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quarta-feira, 26 de junho de 2013

Banda Municipal: décadas 1920-30

Programa de 1918 (clicar para ver em tamanho maior)

“Os progressos da Banda Municipal acentuam-se cada vez mais, e tanto que na audição da tarde de 14 do corrente (…) um visitante americano, após a execução de um dos números do programa, se entusiasmou a ponto de subir ao coreto e apertar a mão ao regente, sr. Constâncio da Silva, e a apresentar-lhe as suas congratulações, entregando-lhe ao mesmo tempo um papel em que se dava a conhecer como organizador e director das audições musicais numa estação radiográfica de San Francisco da Califórnia”.
In jornal "A Verdade", 23 Abril de 1929
A banda municipal no Jardim de S. Francisco
Outra notícia:
“Na audição que a Banda Municipal realizou no Jardim de S. Francisco no ultimo sábado, e a que tivemos o prazer de assistir, fizeram-se ouvir, como fôra anunciado, dois números duplos (duas valsas e dois fox-trots) executados por um Jazz composto apenas de doze elementos da mesma banda. Agradou-nos, como a outros, aqueles belos números de dança e bem assim a constituição do Jazz, que, sem duvida, representa mais um esforço do director da Banda, sr. Constâncio da Silva, no sentido de ser útil à sua terra, facilitando aos clubes e a particulares o meio de obter mesmo aqui um bom Jazz para as suas soirées, em vez de para tal fim se recorrer à vizinha colónia, e quasi sempre com dificuldade e grande dispêndio. Pois, ao que nos consta, o Club de Macau, o Grémio Militar e o Club de Recreio e Beneficência 1º de Junho, desdenhando os serviços que satisfatoriamente lhes poderia prestar o Jazz da Banda Municipal, que a cada um deles viria a custar, segundo nos informa o digno director, umas $140 por noite, o máximo, resolveram contratar em Hong Kong dois grupos de 5 músicos filipinos cada, um para o Club de Macau e o Grémio, e outro para o Club de Recreio e Beneficência, vindo-lhes esses grupos de músicos a custar umas $200, pouco mais ou menos, por cada noite, não falando já da dificuldade e do incómodo que tiveram para os obter. Não podemos deixar de lastimar tal facto, pois deixa-se assim de estimular e proteger uma iniciativa local, que aliás tão digna é da simpatia e do favor publico, para se favorecerem estranhos, sem que, de mais a mais, nada de plausível possa justificar uma tal preferência”.
In "A Voz de Macau", 10 Fevereiro 1931
Mais uma notícia:
“O Leal Senado, na sua sessão de 28 de Outubro findo, deliberou dar à proposta apresentada pela Direcção da Banda Municipal, em oficio nº 34 de 20 do mesmo mês o seguinte despacho: Que a séde da Banda Municipal continue instalada no prédio onde habita o actual Director da Banda, pagando-se a este pela parte ocupada pela mesma sede, e a partir de 1 de Janeiro de 1932, a renda de quarenta patacas mensais e mais dez patacas por mês pelo respectivo consumo da iluminação eléctrica. Que assuma interinamente a direcção da respectiva Banda, a partir de 1 de Janeiro próximo, o musico de primeira classe João Xavier, com o vencimento mensal de $250.00, até que ao Leal Senado se ofereça a oportunidade de contratar outro musico na altura de desempenhar cabalmente as funções desse cargo de modo que a mesma Banda continue a funcionar com a mesma eficiência que até aqui tem mantido. Que, quanto ao oferecimento que o sr. Director da Banda faz para gratuitamente superintender ou fiscalizar os serviços da Banda após a terminação do seu contrato, o Leal Senado infelizmente, não o pode aceitar, visto como tal aceitação implicaria a duplicação de funções que por lei pertencem exclusivamente ao vereador encarregado do pelouro da Banda. Que, entretanto será muito de apreciar e agradecer toda e qualquer cooperação espontânea que o actual Director da Banda, sr. Constâncio José da Silva, após a terminação do seu contrato, possa e queira prestar no sentido de instruir e orientar o Director interino nos serviços inerentes ao respectivo cargo, mesmo assumindo gratuitamente nos casos em que se torne necessário ou conveniente, a regência da mesma Banda, e isso enquanto ao Leal Senado não seja possível encontrar um director efectivo”.
in jornal "A Voz de Macau" 14 Novembro 1931
“(…) A criação de uma Banda de Música em Macau visa especialmente aos seguintes fins: 1º A recreio e educação musical da população; 2º A divulgação da música portuguesa, tão ignorada nestas paragens. Ora nenhum destes fins tem sido ou pode ser alcançado pela Banda Municipal tal como está organizada, porque: A Banda, constituída em grande maioria por músicos feitos à pressa (nem outros será fácil alcançar atentos os exíguos vencimentos que lhe são pagos), está tocando mal, e portanto não recreia nem educa a população, podendo apenas concorrer para agravar o seu  desinteresse por tão sublime arte, não sendo pois, assim, possível, por qualquer forma alcançar o fim educativo; Dos programas da mesma Banda verifica-se o absoluto desprezo a que é votada a música portuguesa, representada apenas de vez em quando por um “Pot-Pourri” ou por uma “Rapsodia popular”, tudo já for a da época, já for a do desenvolvimento da música portuguesa tão acentuado nestes últimos tempos. E disso temos que culpar os dois directores que, até hoje a Banda teve. Uma pequena, quasi insignificante parcela de culpa cabe ao Director interino, mas 99% cabe ao ex-Director da mesma. (…) Aos conhecimentos musicais do seu ex-Director não podemos perdoar essa falta que só podemos atribuir a ignorância e nunca ao desejo de mostrar desprezo pela música nacional. (…) As audições da Banda são escutadas por meia dúzia de pessoas e, francamente não podemos compreender que o Leal Senado mantenha uma Banda nas condições em que a actual se encontra…”
In jornal "A Voz de Macau" 31 Maio 1932



Em 1933 a Banda Municipal estreou-se aos microfones da Rádio:
“Como anunciamos, ontem, S. Exa. o Governador da Colónia, antes da execução do programa da Banda Municipal no estúdio da Estação Emissora C.Q.N. de Macau dirigiu (…) saudação aos portuguezes espalhados por todo Extrêmo-Oriente (…) 
O Programa da Banda foi ouvido demasiadamente forte, pelo que sugerimos que enquanto o Estudio não estiver completamente adaptado a números de Banda a sua execução se faça numa outra sala ou no Salão do Leal Senado, onde um microfone devidamente instalado possa receber mais harmoniosamente o instrumental”.
O governador era António José Bernardes Miranda.

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