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sábado, 30 de abril de 2016

Jaguar Lives!

Jaguar Lives! é o título de um filme estreado em 1979. Joe Lewis (falecido em 2012) estreava-se como protagonista de uma história - realização de Ernest Pintoff - que gira em torno do combate - com muito kung fu pelo meio - a uma rede internacional de tráfico de droga. 
Do elenco fazem ainda parte Christoper Lee e Barbara Bach, um actor e uma actriz que antes tinham participado em filmes da saga do agente secreto James Bond. E não foram os únicos repetentes...
Mais do que a história e a forma como é contada destaco os registos cénicos do território em meados da da década de 1970 em zonas como a Penha e o Porto Interior. Os edifícios do Grand Hotel Kuok Chai e da  fábrica de panchões Kwong Hing Tai foram os únicos 'sobreviventes'...
Chegada do protagonista ao Porto Interior
Crianças numa sampana acenam a Joe Lewis
 Aspecto da marginal do Porto Interior junto ao cais
Cena de artes marciais no terraço frente à ermida da Penha

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Instituto Salesiano: desde 1906


Numa altura em que se equaciona a demolição do edifício mais antigo do Instituto Salesiano - albergava o dormitório e a cantina - recordo a história resumida desta escola católica para rapazes cujo lema em latim é Puri et fortes. Domingos Lam, primeiro bispo chinês de Macau, foi aluno do IS.
Os primeiros padres salesianos chegaram a Macau, em 13 de Fevereiro de 1906, devido aos esforços do Bispo João Paulino de Azevedo e Castro. Foram eles, os padres Luís Versiglia, Ludovice Olive e João Fergnani, acompanhados dos mestres de oficinas Feliz Borsio, Luís Carmagnala e Gaudencio Rota. Fundaram o Orfanato da Imaculada Conceição, para as crianças chinesas. 
O primeiro prédio do Instituto Salesiano da Imaculada Conceição - 澳門慈幼中學 - foi aberto a 1 de Abril de 1906, no n.º 3 da Rua da Prata. Foi depois transferido para o edifício da Rua de S. Lourenço. Em 1923 foi inaugurado um novo edifício na Calçada da Paz que tinha a separá-lo do edifício da Rua de S. Lourenço, um jardim onde se encontra o monumento à Nossa Senhora Auxiliadora (inaugurado em 1 de Abril de 1934). 

Quem conhece o espaço actual vai reconhecer esta 'abertura'...

Já na década de 1990 uma parte do edifício actual na rua de S. Lourenço foi demolida (a parte da escola secundária).

 Em 1956 (em cima) e actualmente (em baixo) na Rua do Padre António

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Antigos salões de chá


A propósito de umas fotos antigas disponibilizadas pelo meu amigo macaense JD, refiro-me neste post aos antigos salões/casas de chá de Macau de outras eras, famosos pelos pequenos almoços de dim sum. Entre as mais conceituadas destaque para a Lok Kok (demolida em 1994),Tai Long Fong, Long Wa (av. Almirante Lacerda), Kun Na...
 Salão de chá "Lok Kok" (seis país) na Rua 5 de Outubro

 Um peça da antiga Casa de Chá doada ao Museu de Macau
Curiosidades: 
A palavra Chá em português soa ao mesmo que em mandarim ou tailandês mas o mesmo já não acontece em várias línguas europeias onde, curiosamente, a palavra começa sempre pela letra T: Tea, Tee, Te, Té, Thé, Thee, etc. A explicação que me deram deriva do facto do chá ao ser transportado do oriente para o ocidente vir em sacos que muitas das vezes tinha a letra T (de transporte) inscrita. Pouco científica, mas provável.
Refira-se ainda como achega para o tema que o carater chinês para chá é 茶 e pode ler-se de duas maneiras: tcha (significa apenhar, colher) ou té (significa bebida). Temos assim uma explicação plausível para que tenhamos actualmente duas formas de dizer (e escrever) a palavra chá no mundo.
A lenda sobre as origens desta bebida aromática tão enraízada nos costumes chineses remonta aos tempos do imperador chinês Sheng Nong. 
Lu Yi (733-804 d.C.) / Lu Yu, monge budista da China, produziu no século VIII (Dinastia Tang) a primeira obra importante sobre o chá, intitulada Ch’a Ching (O Clássico do Chá) e ainda hoje considerada uma obra de referência (Lu é considerado o Deus do Chá) sobre os rituais, a cultura, a colheita, a preparação, a degustação, os utensílios e a planta propriamente dita.
No seu comércio os portugueses trariam nas naus as plantas do chá que nos primeiros tempos eram usadas com fins medicinais. 
As primeira referências escritas no ocidente surgem no século XVI com a descrição botânica da planta em tratados europeus por um suíço, Gaspar Bauhin (1550-1624), através de relatos feitos por holandeses, e outro por um jesuíta português, João Rodrigues (1562-1633). Voltarei ao tema em breve... até lá sugiro este post.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Colecção Iconográfica Única de Postais Fotográficos

O Arquivo de Macau, sob a égide do Instituto Cultural, apresentou ao público na semana passada o livro “Macau e os Territórios Lusófonos – Colecção Iconográfica Única de Postais Fotográficos”, de João Manuel Loureiro.
A obra “Macau e os Territórios Lusófonos – Colecção Iconográfica Única de Postais Fotográficos”, em língua portuguesa, resulta da colecção de postais fotográficos de países e regiões de língua portuguesa e Macau, propriedade de João Loureiro e recentemente adquirida pelo Arquivo de Macau.
A colecção é constituída por mais de dez mil de postais fotográficos entre 1898 e 1999 dos mais diversos motivos: geografia, economia, comércio, costumes, religião, arquitectura, monumentos, etc, de Macau, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e a Índia Portuguesa.

domingo, 24 de abril de 2016

Meios de transporte em 1957

 Alguns dos meios de transporte registados em 1957 por Joel Halpern.



sexta-feira, 22 de abril de 2016

Usos chineses do “modelo de Resende”

 Mapa de Macau no tempo da Dinastia Qing
Foram recentemente identificadas nas colecções públicas chinesas duas pinturas de Macau, as quais incluem, sobrepostos ao desenho original, legendas em manchu mais ou menos extensas. Fora este pormenor, é patente que as imagens em causa constituem simples variações sobre o modelo de Resende, com traços pictóricos de exclusiva inspiração europeia. Apesar das diferenças que exibem entre si, comungam também de certo tipo de originalidades em relação àquele modelo, o que prova que existiu uma estreita interdependência entre elas. Seguindo a ordem pela qual têm aparecido reproduzidas, a primeira corresponde a uma pintura que os catálogos sugerem datada de c. 1679-1682 , enquanto sobre a segunda apenas se indica que terá sido elaborada nos primeiros tempos da dinastia Qing.
A mais precisa destas duas datações remete-nos, de imediato, para o tempo da missão diplomática que o cidadão de Macau Bento Pereira Sarmento de Faria conduziu a Pequim, em nome dos interesses da sua cidade, em 1678. Pouco antes, desenrolara-se a embaixada de Manuel de Saldanha a Pequim (1667-1670), mas sucede que é a propósito da missão de Bento Pereira que surge a notícia de que a delegação portuguesa levava como presente uma pintura representando Macau, a qual tinha sido executada por um pintor local pelo preço de dois pardaus . Sucede também que a segunda destas imagens está pintada sobre uma tela envernizada de dimensões consideráveis (101x185 cm). Como Bento Pereira partiu para Pequim no início de 1678 – e como é elevada a probabilidade de alguma destas peças coincidir com a que então levou consigo para a Corte do imperador Kangxi –, além de insistirmos na origem portuguesa ou macaense de ambas, devemos considerar a hipótese de qualquer delas ter sido executada por volta de 1678. 
Planta de Macau ca. 1675:Desenhada a partir do “modelo de Resende”, tem a particularidade de incluir 9 legendas em manchu referentes aos principais pontos estratégicos da colónia. Está no Arquivo Histórico Nacional nº 1 da China, em Pequim.

Olhando o panorama do casario – de um imaculado branco mediterrânico – que a primeira destas imagens oferece, detecta-se que tal representação está mais próxima do traço original de Barreto de Resende do que de qualquer uma das posteriores simplificações do respectivo modelo já descritas (figura 3). As principais diferenças face a esse mesmo modelo de partida traduzem-se no acrescento de alguns perímetros amuralhados e na supressão de outros, numa maior precisão do risco da maioria das fortalezas e peças de artilharia, nas bandeiras com a cruz de Cristo levantadas dentro dessas fortalezas e na aparente ausência da silhueta de qualquer navio – dizemos aparente porque alguma ou algumas das nove grandes legendas em manchu que, manifestamente, foram acrescentadas ao desenho poderá ter ocultado o bosquejo de uma ou mais embarcações. A propósito destas 9 legendas, importa ainda notar que assinalam as 7 baterias e fortalezas principais, as Portas do Cerco e o templo de A-Má. Com excepção daquela que se reporta a estes dois últimos sítios, a informação nelas contida respeita apenas a matéria militar, designadamente ao número e à qualidade das peças de artilharia.
Temos notícia de que o imperador Daoguang recorreu à cartografia ocidental de Macau, por interposto Zaobanchu (Direcção de Obras do Neiwufu, ou Administração da Casa Civil do Imperador), quando teve de decidir sobre o destino da colónia lusa no contexto marcado pelo enfrentamento entre as teses do lobby anti-cantonense (acolhidas na intenção imperial de arrasar todo o sistema defensivo de Macau) e as pretensões do alto funcionalismo civil e militar de Cantão (o qual, a propósito da matéria crucial do tráfego do ópio, em 1835 apelou em uníssono e veio a conseguir impedir a concretização dessa mesma intenção). A partir da letra do despacho em causa (recebido no 17º dia da 12ª lua do 14º ano do reinado de Daoguang, i.e. 3 de Abril de 1835), já foi sugerida a hipótese do imperador ter então manuseado este mapa legendado em manchu. Em qualquer caso, devemos notar que a ordem imperial que esteve na origem do memorial ao trono dos “advogados” cantonenses de Macau – dada no 25º dia da 10ª lua do 14º ano do reinado de Daoguang (25 de Novembro de 1834) – apresenta uma contabilidade das peças de artilharia distribuídas pelas fortalezas da cidade bastante diferente daquela que temos neste mapa, pelo que preferimos ser mais cautelosos e não forçarmos tal associação.
Texto de Francisco Roque de Oliveira - Centro de História de Além-Mar, Universidade Nova de Lisboa - Bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Portugal) publicado na Scripta Nova Revista Electronica de Geografia y ciencias Sociales- Universidad de Barcelona. Vol. X, núm. 218 (53), 1 Agosto 2006

quarta-feira, 20 de abril de 2016

"Peregrinação Vermelha"

O novo livro do jornalista António Caeiro conta histórias do relacionamento Portugal-China entre 1949-1979 e da atracção que a revolução chinesa exerceu sobre alguns actuais líderes portugueses.
livro antonio caeiro“A China está hoje muito presente na vida portuguesa, com empresas, lojas chinesas, um grande número de turistas, mas há uma relação mais antiga que não era conhecida do grande público”, desenvolvida ao longo de um período em que os dois países não mantinham relações diplomáticas, mas os contactos oficiosos nunca foram interrompidos, afirmou o antigo correspondente da agência Lusa em Pequim. Foi “uma surpresa” compreender esse relacionamento e a dimensão da influência do maoísmo em Portugal ao longo daquele período, declarou. “Foi uma surpresa para mim e para muitos portugueses da minha geração e mais novos”.
“Houve uma grande atracção de Portugal pelo comunismo chinês como não houve em outros países”, disse Caeiro, sublinhando que parte da actual elite portuguesa foi maoísta na juventude.
O autor citou o historiador José Pacheco Pereira, na apresentação da biografia do fundador do Partido Comunista Chinês “Mao, a História Desconhecida”, de Jung Chang e Jon Halliday, quando este disse que “a passagem pelo maoísmo é um elemento muito importante da História contemporânea” portuguesa. Pacheco Pereira “passou” pelo maoísmo, no início da década de 1970. Após a queda da ditadura, aderiu à “esquerda liberal” e a seguir filiou-se no Partido Social-Democrata (PSD).
Caminho flexível
António Caeiro, que viveu mais de dez anos em Pequim, destacou Macau como um “fenómeno único do mundo”, que traduz a relação singular entre Portugal e a China. “Ao longo de muito tempo conseguiram arranjar ali, através daquilo que podemos chamar ‘flexibilidade do bambu’, por muitos tufões políticos e económicos que surgissem, uma maneira de todos saírem bem”, sublinhou. Para contar estas histórias de vários intervenientes portugueses, chineses, macaenses e das ex-colónias, António Caeiro tentou encontrar “todas as pessoas que estiveram em contacto com a China ao longo desses trinta anos”.“Consegui quase todos (…) Alguns poderão aparecer depois da publicação do livro, o que será ainda melhor”, considerou, explicando ter escrito “Peregrinação Vermelha: O Longo Caminho até Pequim” ao longo de uma década.
Para o jornalista, a história mais impressionante e dramática que contou foi a de Viriato da Cruz, poeta fundador do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, actualmente no poder), que viveu e morreu em Pequim.
A 1 de Outubro de 1966, Viriato da Cruz discursou na praça Tiananmen perante um milhão e meio de pessoas e ao lado de Mao. Morreu em Junho de 1973, num hospital, depois de ter caído em desgraça e foi abandonado por todos. A mulher e a filha só conseguiram sair do país no verão de 1974, após a polícia política portuguesa ter autorizado a concessão de um passaporte. “A amizade Portugal-China é uma história com ‘H’ grande e estas são as histórias de uma história maior e mal conhecida”, concluiu.
Este é o terceiro livro de António Caeiro sobre a China. O primeiro “Pela China Dentro: Uma Viagem de 12 Anos” foi publicado em 2004 e o segundo “Novas Coisas da China – Mudo, Logo Existo” em 2013. 
Artigo da Agência Lusa de 15.4.2016
António Caeiro nasceu em Moscavide em outubro de 1949. É jornalista profissional há 38 anos. Em 1978 ingressou na agência noticiosa Anop, antecessora da Lusa. Em janeiro de 1991 partiu para a China, como correspondente da Lusa. Em 2012 foi condecorado pelo Presidente da República com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, pelo «contributo ao jornalismo e à aproximação entre Portugal e a China». 

terça-feira, 19 de abril de 2016

"Benvindo"


Este arco comemorativo ao jeito chinês foi colocado na ponte-cais do Porto Exterior aquando da chegada do governador Correia de Barros em 1957. 
Os símbolos nacionais usados são a bandeira portuguesa e o escudo.
Na época ainda não havia terminal de passageiros nesta zona. As carreiras marítimas chegavam ao Porto Interior.

Na foto destaque ainda para o pequeno edifício de apoio às operações da companhia aérea Matco: Macao Air Transport Company - Transportes Aéreos de Macau.
A título de curiosidade refira-se que a palavra conforma surge escrita é um nome próprio e não um adjectivo, como deveria ser. 
Ou seja, neste caso deveria estar escrito "Bem-Vindo", adjectivo usado para saudar hóspedes ou visitantes, como forma de manifestar satisfação pela sua presença. 

domingo, 17 de abril de 2016

Exposição Internacional de Nova Yorque 1939-1940


A “Feira Mundial de Nova Iorque de 1939” foi inaugurada em 30 de Abril desse ano. A exposição universal ocupou um área de 492 ha, no “Flushing Meadows-Corona Park”.
A presença de Portugal neste certame foi comissariada por António Ferro, director do “SPN - Secretariado de Propaganda Nacional”, que escolheria o arquitecto Jorge Segurado para a realização do projecto de arquitectura do pavilhão de Portugal (imagem acima).
Macau estaria representado num "planisfério luminoso da epopeia marítima". Para assinalar o evento os Correios aproveitaram um selo já emitido e colocaram um carimbo com a expressão "Exposição Internacional de Nova Yorque 1939-1940".
Esta exposição encerraria a 30 de Outubro de 1940 e por causa da 2ª Guerra Mundial a seguinte só viria a acontecer em 1949 no Haiti.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O mural do hotel Estoril

Numa altura em que é mais que certa a demolição do hotel Estoril, evoco a história do mural da fachada do edifício (que deveria ser preservada) e que com o passar dos anos 'perdeu' a assinatura do seu autor. Refiro-me ao escultor, arquitecto e empreiteiro italiano Oséo Leopoldo Goffredo Acconci falecido em 1988 aos 83 anos e que deixou várias obras da sua autoria em Macau.
Conhecido como 'babbo', Oseo Acconci fez parte do movimento artístico Arco-íris fundado pelo pintor Herculano Estorninho no início da década de 1960, precisamente a época em que criou o mural da fachada do hotel Estoril, marca rara do movimento futurista em Macau.
O mural/painel foi uma encomenda de Stanley Ho para o que era na época o seu primeiro hotel/casino inaugurado a 15 de Novembro de 1963.
No mural destaca-se a imagem de uma deusa semi-nua chamada fortuna. Segundo o neto Oseo Acconci Jr a ideia original do avô era uma deusa em nú integral que seria depois 'corrigida'/tapada por um véu e uma folha de oliveira. Do mural fazem ainda parte as figuras de um golfinho (símbolo cristão do amor) e uma gaivota que simboliza a serenidade.
Desenhado e construído no início da década de 1960 a autoria do edifício do Hotel Estoril é de Alfred Victor Jorge Alvares, arquitecto português radicado em Hong Kong. O edifício é composto por quatro pisos com a fachada principal  a ter 73,14 metros de comprimento e 16 metros de altura. Na fachada exterior o mural de mosaico tem 13,6 metros de altura e 5,7 de largura.
Planta do hotel Estoril (década 1960)

Em 1966 os preços dos 16 quartos duplos e 21 quartos singulares variavam entre as 45 e as 75 patacas por noite. 
O hotel situado na Av. Sidónio Pais, desactivado já há alguns anos, faz parte da história recente de Macau e tudo o que puder feito para salvaguardar essa memória, será sempre pouco. Com o hotel/casino Estoril, o território de Macau teve o seu primeiro hotel verdadeiramente moderno que incluía as valências de casino, restaurante, espaço de jogos de recreio, sauna... e logo ao lado (nas traseiras) a piscina municipal que nos primeiros anos era gerida pelo hotel.
O mural do Estoril em destaque num trabalho (por finalizar) da autoria de Adalberto Tenreiro
O mural fotografado num altura em que ainda visível em baixo, do lado direito, o nome de Acconci.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

"Em Torno da China"

João de Deus Ramos aterrou em Pequim em março de 1979 como encarregado de Negócios. Tinha 36 anos e já alguma experiência como diplomata, incluindo na Ásia, pois servira no Japão. Mas a missão na China era um desafio tremendo: tratava-se de abrir a embaixada portuguesa na República Popular da China, país com o qual os laços diplomáticos só tinham sido oficializados depois do 25 de Abril de 1974.
Mas porque viajou antes do embaixador? "Antes de chegar o general vão as tropas, para preparar o acampamento", explica ao DN João de Deus Ramos, acrescentando que nada estava preparado, que teve de se instalar num hotel e adaptar-se a um país que estudara mas que pela primeira vez visitava. Este e outros episódios de uma longa carreira constam do livro Em Torno da China - Memórias Diplomáticas que hoje será lançado às 18.30 em Lisboa, no Museu do Oriente, instituição a que o embaixador João de Deus Ramos está ligado pois foi administrador da Fundação Oriente e integra o Conselho de Curadores.
"Senti quando cheguei um grande entusiasmo. Estava numa das mais antigas civilizações do mundo e tinha pela frente um enorme desafio profissional. Por outro lado, lembro-me do ar nebuloso, cinzento, poeirento, desse final de inverno em Pequim, que nada tinha que ver com a cidade que hoje encontramos", relembra um homem que nos anos seguintes estará em todos os momentos-chave das relações luso-chinesas, em especial as negociações sobre Macau, devolvida à China em dezembro de 1999.
No livro, conta ter sido recebido por dois funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês e como lhe foi posto à disposição um motorista e carro, "um modelo de fabrico chinês, cinzento-esverdeado, usado para entidades oficiais de segundo plano e para táxis de luxo". Depois veio a surpresa da visita de um português, António Graça de Abreu, que tinha vindo como cooperante trabalhar no ensino de línguas e colaborar na revista China em Construção. Casado com uma chinesa, e com dois filhos pequenos, a família do futuro sinólogo e outro casal constituíam a comunidade portuguesa na China em 1979.
Ao fim de alguns meses chegou o embaixador António Ressano Garcia. Trouxe a mulher e o filho, conta o diplomata no livro. João de Deus Ramos mais tarde também verá a família chegar, incluindo as duas filhas muito pequenas. Assim, pouco a pouco, a vida foi-se normalizando, numa China que já não era a de Mao Tsé-tung (o líder comunista que morreu em 1976) e na qual Deng Xiaoping começava a deixar a sua marca, abrindo o país às reformas económicas que trouxeram o sucesso que hoje é uma evidência.
"Tenho uma grande admiração por Deng como estadista. Conseguiu transformar para melhor a vida de mais de mil milhões de pessoas", afirma João de Deus Ramos, que conheceu o grande reformador chinês no âmbito de uma visita do governador de Macau Melo Egídio a Pequim e reencontrará aquando das negociações que culminam em 1987 com a assinatura da Declaração Conjunta Luso-Chinesa sobre Macau, no Palácio do Povo, em abril de 1987, pelos primeiros-ministros Aníbal Cavaco Silva e Zhao Ziyang.
Num livro em que o tom pessoal se associa à importância dos acontecimentos descritos para tornar a leitura cativante, João de Deus Ramos dedica, claro, atenção especial à China, mas são também curiosos os relatos do encontro com Oliveira Salazar, que percebe pelo apelido ser filho de um diplomata conhecido, ou da forma como na embaixada em Tóquio os diplomatas receberam a notícia da Revolução. Estas Memórias falam ainda de Macau, da Fundação Oriente e terminam com uma declaração de amor à China, país onde viveu três anos e onde regressou "vezes sem conta".
Sobre a transferência de soberania de Macau, comenta ter sido inevitável e que "correu bem para Portugal e para a China". Sobre o que pensam os chineses dos portugueses, tem opinião muito própria: "É evidente que a China sente certa "ternura" por Portugal. Conhecemo-los há mais de 500 anos e, como gostam de dizer, nunca os humilhámos como os outros europeus."
Artigo da autoria de Leonídio Ferreira publicado no DN de 4.4.2016 
Diplomata, historiador e académico, há muitos anos que João De Deus Ramos vem publicando livros sobe a sua experiência na China.
Ao lado, "Portugal e a Ásia", uma obra que reúne 25 estudos produzidos entre 1991 e 2008, proferidos pelo autor como académico, e apresentados em eventos dedicados à história da Expansão Portuguesa ou Europeia na Ásia ou, ainda, publicados em revistas académicas nacionais ou internacionais.
O ex-embaixador, actualmente com 74 anos recebeu o Prémio Universidade de Coimbra 2013 pela sua dedicação "ao longo de muitos anos ao estudo da expansão portuguesa para o Oriente e ao estudo da influência da cultura chinesa em Portugal. De alguma maneira trouxe para Portugal aquilo que é a cultura oriental, e a cultura chinesa em particular".

terça-feira, 12 de abril de 2016

Exposição "Rumo ao Oriente: objectivo Macau"


A Casa do Governador em Beja reabriu em Março último com a exposição "Rumo ao Oriente - Objectivo Macau, apontamentos de uma viagem aérea em 1924" que celebra a primeira ligação aérea entre Portugal e Macau, realizada em 1924.
A primeira ligação aérea entre Portugal e Macau foi realizada por Brito Paes, Sarmento de Beires e Manuel Gouveia em 1924 a bordo da aeronave "Pátria" e a Casa do Governador, em Beja, está a expor parte do espólio de Brito Paes, doado pela família ao Museu Militar do Baixo Alentejo nas décadas de 40 e 50.
A preparação para a viagem teve início em 1920, sendo que a aeronave "Pátria", modelo Breguet 16-Bn2, partiu de Vila Nova de Milfontes a 7 de Abril de 1924.
A viagem foi realizada dois anos depois da famosa travessia aérea do Atlântico Sul, a ligação Lisboa-Rio de Janeiro feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral em 1922, sendo que a sua preparação começou em 1920.
Para a história o avião que ficou conhecido foi o Pátria mas, na verdade, foram utilizados dois aviões. Até Jodhpur (Índia), um “Breguet” 16 Bn2 equipado com motor de 300 CV e da Índia até Macau, um “De Havilland D.H.” 9 A com um Motor de 450 CV. Daí que existam referências ao Pátria I e ao Pátria II.
A viagem iniciou-se no dia 7 de Abril de 1924, em Vila Nova de Mil Fontes (na localidade existe um monumento que assinala o feito) e terminou a 20 de Junho do mesmo ano. Curiosamente o mau tempo não permitiu a aterragem em Macau. Sarmento de Beires relatou assim o que se passou: “Sobe o açoite furioso dos aguaceiros densos, rompemos para o Istmo de Macau, e passamos sobre a Ilha Verde e as Portas do Cerco” (...) “São cinco minutos de voo inacreditável, indescritível, irreal. O aparelho parece levado como uma folha de árvore, na violência do furacão”.  
No dia 21 de Junho a canhoneira “Macau” da Marinha Portuguesa que se tinha deslocado de Macau chegou a Hong-Kong. Na viagem tentou em vão encontrar o “Pátria II” que se admitia poder ter-se despenhado no mar devido ao mau tempo. No dia 23, um grupo de mecânicos desmontou o “Pátria II” e no dia 25, Sarmento de Beires e Brito Pais, chegaram a Macau, a bordo da Canhoneira, onde foram recebidos de forma entusiástica. Chegava ao fim uma viagem de 16.380 Km percorridos em 115 horas e 45 minutos. Sarmento de Beires, Brito Pais e Manuel Gouveia, três pioneiros, acabam de escrever o seu nome em letras de ouro na história da aviação portuguesa e mundial.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

"Macau Confidencial"

"Macau Confidencial", livro do investigador da História de Macau João Guedes recentemente publicado, relata episódios guardados a sete chaves durante décadas, como o jantar que desencadeou o Iberismo ou a fundação do Partido Comunista do Vietname.
O livro, publicado recentemente, fala "de variadíssimos episódios situados nos finais do século XIX mas principalmente nos inícios do século XX, até à ascensão de Salazar, que foi um período interessantíssimo da história de Macau", explicou João Guedes à agência Lusa.
O autor destacou três momentos: o Iberismo, a coincidência (ou não) da I República em Portugal e na China e a fundação do Partido Comunista do Vietname.
O "Iberismo", ideologia que defende a unificação política de Portugal e Espanha, que teve o seu apogeu na segunda metade do século XIX, como narra João Guedes, é "bem conhecido".
Contudo, talvez poucos saibam que a ideia de união ibérica, dois séculos depois da restauração de Portugal em 1640, teve o seu nascimento, de facto, no Paço Episcopal de Macau. A corrente que pretendia unir as duas coroas teve como impulsionadores Jerónimo José da Mata, bispo da diocese de Macau, Carlos José Caldeira (seu primo), enviado especial do Governo português à China.
Sinibaldo de Mas, catalão de origem e ministro plenipotenciário de Espanha na China, o padre canonista J. Foixa e o dominicano espanhol J. Fernando, que "selaram num jantar", no verão de 1850, um pacto "em que se brindou à Ibéria e à 'conveniência da união pacífica e legal de Portugal e Espanha'", escreve o também jornalista na sua mais recente obra.
"Esses vultos da altura entendiam que Portugal e Espanha deviam unir-se porque estavam em perigo os seus respectivos impérios ultramarinos", detalha o jornalista e investigador.
"Esse projecto, completamente peregrino, não chegou depois a ser subscrito em Portugal mas tinha defensores no governo português.
Neste livro de João Guedes "há também a história completamente escondida do movimento anarquista chinês que tem em Macau o seu quartel-general no início do século XX". Outro episódio revelado no livro prende-se com a fundação do Partido Comunista do Vietname, no Hotel Cantão, "um segredo que é guardado durante mais de 70 anos".
"Macau Confidencial" tem por uma base uma série de artigos escritos semanalmente no Jornal Tribuna de Macau ao longo de mais de dois anos, de uma forma esparsa.
Notícia da Agência Lusa 6.4.2016

domingo, 10 de abril de 2016

Ecos da Emissora Nacional

"A Emissora Nacional transmitia curtos períodos de emissão especial para Macau e Timor, mas a recepção era muito má no território. As pessoas corriam para os pontos mais altos da Guia e de Coloane com os seus pequenos portáteis, impelidos por essa paixão histórica dos relatos de futebol. Alberto Alecrim resolveu então apanhar as emissões num rádio-portátil, no terraço dos CTT, junto à cabine da locução. Ligava um fio ao rádio, outro à consolete, e a Emissora Nacional entrava, com certeza, pelas casas portuguesas. Com duas vantagens para Alberto Alecrim: por um lado servia o público; por outro, deixava cair a ligação quando o Sporting estava a perder. Entrava então da consolete e justificava-se: Devido às más condições de transmissão atmosféricas não é possível continuar a retransmitir os relatos."
Excerto de um artigo da autoria de Paulo Rego publicado na Revista Macau II série nº 25 – Agosto 1994. Alberto Alecrim começou na rádio em Macau em 1955 chegando a director em 1978.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Festival "Abril em Portugal"

A canção "Coimbra", composta por Raul Ferrão na década de 1930 (a letra é de José Galhardo), é a canção portuguesa de maior divulgação internacional, existindo mais de 200 gravações, em versões vocais e instrumentais, representativas dos mais díspares géneros musicais, com ênfase para o jazz, música latina e seus derivados. Também é conhecida por "Abril em Portugal", título de um filme de 1955 em que Amália Rodrigues participou - Avril au Portugal - e foi mote de uma campanha do turismo português. Em Macau o "Abril em Portugal" chegariam em forma de 'festival' pelas mãos de STDM (por vezes em articulação com o Centro de informação e Turismo local) logo a partir da década de 1960 levando vários artistas portugueses a actuar no território: Rui de Mascarenhas, Tonicha, Quarteto 1111 (José Cid, Tozé Brito, etc...), etc...
Publicidade do hotel Lisboa (STDM) em Abril de 1974

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Marca Postal de 1985

No mundo da filatelia existe uma área conhecida por "marca postal" onde se incluem os carimbos com a informação de envio/recepção. Esta é de 1985.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Memória Revisitada

O título do post é o mesmo da única página escrita em português no livro "Fábrica de Panchões Iec Long", a mais importante do território, localizada na Taipa. O pequeno texto é assinado por  Gastão Humberto Barros, ex-presidente da Câmara Municipal das Ilhas (entre 1967 e 1975). A foto acima testemunha uma visita de inspecção à fábrica em 1975 pelo governador Garcia Leandro. Os produtos eram comercializados sob o nome Yick Loong.