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terça-feira, 2 de julho de 2013

Quartel dos Mouros: alguns elementos

A "Occidente" foi uma revista ilustrada (desenhos/gravuras e não fotografias) fundada em 1877/78. Era propriedade de Caetano Alberto da Silva e publicou-se durante cerca de 30 anos (até 1915). Recebeu vários prémios a nível internacional pela sua qualidade: textos, design, gravuras...
O texto que acompanha a gravura na edição de 1 de Julho de 1887 da revista Occidente
Por iniciativa do Visconde S. Januário, o primeiro grupo de Mouros, que era composto por 41 elementos oriundos de Goa, chegou a Macau em 27 de Junho de 1873 e cerca de um ano depois estava pronto o edifício onde ficariam instalados.
Em 9 (ou 15) de Agosto de 1874 foi inaugurado o Quartel dos Mouros, projectado pelo arquitecto italiano Cassuto. Pelo menos ficou assim para a história, mas o primeiro desenho do edifício (ver imagem acima, publicada em 1887 na revista Occidente) é atribuído ao Barão do Cercal, pelo menos a julgar pela consulta do livro "A urbanização e a arquitectura dos portugueses em Macau" que se baseia numa legenda da revista Occidente. Consultada a revista não encontro tal referência...
António Alexandrino de Melo (Barão do Cercal), foi engenheiro e comerciante. Possuía uma vasta fortuna e desenhou vários edifícios em Macau: teatro D. Pedro V, etc... A ser assim, a principal diferença entre esse desenho e o que foi efectivamente construído, está nas cúpulas (laterais e central) que não chegaram a ser erguidas. Como terraço ganharia outra utilização militar mais eficaz?
O edifício foi destinado à secção dos "mouros" do Corpo de Polícia que por sua vez cedeu as instalações à Polícia Marítima em 1889. A Capitania dos Portos foi criada em 1822.
Postal 'capitania dos portos' início século XX
O Quartel dos Mouros é uma estrutura neoclássica em tijolo e pedra, com influências mughal, apoiada num embasamento de granito acima do nível da rua. Na parte posterior, a construção tem dois andares, enquanto o resto do edifício apenas apresenta um piso. Varandas espaçosas, com 4 m de largura e com arcos pontiagudos circundam todo o edifício, excepto no lado virado para a Colina da Barra. Os arcos realçam as vistas envolventes e dão uma boa resposta ao clima tropical de Macau. 
A decoração em três níveis entre os arcos e a combinação dos ornamentos quadrados e pontiagudos dos parapeitos lembram mosaicos, possuindo um ritmo harmonioso e subtil. O edifício está pintado de amarelo claro, com a maior parte dos pormenores destacados a branco. A sua grande base de granito contrasta, tanto em textura como em cor, com as paredes de reboco pintadas de cor clara que a encimam.  
(do site Macau Heritage)


5 comentários:

  1. É mais, uma pergunta. Quando eu era miúdo e vivia em Macau, além de brancos, havia tropa de negros (penso que vinham de Moçambique) e tropa com turbante que me pareciam ser indianos. Serão estes que são referidos como "mouros"?

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  2. Muito obrigado pelo "post"sobre essa companhia de policia goesa presente em Macau.Excelente sem duvida e tão pouco conhecida essa presença.Dos africanos já sabia que estavam presentes no exercito macaense.

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  3. Estimado Amigo e Ilustre Jornalista João Botas.

    Nessa foto a preto e branco onde se pode ver uma tancareira eu ainda vi dessa forma o Quartel dos Mouros, havia um carreiro que ida da Avenida Almirante Sérgio que dava para o Quartel o fiz centenas de vezes, já que trabalhava lá com agente da PMF mas trabalhando na contabilidade dos Serviços de Marinha.
    Belas recordações.
    Abraço amigo

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  4. João, tenho o prazer de citar o teu Blog no texto desta imagem com referencias ao ‘engineer (England/Rome) and merchant António Alexandrino de Melo (Barão de Cercal) (Macau 1837+48=1885)’:
    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10153184255406598&set=a.184750266597.125987.835521597&type=1&theater

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