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quinta-feira, 10 de julho de 2014

Viagem da Corveta Dom João I à Capital do Japão no anno de 1860

Chegado a Macau em 1859, Marques Pereira, desenvolveu, a par de funções administrativas sempre marcadas pelo seu marcante espírito de iniciativa, importante actividade cultural, sendo fundador do jornal Ta-Ssi-Yang-Kuo (1863-66), que seria de novo publicado pelo seu filho - João Feliciano Marques Pereira - entre 1899 e 1903. Ocupou sucessivamente postos consulares em Hong Kong, Sião (1875), Singapura e Malaca, antes de transitar para Bombaim, onde morreria precocemente. A viagem aqui narrada evoca a missão diplomática enviada ao Japão em 1860 para negociar um tratado de paz e comércio e foi escrita em em Macau em Maio de 1861.
O capitão português Feliciano Antonio Marques Pereira foi responsável por conduzir no seu navio um plenipotenciário para negociar um tratado com os japoneses. Mal chegou a Macau, Marques Pereira escreveu "Viagem da Corveta dom João I à Capital do Japão no anno de 1860", publicado em 1863 pela Imprensa Nacional.
A narrativa inicia-se a 29 de Junho de 1860. A corveta Dom João I estava em águas chinesas, próximo à foz do rio Wussung, quando surgiu o governador de Macau, Izidoro Francisco Guimarães, que desejava negociar um tratado de paz e comércio com o Japão como ministro plenipotenciário de Portugal. A partida rumo a Yedo (capital do Japão) foi na manhã seguinte, e no dia 9 de Julho avistaram o monte Fuji. No dia 12 informaram-se sobre a situação política no porto de Kanagawa e em seguida partiram para Edo. No dia seguinte o ministro Guimarães desembarcou, hospedando-se no templo onde morava o ministro britânico Rutherford Alcock. Dias depois começaram as negociações. O principal objectivo português era baixar o imposto de importação sobre o vinho o que não veio a acontecer. Apesar desse revés, o tratado foi firmado no dia 3 de Agosto, estando presentes também o capitão e seus oficiais. Dois dias depois, os portugueses partiram para Kanagawa para reabastecimento. A viagem de regresso começou no dia 11.
Durante cerca de um mês Feliciano teve contacto directo com a realidade japonesa e deixou as suas impressões em livro onde aborda temas como a geografia, sistema de governo, sociedade, costumes, comércio e religião.

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