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sexta-feira, 14 de junho de 2013

De Missione Legatorvm... 1590

Os padres jesuítas em serviço no Oriente, por volta de 1579, perante os estrondosos sucessos conhecidos pela missionação cristã no arquipélago do Japão, decidiram organizar o envio à Europa católica de uma embaixada constituída por quatro jovens nobres nipónicos. A chegada destes exóticos emissários contribuiria para realçar o importante papel desempenhado pela Companhia de Jesus na cristianização do longínquo mundo asiático, possibilitando uma renovada angariação de apoios materiais e humanos. Além disso, os japoneses poderiam assim testemunhar o preponderante papel desempenhado pela Igreja católica nas regiões europeias meridionais, facto que decerto aumentaria o já significativo prestígio gozado pelos inacianos no Império do Sol Nascente. A missão concretizou-se graças ao especial empenho do padre Alexandre Valignano, que na altura desempenhava as funções de Visitador jesuíta, e os embaixadores japoneses largaram de Nagasáqui em Fevereiro de 1582, para um longuíssimo périplo que os levaria sucessivamente a Macau, Goa, Lisboa, Madrid e Roma, para daí encetarem de novo o regresso ao Japão, onde chegaram seis anos mais tarde.
De missione Legatorum Japonensium ad Romanam Curiam...
Um dos primeiros livros a ser impressos em Macau
Valignano delineou então o projecto de editar uma descrição da viagem, que seria preparada a partir dos diários mantidos ao longo da jornada pelos jovens nipónicos. Esta obra, para alcançar uma maior difusão internacional, teria de ser redigida em latim. O encargo foi atribuído ao padre Duarte de Sande, eminente latinista que desempenhava funções no colégio da Companhia de Jesus em Macau, e em 1590 os prelos jesuítas recém-chegados da Europa imprimiam naquela cidade o itinerário De Missione Legatorum Iaponensium ad Romanam Curiam, em forma de diálogo, obra que hoje é de uma extrema raridade. Mais do que uma simples descrição de viagem, a obra transformou-se numa verdadeira enciclopédia geográfica e cultural, com secções dedicadas às principais regiões visitadas pelos embaixadores. Uma dessas secções é dedicada precisamente à China, e nela se incluem algumas notícias inéditas do ponto de vista europeu, que acabavam de ser obtidas no interior do Celeste Império pelos missionários jesuítas, e em especial pelo padre Mateus Ricci, que desde 1583 haviam conseguido a tão desejada entrada em território chinês.
Mapa meados séc. 17
Livro dividido em 34 diálogos e escrito originalmente em latim. Em 1862, o volume VI do Arquivo Pittoresco publicou uma versão portuguesa com o título de Primeira Embaixada do Japão à Europa. O Pe. Gervaix (no Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau, n.º 196,p.112), Campos Júnior (em Ta-Ssi-Yang-Kuo,vol.3.º,p.281 e ss.) e o Arquivo Pitoresco (vol.V,p.256) dizem que Sande escreveu e editou, no mesmo ano de 1590, em Macau, os dois textos: português, latim e japonês. Será?
Sugestão de leitura: "Um Tratado sobre o Reino da China dos Padres Duarte Sande e Alessandro Valignano (Macau, 1590)", de Rui Manuel Loureiro, Instituto Cultural de Macau, 1992

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