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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Sketches taken in China: inéditos de Thomas Watson

Existem outras obras de Thomas Watson no Museu de Arte de Macau

Por estes dias puderam ser apreciadas no Clube Militar de Macau (no âmbito do Festival Rota das Letras) cerca de 60 obras nunca antes exibidas do artista plástico Thomas Boswell Watson (1815-1860). Entre o espólio agora dado a conhecer está um auto-retrato do autor que foi discípulo, amigo e médico do pintor, o seu mestre, George Chinnery. Os trabalhos foram adquiridos num leilão por coleccionadores privados locais. 
Mas quem foi Thomas Watson? Era médico e pinto quando chegou a Macau em 1845. Tinha 30 anos. Provinha da Escócia com o objectivo de exercer medicina no território. Para além da pintura, ficou conhecido como o médico que cuidou do pintor britânico George Chinnery (1774-1852), de quem foi aluno e amigo durante sete anos.
Chinnery chegara proveniente da Índia em 1825 e viveu no território durante 27 anos retratando e deixando para a posteridade testemunhos ímpares de Macau na segunda metade do século XIX: desenhos, aguarelas e pinturas a óleo... paisagens, pessoas, cenas do quotidiano e costumes da região do delta do Rio das Pérolas. Aa sua obra constitui um tesouro único, pelo elevado valor artístico e pelo que representa da memória de um período único da história não só de Macau mas também da China. Durante os quase 30 anos que viveu em Macau, Chinnery foi mestre de vários pintores para além de Thomas Watson. Marciano António Baptista (1826-1896) e também um pintor de origem chinesa, Lamqua, também conhecido por Kwan Kiu Cheong (1801-1854).

No traço de todos reconhece-se a influência de Chinnery embora cada uma desenvolvendo o seu próprio estilo e Watson não foi excepção. Mas quem perceb do assunto não tem dúvidas em afirmar que há um Watson, enquanto pintor, antes e depois de conhecer e aprender com Chinnery. Todos eles, nas suas aguarelas ou desenhos a lápis foram uns autênticos 'fotógrafos' e registaram de forma minuciosa lugares e edifícios de Macau há muito desaparecidos.
Numa carta que enviou para um familiar na Escócia a partir de Macau escreveu assim em 1850: "The climate begins to tell on me rather severely, I feel, and if I could manage to get back say for a couple of years it would be a very great matter . . . to leave a stranger in charge of the position would never do . . . the folks in this quarter are, I would not say, exactly difficult to please but still are in many aspects a strange lot and it is not easy pleasing them all."

Watson era amigo e médico de Chinnery e este​ pagava as consultas não em dinheiro mas em quadros. Watson não só ficou com um espólio valioso das obras de Chinnery como aprendeu a sua arte. Watson chegou a Macau em 1845 e Chinnery morreu a 30 de Maio de 1852. Como não deixou testamento o que era seu foi vendido a 28 de Julho desse ano num leilão sendo muito provável que Watson fosse o comprador da maior parte das coisas.
Para além da faceta de médico e pintor Watson foi ainda um importante homem de negócios, não em Macau (saiu em 1856) mas em Hong Kong onde viveu dois anos e meio e onde instalou a A.S. Watson & Company que viria a ter grande sucesso. Mas o escocês nunca esqueceu Macau onde viveu os anos mais felizes da sua vida no Extremo-Oriente como mais tarde como mais tarde confessou.

​PS: existem​ obras de Thomas Watson num museu em Hong Kong e também no Museu de Arte de Macau sendo também de ter em conta nesta época o francês Auguste Borget.

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