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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Biblioteca digital com história para os mais novos

Com vista a fomentar o contacto das camadas mais jovens com a história, a cultura e os costumes e tradições da China e de Macau a Fundação Jorge Álvares promoveu recentemente duas iniciativas: o projecto Biblioteca Digital Fundação Jorge Álvares e a edição do livro Missão Impossível, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.
A Biblioteca Digital Fundação Jorge Álvares foi produzida pelo CITI – Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e constitui uma plataforma digital com recursos multimédia associados que integra livros da Escola Portuguesa de Macau sobre a história e cultura de Macau e da China.
Trata-se de uma plataforma inovadora que agrega conteúdos temáticos compilados em colecções. A navegação é dinâmica e proporciona ao visitante múltiplas formas de recombinar a informação e construir o seu próprio ambiente de aprendizagem. Os textos são enriquecidos com animações, vídeos e aplicações interactivas que contribuem para a experiência do utilizador e para consolidação do saber.
A Biblioteca Digital constitui um importante veículo para o conhecimento da história e da cultura da China e de Macau, para a interacção professor-aluno ou pai-criança, bem como para o intercâmbio entre escolas, designadamente das escolas nacionais com a Escola Portuguesa de Macau.
O público-alvo da primeira fase desta iniciativa são os alunos do 1.º e 2.º ciclos de ensino, tendo no entanto interesse e podendo igualmente ser utilizado pelo público juvenil e adulto, nomeadamente os professores nas escolas.  
Partindo de uma garrafa de porcelana azul e branca da China encomendada por Jorge Álvares em 1552, de que a Fundação é proprietária e pode ser vista no Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, em Lisboa, as autoras desenvolvem no livro Missão Impossível, destinado à mesma faixa etária da Biblioteca Digital, uma aventura em que ressalta a vida de Jorge Álvares no Oriente naquela época, os seus amigos bem como as lendas e os animais míticos chineses.
Esta edição, não comercial, destina-se a ser oferecida às bibliotecas de todas as escolas do país, constituindo um importante instrumento para fomentar o conhecimento da história e das lendas de Macau e da China, bem como para a organização na escola de trabalhos de grupo.  
De seguida alguns excertos do texto sobre as origens de Macau e a chegada dos portugueses.
Muito antes da chegada dos portugueses, a zona de Macau já seria habitada há mais de 4000 anos. Coloane talvez há 6000 anos. Existem registos históricos de que já no século V, navios de comerciantes chineses, em viagem para outras regiões da Ásia, paravam na zona de Macau, para se abastecerem de água e comida. No século XIII, durante a dinastia Song, terão sido construídas várias pequenas povoações, na zona de Mong-Há. Pensa-se que o templo mais antigo de Macau seja o Templo de Kun Iam (Deusa da Misericórdia), que ainda hoje existe na zona de Mong-Há. Já na dinastia Ming, no século XV, a zona de Macau era porto de abrigo de pescadores do Guangdong e do Fujian. Terão sido estes últimos a construir o famoso Templo de A-Má, que terá estado na origem do nome da cidade de Macau.
Ao longo do século XVI, um conjunto de pequenas e frágeis habitações terá existido na zona do Patane, próximo do actual Porto Interior. Ali viviam pescadores e comerciantes chineses e de outras regiões da Ásia que vinham fazer negócios na China.
Estabelecimento dos portugueses
Em 1498 os Portugueses chega­ram à Ásia, graças à viagem de Vasco da Gama, ordenada por D. Manuel I. Em poucos anos criaram no Oceano Índico uma rede de fortalezas e feitorias. A conquista da cidade de Malaca deu acesso aos mercados da Ásia do Sueste e da China, sem dúvida os mais ricos da Ásia, nessa época.
Em 1513, Jorge Alvares saiu de Malaca num junco, rumo à China. Chegou à ilha de Tamão (Tunmen), ao largo de Cantão. Foi ele o primeiro português a contactar directa­mente a China. O sucesso comercial desta viagem levou a novas viagens até às costas do sul da China. Ali, os portugueses procuravam porcelanas, sedas e outras mercadorias raras chinesas.
Os portugueses estabeleceram-se em Macau em 1555/1557. Para além das parcerias comerciais com mercadores chineses, os portugueses aproveitaram a boa vontade das autoridades do Guangdong, para que o seu estabelecimento em Macau se tornasse gradualmente permanente. Os portugueses começaram por se fixar na colina do Patane - junto ao actual Jardim Luís de Camões - construindo casas de madeira e palha. Depois, a pouco e pouco foram construindo casas de materiais mais resistentes.
 Em 1558 terá surgido a primeira igreja (Santo António) e mais tarde, em 1572, a primeira escola. A comunidade portuguesa era formada por gente vinda de Portugal, mas também por muitos luso-asiáticos, resultado de uniões de portugueses com mulheres chinesas, indianas, japonesas, malaias, etc. A população de Macau foi aumentando à medida que a cidade se foi tornando um porto de comércio internacional. No final do século XVI já tinha alguns milhares de habitantes. Na sua maioria eram chineses do Guangdong e do Fujian.

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