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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

P. Benjamim Videira Pires (1916-1999)

O livro «P. Benjamim Videira Pires, Meu Irmão» faz parte da colecção «Missionários para o Século XXI» do Instituto Internacional de Macau (IIM) e é da autoria do padre Francisco Videira Pires, seu irmão. Foi editado em 2011.
«Quando, em começos de Janeiro de 1949, arriba a Macau, vindo de Hong Kong (...), o P. Benjamim, no vigor dos 32 anos, longe andava de pensar que só regressaria definitivamente a Lisboa, em voo da TAP, às 6 da madrugada do dia 6 de Agosto de 1998». (...) «Neste espaço de quase 50 anos, a sua vida confunde-se de tal modo com a da “Cidade do Santo Nome de Deus”, em apostolado sacerdotal e actividade cultural, que não soam a hipérbole as palavras do [historiador] Prof. Doutor Veríssimo Serrão, na carta de pêsames que me escreveu, ao afirmar que, enquanto a herança portuguesa perdurar nesse território, o nome de meu irmão permaneceria também indelevelmente ligado a ele». (...) «Não é fácil escrever sobre um irmão que, para mais, em cartas e dedicatórias de livros, sempre me chamava “irmão duas vezes”, – pelo sangue e sacerdócio comuns». (...) «Teria terminado a primeira classe, a caminhar para os sete anos, quando lhe apareceu um carbúnculo na face esquerda da cara. As penicilinas inventá-las-iam, décadas bem mais tarde. O único João Semana andava por fora, e demorado. Acudiu o farmacêutico, prestimoso».
O livro está dividido em três partes: «O Homem»,  «A Obra» e «As Lutas Finais». Em suma temos o percurso do missionário (jesuíta), do docente e do gestor na área da educação (foi director da Escola Melchior Carneiro). 
Instituto Salesiano (ao centro) e Pousada Macau Inn (esq.): década 1960
Benjamim Videira Pires escreveu diversos livros sobre a história da presença de Portugal no Oriente e sobre Macau em particular. António Aresta descreve-o desta forma num artigo publicado na revista Administração (nº 45) em 1999: "Um erudito discreto, afável e tolerante, será este, talvez, o emblema personalista de uma vida inteiramente consagrada à missionação, ao estudo da história de Macau, ao estudo da história da presença portuguesa no Extremo-Oriente, à criação literária ou à sinologia. (...)"
Na edição de 8.7.1995 o jornal Tribuna de Macau publicou a sua biografia e da qual se reproduzem alguns excertos.
"Nasceu em Torre de Dona Chama, Mirandela, a 30 de Outubro de 1916, onde também, completou o curso primário, tendo ingressado no Seminário da Costa, em Guimarães, até terminar os preparatórios do Seminário Menor, equivalente ao Curso Geral Liceal. Em 1932, entrou na Companhia de Jesus e, em 1936, concluiu o Curso Superior de Humanidades Clássicas e de Literatura Portuguesa, oficialmente reconhecido, no mosteiro beneditino de Alpendurada, concelho de Marco de Canavezes. Na Faculdade de Filosofia de Braga fez o primeiro ano de Questões Científicas (Física, Química e Matemática) e obteve, em 1940, o Bacharelato em Filosofia. Posteriormente, foi até Espanha onde, em Granada, estudou quatro anos de Teologia na Faculdade de Cartuja. De novo em Portugal, foi ordenado sacerdote, no Porto, a 5 de Agosto de 1945 e foi professor de Literatura Portuguesa no Seminário Menor dos Jesuítas, em Macieira de Cambra. Retornado àEspanha, acabou por completar a sua formação espiritual em Salamanca. A 7 de Novembro de 1948, a bordo do navio Kertosono, iniciaria a grande viagem da sua vida. Como o próprio Padre Videira Pires nos revela na nota introdutória ao seu livro "Meia Volta ao Mundo", publicado em Macau, em 1958, "Viajar constitui, sem dúvida, um grande prazer e uma grande lição para o homem. A novidade exótica das paisagens e da Natureza, das civilizações e das raças dilatam nos o coração, o espírito, dando nos a conhecer, dum modo original e intuitivo, a universalidade da terra e do homem e a variedade harmónica do tema, a beleza da Criação. Nenhuma escola nos ministra ensinamentos mais concretos e saborosos sobre todas as ciências do que uma viajem ".
De espírito aberto e os sentidos aguçados para aprender o que lhe ia surgindo ao longo da grande viagem, logo a partir do terceiro dia, o jovem Benjamim começou a anotar as suas impressões num caderno de notas. Notas essas que irão constituir, mais tarde, as Cartas que formam o livro já atrás mencionado. Já aqui Benjamim V. Pires revela se um autor de escrita fácil e escorreita, leve e expressiva, sem cansar o leitor com preciosismos de linguagem. O pendor para a história começa também a revelar se nestas suas notas de viagem. Como o próprio autor afirma "sem pretender compor história, confesso, todavia, que me esforcei por ser o mais exacto possível, na observação pessoal, no informe, no estudo e na transcrição". Estas palavras revelavam já o futuro investigador de história que Benjamim viria a ser. Na verdade, encontravam se ali bem expressas algumas das características que iriam marcar a sua carreira de investigador. Rigor, objectividade e honestidade intelectual. São estas, na verdade, as marcas que perduram até hoje na obra do Padre Videira Pires. (...)
Apesar de trabalhar na área de investigação histórica, pois ia publicando os seus trabalhos na revista "Religião e Pátria" "Macau e os Jesuítas" (Out. 1955). "A Acção dos Jesuítas (Jul. 1956), "Pintores Jesuítas em Macau" (Set. 1956) o Padre Videira Pires só dará ao prelo o seu primeiro trabalho nessa disciplina depois de publicar a sua obra, "Meia Volta ao Mundo", em 1958. O interesse por iniciar o estudo da civilização chinesa, uma das mais antigas do mundo, fez com que o Padre Benjamim Videira Pires, pouco tempo após a sua chegada a Macau, fosse aprender a falar e a escrever chinês. De facto, pela vida fora esta aprendizagem revelar se ia muito útil, não somente ao exercício do seu múnus sacerdotal, como também para o desenvolvimento dos seus trabalhos de pesquisa histórica. As funções docentes também o atraíram, tendo dado aulas no Liceu Nacional Infante D. Henrique, e pastorais, como capelão militar. É director, desde 1961, do Instituto D Melchior Carneiro, de que também é fundador. Pertence a diversas associações de História (membro do Instituto Histórico Ultramarino, governador da International Association fo Historians of Asia, etc.) e tem representado Portugal e Macau em várias conferências, colóquios nacionais e internacionais. (...)"

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