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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Governadores: esmagadora maioria eram militares

Rocha Vieira foi o 110º e último governador de Macau (1991-1999). À semelhança de todos os seus antecessores desde 1623, não dominava o chinês num território em que mais de 95% da população é de etnia chinesa. O primeiro "capitão-mor" de facto, D. Francisco Mascarenhas, empossado a 7 de Julho de 1623 e vítima de um motim à sua chegada à cidade, iniciou uma longa lista de governadores, em regra militares, à frente do Território onde os portugueses estão instalados desde 1557.
Rocha Vieira a 19 de Dezembro de 1999 no Palácio da Praia Grande.
Fonte: The Macau Handover Ceremony Coordination Office/ Gabinete Cerimónia de Transferência de Poderes.
















 A carreira militar, para a maioria, e o desconhecimento geral da língua chinesa são um traço comum aos governadores de Macau, que marca uma diferença essencial em relação à vizinha colónia britânica de HK. Desde a sua fundação em 1841, na sequência da primeira "guerra do ópio", e ultrapassado um período inicial de desordem e corrupção da administração, os governadores de HK, foram em regra, escolhidos por Whitehall de entre os quadros do funcionalismo colonial ou do ministério dos negócios estrangeiros. Sir Francis Davis, governador entre 1844 e 1848 foi, por exemplo, não só um sinólogo distinto como, ainda, um latinista emérito, sendo de sua autoria a única poesia em Latim que adorna a gruta de Camões em Macau. 
Entre os raros governadores civis de Macau apenas um, Artur Tamagnini Barbosa (na imagem), funcionário do ministério das colónias, conseguiu ocupar o cargo por três vezes: de Outubro de 1918 a Agosto de 1919, de novo em Dezembro de 1926 até Março de 1931, e, finalmente, de Abril de 1937 até, à sua morte, em Julho de 1940. Bernardo Aleixo e Faria governou, também, por três vezes entre 1783 e 1788, de novo por um período de dois anos após 1806 e entre 1810 e 1814. Sete governadores foram nomeados por duas vezes para o cargo, não tendo dois deles, no entanto, chegado a tomar posse pela segunda vez, enquanto o recorde de permanência cabe a Francisco Guimarães - negociador do primeiro tratado de amizade e comércio entre Portugal e a China - entre Novembro de 1851 e Junho de 1863.
O 25 de Abril não veio cortar com a tradição de governadores militares em Macau: o general José Nobre de Carvalho, em funções desde 1966 e a quem coube assegurar a administração durante a "revolução cultural" maoísta, foi apenas exonerado em Novembro de 1974, para ser substituído pelo coronel Garcia Leandro, que permaneceu por cinco anos no território. Outro general, Melo Egídio, foi empossado em Fevereiro de 1979, sendo substituído por um contra-almirante, Almeida e Costa, em Julho de 1981, ainda durante a presidência do general Ramalho Eanes.
A bandeira que simbolizou o fim de 450 anos de governo português em Macau está desde Dezembro de 1999 numa casa particular, em Lisboa, dobrada como ficou depois de arriada do Palácio da Praia Grande. Em finais de 2009 o último governador português de Macau dizia à agência Lusa que uma das ideias era entregar a bandeira. «Nunca tive essa oportunidade e ela permanece em casa do meu ex-ajudante de campo exactamente dobrada como foi dobrada em Macau. Até que tenha um destino».
Nota: Elaborado com base num artigo dos jornais "Tribuna de Macau/Jornal de Macau" de 30-04-1991

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