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domingo, 11 de outubro de 2015

“Macau que Fausto Sampaio Sentiu”

Fausto Sampaio nasceu em Alféolas, Anadia a 4 de Abril em 1893. A incapacidade auditiva que o atingiu ao 22 meses de idade tornou-o surdo e dotou-o, de certa forma, de uma grande sensibilidade para se exprimir através da pintura.Possuidor de grande mestria técnica e de uma sensibilidade inigualável, Fausto Sampaio foi um impressionista de grande versatilidade e um paisagista nato; realizou obras únicas em que a rápida pincelada e a extrema facilidade de manejar a espátula, lhe permitiram captar a impressão dos momentos que viveu, instantes quase palpáveis, fazendo-os perdurar para sempre.
Imbuído no espírito da procura de uma identidade nacional, Fausto Sampaio atinge o auge da sua carreira artística nas décadas de 30 e 40 do século XX, época em que realizou grande parte das suas obras nas províncias ultramarinas e que lhe valeram o título de "Pintor do Império".
As suas obras, fruto da vivência nas terras por onde viajou, como Goa, Diu, Damão ou Timor, mas também daquelas em que viveu, como Macau, exprimem a atmosfera, os contrastes, a paisagem, a luz, as figuras e as formas próprias de cada uma. Foi discípulo de Jules Renard, tendo frequentado as academias de Paris.
Avenida Almeida Ribeiro à noite - Macau, 1937
Em Macau produz intensamente e regista uma "odisseia citadina" no ritmo movimentado das "ruas, becos e escadinhas em que inúmeros estabelecimentos ostentavam tabuletas com complicados caracteres chineses, as casas de chá, as centenas de tendas, nas ruas, onde se preparavam deliciosas iguarias de cozinha tradicional, os curandeiros e as típicas farmácias, os leitores de sina, os escribas, peritos em transcrever em belos caracteres as missivas dos clientes, as casas de Fan-tan, os fumatórios de ópio, a gente do mar, que nascia, vivia e morria nos airosos juncos (...)"."O Beco das Galinhas, a Rua 5 de Outubro, a Rua do Bazar, a Avenida de Almeida Ribeiro à noite e as imagens do Pagode da Barra revelam a preocupação pelos valores da luz e da cor, de tal modo que, mais importante que a representação, importa ao artista exprimir-se através da pincelada e das manchas de cor, afastando-se da hábil exactidão que já explorara, especialmente no retrato de encomenda e na representação de uma ideia colonial. Uma luz brilhante, explosões de cor e uma espécie de impressionismo e uma marcação expressionista, por vezes com fortes pinceladas curvilíneas e gestuais, provavelmente influenciadas pela observação de obras chinesas, como nos labirínticos traços negros da ramagem das árvores do pagode da Barra."
Sala de Jogo de Fan Tan- Macau, 1937
"(...) Aspectos diferenciados, entre Tancareiras, retratos anónimos de figuras serenas de bairros de pescadores, pormenorizadamente descritas, Lorchas e Tancares, Cais do Porto com chuva, onde se avista o "bairro aquático de prazer (...) fantasia mergulhada num mar de luz", também uma movimentada cena no porto, de ilustrativos quotidianos, e ainda uma sala de jogo expõem a diversidade dos aspectos tratados em Macau.
in Álbum fotobiográfico do pintor: “Macau que Fausto Sampaio Sentiu” Missão de Macau em Lisboa. Janeiro 1992, 1.ª Edição coord. Maria José Sampaio, Ana Maria Amaro

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