and is linked with the Communist issue-they bring oil and gasoline from Hong Kong to Macao, for later sale in Red China. 
Gold comes in and is sent on to Hong Kong. Macao was founded around 1557. It is the Church's beachhead in East Asia. The most striking symbol of today's neutrality is the post office schedule listing closing time of mails to Portugal by different routes, including by rail across Siberia. Also American salesmanship has promoted American products like Coca Cola and Kleenex. 
There is not much industry-the real thing is the rackets. Gambling goes on all the time; opium can be smoked without much trouble. (...)"

Excerto de artigo da autoria de Christopher Rand publicado na edição da The New Yorker de 17 de Novembro de 1951.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Macau antigo nas obras de Eric Fok

Eric Fok, tido como um dos mais talentosos artistas plásticos da sua geração (nasceu em Macau em 1990), está por estes dias por Lisboa e resolveu fazer-me uma visita. Após o conhecimento virtual esta foi a primeira vez que estivemos frente-a-frente. Falámos de Macau, naturalmente, mas sobretudo da sua carreira, que me parece muito promissora e que merece ser 'acarinhada'.

Vem tudo isto a propósito de uma série de trabalhos de Eric Fok, intitulada Paradise 20 - distinguida com o Prémio Fundação Oriente de Artes Plásticas e escolhida para a Bologna Illustration Exhibition de 2013. Nestas obras é notório o trabalho meticuloso inspirado em mapas antigos que 'interagem' com construções mais recentes do território. E tudo isto com recurso à denominada caneta técnica que Eric domina com mestria e cuja companhia não dispensa, mesmo em férias. 
Eric já participou em exposições em Itália, Portugal, Estados Unidos, Japão, Singapura, Taiwan, Hong Kong e Macau. Numa mostra realizada na Fundação Rui Cunha em 2014, o curador, Chihong Choi referiu-se assim às obras de Eric Fok: “Com todo o capricho, sagacidade e sabedoria, Eric Fok experiencia nas suas obras uma intrigante combinação da “Skyline” e da cartografia, ele cruza o passado com o presente, junta o leste com o oeste, tornando a realidade e a imaginação inseparáveis. Casinos gigantescos, Torre de Macau erguendo-se enorme e engarrafamentos de tráfico ilustrando cada mapa antigo de Macau, são a forma como o artista eloquentemente articula suas preocupações em relação a esta pequena terra a que ele chama a sua casa”.
PS: num próximo post adiantarei mais detalhes sobre a vida e obra de Eric Fok.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

O patuá: reflexão sumária

Henrique Miguel Rodrigues de Senna Fernandes (1923-2010), ilustre escritor e advogado macaense, dizia que "Ser macaense é um estado de alma: somos filhos de uma caso amoroso entre a Ásia e o Ocidente e muito orgulhosos do nosso sangue misto". Lembrei-me disto para este post com algumas notas genéricas sobre o patuá, a "língua macaista" que remonta ao português dos séculos XVI e XVII e chegou a Macau pelos portugueses que vinham de Sião, Malaca, Bengala, Coromandel, Malabar, Ceilão, Surrate, Pérsia...
Monumento da Vitória (1622): foto década 1980
Numa primeira fase os portugueses usaram tradutores locais na comunicação comercial surgindo as primeiras palavras muito ligadas à actividade comercial; mais tarde esse intercâmbio acentuou-se nomeadamente com a presença administrativa e militar permanente; há ainda um importante contributo dos jesuítas que elaboraram muitos glossários e gramáticas.
É assim que desses primeiros contactos emerge um crioulo classificado com pertencente ao grupo sino-português, o chamado macaísta ou patuá, trazido de Malaca desde 1557 e, posteriormente, usado também em Hong Kong e Xangai. 
Estamos pois perante um crioulo baseado no vocabulário português mas enriquecido com inúmeras palavras chinesas e das línguas dos povos que por ali passaram.
Como qualquer língua foi evoluindo com os tempos e manteve-se muito activo até aos primeiros anos do século XX. Seria curiosamente com o surgimento e massificação do ensino após a implantação da república que se inicia o que se pode apelidar de processo de descrioulização, cimentado posteriormente com o facto de depois da segunda guerra mundial se assistir a um grande desagregação das comunidades macaenses (diáspora), fazendo com que o crioulo patuá fosse praticamente extinto. 
Em termos de características, os especialistas consideram existir três tipos de patuá/macaísta: a)o puro ou cerrado, falado principalmente pelas classes baixas que mais tarde ganhou terreno graças ao isolamento da Metrópole; b) o macaísta modificado pela tendência de se aproximar do português, falado pelas pessoas mais instruídas que mantinham maior contacto com a Metrópole; c) e o macaísta falado pelos chineses.
Sugestões de leitura sobre o tema:
Aldina de Araújo Oliveira: 
Algumas considerações sobre a língua chinesa e o dialeto de Macau, 1974, Lisboa. 
Graciete Batalha: 
Estado atual do dialeto macaense, Revista Portuguesa de Filologia, vol. IX, 1958, Coimbra.
Situação e perspetivas do português e dos crioulos de origem portuguesa na Ásia Oriental (Macau, Hong Kong, Malaca, Singapura, Indonésia), 1985, Lisboa.

terça-feira, 19 de julho de 2016

Os Sequeira e a Sociedade Philarmonica Bangkok

Tem já 12 discos editados. Uma ópera, um bailado, várias obras de música sinfónica, de câmara e para piano solo. Mas todos os sábados deixa de lado a sua própria música para tomar, com o seu saxofone, o lugar de director da mais exclusiva das bandas privadas em toda a Tailândia: a do rei. O mesmo lugar foi em tempos ocupado pelo seu pai, uma das mais respeitadas figuras da música no país. 
Pathorn Bede Srikaranonda de Sequeira responde assim a um gosto particular do rei tailandês pelo jazz. Revisitando alguns dos grandes standards, em serões que por vezes se alongam pela noite dentro.
O último apelido do músico não engana. A ascendência é portuguesa. A sua família está radicada em Banguecoque desde 1890. Mas a sua genealogia recorda, contudo, figuras com relevante serviço à coroa portuguesa desde as origens da nacionalidade. Numa nota genealógica que apresenta no seu site oficial (ver caixa), explica que o nome de família foi usado pela primeira vez quando, em 1176, D. Egas Pires Coronel (nascido 20 anos antes, sendo desconhecida a data da morte) comprou a terra de Santa Maria de Sequeira no então jovem reino de Portugal. Era um nobre aragonês e, nesse ano, acompanhava uma das filhas do rei, D. Dulcia, que se casaria com o futuro D. Sancho I.
A relação da família com a Ásia data do século XVII. D. Gonçalo de Sequeira de Sousa esteve do lado do duque de Bragança (coroado em 1640 como D. João IV) na Restauração. Foi enviado numa embaixada ao Japão em 1642, e morreu no regresso, a caminho da Índia. Um dos seus filhos ali ficou ao serviço do vice-rei português. Radicou-se em Macau e, em 1684, foi enviado à corte do rei Narai, em Sião. Esse foi o primeiro contacto da família do compositor com o país que hoje é o seu. Chegaram a Banguecoque em 1890, um ano depois de se terem mudado de Macau para Hong Kong. E foi com a chegada à cidade onde hoje residem que a música entrou na vida dos Sequeira.
Na primeira fila, segundo a contar da esquerda, está Lourenço Sequeira. Ca. 1895

D. Lourenço Justiniano de Sequeira (1874-1910) foi guitarrista amador e fundou a Bangkok Philarmonic Society. O seu filho, D. Reinaldo, foi um dos primeiros tailandeses a tocar música ocidental. A tradição continuou com o pai de Pathorn, D. Raimundo Amado de Sequeira, que, pelos serviços musicais prestados ao rei tailandês foi agraciado com o nome thai Manrat Srikaranonda e, em 1992, recebeu o título de Artista Nacional, o mais elevado que pode ser entregue a um artista no país.
O pai de Pathorn, Raimundo Sequeira, 
tocando com o rei da Tailândia - Bhumibol -  em 1956

A herança portuguesa, assim como a história da sua família, representa uma presença importante na obra de Pathorn. Entre a sua obra conta-se E Se mais Mundo Houvera, Lá Chegara, composição para barítono, coro e orquestra, estreada na Embaixada Portuguesa em Banguecoque para assinalar o Dia de Portugal, durante o 60.º ano do reinado do rei Bhumibol. A obra usou excertos de estrofes d'Os Lusíadas, de Luís de Camões, traduzindo ideias que evocam a personalidade de um povo que há quase 500 anos estabeleceu uma relação de amizade com o reino de Sião.
A ideia de procurar na história matéria-prima para a criação musical vai brevemente ter nova expressão na obra do compositor. Entre os seus planos encontra-se a criação de uma nova ópera, muito provavelmente cantada em português e thai e que, como cenário, terá o Extremo Oriente e, como personagens e narrativa, factos reais protagonizados por antepassados seus no século XVIII, pouco depois da restauração da independência do trono português.
in Diário de Notícias, 11.07.2009

sábado, 16 de julho de 2016

Piscina do Hotel Lisboa


Menos de três anos depois de ter sido inaugurado (1970) já a empresa proprietária do hotel Lisboa , a STDM,  anunciava as primeira obras de remodelação:
"O Hotel Lisboa foi aumentado em 55 quartos, ficando agora com um total de 400 quartos, enquanto outros 200 estão em construção. Assim em meados de 1974, este moderno e luxuoso hotel que continua a ser umas das atracções de Macau funcionará com 600 quartos. O nosso edifício «Tudima» está a ser adaptado a estabelecimento hoteleiro de nível turístico. Chamar-se-á «Hotel Sintra» e terá 200 quartos, além de 70 apartamentos residenciais. (…) ”
A referência foi publicada no boletim de Informação e Turismo do início de 1973. E esta foi a primeira de múltiplas remodelações a que o hotel tem sido sujeito desde Fevereiro de 1970. 
Tanto quanto sei, por via de uma das mais recentes remodelações, esta piscina, localizada junto à Avenida da Amizade, já não existe, estando no seu lugar uma das múltiplas entradas do hotel. Fica o registo, a propósito destes dias mais quentes, de um local, onde muitas gerações, aprenderam a nadar. Refira-se que até 1974 não havia ligação rodoviária às ilhas (onde ficam as praias de Hác Sá e Cheock Wan) embora existisse desde 1952 uma piscina (municipal) aberta ao público.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Os Portugueses em Macau (1750-1800)

Sugestão de leitura (Macau na segunda metade do século 18): 
"Os portugueses em Macau (1750-1800): degredados, ignorantes e ambiciosos ou fiéis vassalos d' El-Rei?"
Da autoria de António Manuel Martins do Vale. Prefácio de Artur Teodoro de Matos. Edição Instituto Português do Oriente,
a dissertação de mestrado apresentada na Universidade de Macau, em Julho de 1994.
Índice: 
Organização Política e Administrativa: o Governador - o Ouvidor - o Senado; O Senado e a Sua Relação com a Administração - O Senado e o Governador: Uma Relação em Permanente Tensão - O Senado e o Governador da Índia: A Desconfiança Mútua - O Senado e o Governador do Reino: A Resistência às Reformas de 1783 - O Senado e Os Mandarins de Cantão: A Inevitável Acomodação ao Poder Qing - As Relações de Portugal Com Pequim - A tentativa de Esclarecer o Estatuto de Macau; Sociedade:  A População - A Maioria Chinesa - A Minoria Não Chinesa - Os Vassalos do Rei de Portugal - O Clero - O Clero Secular - As ordens Religiosas Masculinas - As Clarissas - O Terceiro Estado - Os Grandes Comerciantes - As Camadas Médias - Os Mais Desfavorecidos: Os Órfãos e as Viúvas - Os Estrangeiros; 
Economia: A Evolução Global da Economia (1750-1800) - As Conjunturas Económicas Financeiras - A Crise Económica Financeira de 1745 a 1760 - A Conjuntura Económica e Financeira de 1784 - 1799 A Estrutura Económica e Financeira - A Concorrência Estrangeira - A Perda de Navios - A Pulverizada Organização Mercantil de Macau - As Fugazes Relações Entre os Investidores Macaenses - A Concorrência Entre os Mercadores de Macau - A Administração da Fazenda Real: As Contas Públicas e a Criação da Alfândega - Os Capitais Movimentados Pelos Mercadores de Macau - Os Empréstimos Concedidos Pelo Senado - Os Empréstimos Concedidos Pela S. C. da Misericórdia - Outros Empréstimos: As Instituições Religiosas e os Mercadores Chineses - Os Portos e as Rotas Comerciais.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Postal "HongKong Hotel"

Este postal 'pintado' do Hong Kong Hotel é da década de 1900-1910 e tem a particularidade de incluir numa das múltiplas imagens que o compõem, uma vista parcial de um outro postal que circulou na época - imagem abaixo - com a legenda "Chinese junks off Macau". O imponente hotel de seis pisos e o mais luxuoso da então colónia britânica durante vários anos, funcionou entre 1866 e 1952.
ama.O

terça-feira, 12 de julho de 2016

Bibliografia da Literatura de Macau 1600-2014

“Uma Bibliografia da Literatura de Macau 1600-2014” é o segundo volume da “Colectânea do Museu de Literatura de Macau - Série História”. A planificação e lançamento desta colectânea tem como objectivo oferecer a estudos académicos materiais em versão original através da recolha de materiais e obras históricas, esperando, assim, levar à publicação de trabalhos ainda mais abrangentes e aprofundados sobre a literatura de Macau.
O autor, Wong Kwok Keung, conta com anos de experiência em recolha e investigação histórica, tendo seleccionado uma bibliografia com mais de 6000 volumes relacionados com a literatura de Macau. Através de uma análise do conteúdo, linguagem, editoras e outros factores e tendências das obras de literatura relacionadas com Macau, procura apresentar o estado de desenvolvimento da literatura em língua chinesa, portuguesa e inglesa no âmbito da literatura de Macau, a fim de proporcionar ao desenvolvimento da literatura de Macau valiosos materiais de referência.
Texto do ICM relativo à apresentação pública desta obra que decorreu no passado sábado.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Assembleia Legislativa: 1976

Há 40 anos, a 11 de Julho de 1976 realizaram-se as primeiras eleições para a Assembleia Legislativa de Macau. O escrutínio resultou da promulgação quatro meses antes do Estatuto Orgânico de Macau. Antes, existia um Conselho Legislativo, presidido pelo governador e composto por 14 vogais: cinco eleitos por sufrágio directo, oito eleitos por sufrágio indirecto e um nomeado pelo Governador, para representar a comunidade chinesa. Os eleitos pelo sufrágio directo eram indicados pelo único partido concorrente, a União Nacional.
Abertura da Assembleia Legislativa em Agosto de 1976.
Medalha comemorativa em bronze.
Garcia Leandro (esq.) na AL em 1976. Foto publicada na Revista Macau em 1994
 1977

domingo, 10 de julho de 2016

Templo Lou Pan

Gerido pela Seong Ka Hong, a Associação dos Operários e Artesãos dos Estaleiros de Construção Naval (juncos, sampanas e tancares), o templo de Lou Pan na rua Camilo Pessanha, tal como o da Rua da Cal, é dedicado a Lou Pan (ou Si Fu), também conhecido por Mestre dos Três Ofícios, perito em toda a espécie de trabalho de metais, pedras e madeira. É, portanto, o patrono dos operários e artesãos dos estaleiros de construção naval. No dia 13 do 6º mês lunar celebra-se o dia de Lou Pan. 
A imagem acima é do século XXI enquanto as restantes são da década de 1950
Na imagem vê-se à esquerda uma placa toponímica Da Rua Camilo Pessanha, assim denominada a partir de 1926, ano da morte do juiz e poeta. Antes chamava-se Rua do Mastro.

sábado, 9 de julho de 2016

Mestres da Ilusão 2 / Now You See Me 2


Mestres da Ilusão 2 / Now You See Me 2, filme actualmente em exibição nos cinemas inclui algumas cenas rodas em Macau (uma delas é a imagem abaixo). Na sequela do filme (estreou em 2013), sobre um grupo de ilusionistas que se dedica a "roubar os ricos para dar aos pobres", podemos ver o Centro de Ciência, os hotéis “Sands”, “Venetian" e "Grand Lisboa", bem como a Rua da Felicidade, o Mercado de S. Domingos e a conhecida loja de magia - criada há mais de 30 anos - a "Iong´s Magic Shop ".
PS: procure pelo 'tag "cinema" e (re)descubra outros filmes famosos rodados em Macau.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Partida para a Índia: 8 de Julho de 1497

A 8 de Julho de 1497 - há 419 anos - Vasco da Gama inicia a viagem que o iria levar à Índia e mudar para sempre a história de Portugal e do mundo. Na imagem o busto do navegador português em Macau num monumento inaugurado em 1911 no jardim com o mesmo nome.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Reconhecimento provisório do cônsul britânico: 1941

Tendo por base um parecer do Governador de Macau a 15 Julho de 1941, o director geral da administração política e civil (Portugal) envia um despacho (imagem ao lado) para o director geral dos negócios políticos.
No despacho informa informa que o Governador de Macau lhe tinha enviado um telegrama indicando como "não sendo inconveniente" reconhecer "provisoriamente" como cônsul da Grã-Bretanha em Macau o senhor John Reeves.
Na verdade, Reeves já estava no território há algum tempo e teria, a par de outros, um papel fundamental no apoio aos milhares de refugiados que afluíram a Macau entre 1937 e 1945, um dos períodos mais negros da história de Macau, assolada de forma indirecta pelas guerras sino-japonesa e guerra do pacífico.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Vinho Portuguez para venda a preços módicos

Anúncio publicado no Boletim Oficial de Julho de 1869
VINHO PORTUGUEZ PARA VENDA A PREÇOS MÓDICOS 
BRANCO de differentes qualidades em barris.
Tinto do do do 
Porto do do em caixas de uma duzia 
Mascatel em caixas de uma duzia 
Madeira da da 
Malvazia da da 
Carcavello da da 
Lavradio da da 
Termo da da 
Dirija-se das 10 á 2 horas ao escriptorio do sr Francisco d'Assis e Fernandes, casa nº 109, Praya Grande; e não sendo estas horas a casa do abaixo assignado, nº 24 rua do Pe Antonio. 
Macau 24 de julho de 1869 
JOSÉ VICENTE DE JESUS

terça-feira, 5 de julho de 2016

Juramento bandeira do CSM e Contingente Geral: 1974


"Com o cerimonial próprio do acontecimento, realizou-se em Macau o Juramento de Bandeira dos recrutas do C.S.M. e Contingente Geral. Assistiu o Comandante Chefe das Forças Armadas tendo sido proferida uma alocução pelo Comandante Militar. No final foram distribuídos prémios aos militares que mais se distinguiram durante a instrução."
in Jornal do Exército Nº 175 - Julho 1974

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Interport de Xadrez Macau vs Hong Kong: 1961

Este recorte do jornal South China Morning Post (Hong Kong) testemunha a edição de 1961 do interport de xadrez entre Macau e Hong Kong. 
Na fotografia do comité do torneio, que parece ter sido tirada no Club de Macau (Teatro D. Pedro V), podem-se ver-se entre outros, o Governador Silvério Marques, o coronel Pimentel da Costa, comandante militar de Macau, e Alberto Jorge, presidente da Associação de Xadrez do território. Nesta edição Hong Kong venceu Macau por 4-1.
O xadrez começou ter alguns contornos associativos em Macau na primeira metade do século XX. Este interport ainda hoje se realiza embora com características diferentes.

Para além do xadrez outros dos interports desportivos entre os dois territórios, foram os do hóquei em campo e do futebol.

sábado, 2 de julho de 2016

"Turista, um amigo"

No final da década de 1980 - 1989 - "Turista, um amigo" era o mote de uma campanha da Direcção dos Serviços de Turismo de Macau.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Eusébio na imprensa chinesa em 1973

Em época de Europeu de Futebol em França recorda-se por aqui uma das várias passagens de Eusébio por Macau. Neste caso, a cobertura da imprensa chinesa em 1973.