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domingo, 18 de janeiro de 2015

Auto de Aclamação de Sua Majestade El-Rei D. Carlos I (1889)

“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, aos vinte e oito dias do mês de dezembro de mil oitocentos oitenta e nove e nos Paços do Concelho desta Cidade do Santo Nome de Deus de Macau, achando-se presente S. Exª. o Governador Sr. Contra-Almirante Francisco Teixeira da Silva, o conselho do governo, o Leal Senado da Câmara e mais autoridades e funcionários eclesiásticos, civis e militares e uma grande multidão de povo, ali e na conformidade do programa publicado em o nº 51 do Boletim da Província de 19 do corrente mês, se procedeu à cerimónia de aclamação de Sua Majestade El-Rei D. Carlos I, o que se efectuou, indo S. Exª. o Governador à varanda da casa da Câmara , acompanhado do coronel António Joaquim Garcia, que levava o estandarte real, e aí o mesmo Exmº. Sr. deu vivas a SS. Majestades e à família real, vivas que foram correspondidos entusiasticamente pelo povo, o que de tudo para constar se lavrou este auto, que depois de lido foi por todos assinado. E eu Euclides Honor Rodrigues Viana, escrivão de administração do concelho, servindo de escrivão da Câmara, no impedimento do mesmo, que o escrevi e assinei. E.H.R. Viana, escrivão. Assinados.
Francisco Teixeira da Silva, Governador – João José da Sila – António Joaquim Garcia, coronel – Manuel Pais S. Castro – António Augusto Barbosa Viana – António Joaquim Basto – José Gomes da Silva – Nicásio Simões – I. J. Baptista – F. P. Sena – José Ribeiro – Maximiano A. dos Remédios – C. Millisch, cônsul dos Pays Bas – Jos R. Coulthard, v.consul for Great Britain – José H. Costa Campos, major – C. de Canto e Castro, moço fidalgo da casa real – Pe. Sebastião Maria Aparício da Silva – José Ribeiro de Santa Bárbara – Carlos Augusto de Magalhães e Silva – Albino A. Pacheco, administrador – Amâncio d’Alpoim Cerqueira Borges Cabral, director das obras públicas – Manuel José de Aguiar Trigo – Eduardo C. Lourenço, capitão – Rafael das Dores, major – Wenceslau José de Sousa Moraes, 1º tenente – Pedro Nolasco da Silva, 1º Intérprete – J. C. Alcobia, 2º tenente – Joaquim Ramiro Madeira, major – Francisco de Paula Mendes da Rocha – Artur José dos Reis, 2º tenente – José Fernandes de Oliveira, major reformado – José Victorino, major reformado – Manuel d’Amaral Carvalho Vieira, tenente ajudante de campo – A. O. Marques, tenente do batalhão nacional de Macau – António Maria Gutierres, tenente – Firmino António da Rosa, juiz aposentado de Timor – Francisco de Medeiros Morais, alferes do 3º batalhão do regimento do ultramar – João Pires Guiso – José Sanches del Aguila, alferes – Francisco Luiz – Frederico Augusto Guerra Soares, alferes.
Está conforme. Macau, secretaria do Leal Senado, 7 de Janeiro de 1890. S. A. Tavares, escrivão do Leal Senado”.
Texto publicado no Boletim Oficial de Janeiro de 1890. O Auto de aclamação ocorreu a 28.12.1889 no Leal Senado. D. Carlos, penúltimo rei de Portugal, nasceu em Lisboa a 28 de Setembro de 1863 e morreu (assassinado) a 1 de Fevereiro de 1908. Subiu ao trono em finais de 1889.
Os "Paços do Concelho" ou "Câmara" era o Leal Senado. Entre os signatários deste auto e aclamação contam-se o governador Francisco Teixeira da Silva e outras figuras proeminentes da sociedade macaense do final do século XIXI: José Gomes da Silva (director dos serviços de Saúde), Wenceslau de Moraes, Pedro Nolasco da Silva, entre outros, e o cônsul dos Países Baixos (Holanda) e o vice-cônsul da Grã-Bretanha.
Na imagem um selos de 20 avos com a figura de D. Carlos I. Este selos circularam em Macao desde o final da década de 1890 e continuaram em circulação no início do século XX, sendo reutilizados no período posterior a 1911 daí a palavra "República" (sobrecarga) surgir a vermelho, embora de forma invertida o que não era habitual.

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