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terça-feira, 3 de julho de 2012

Maria Ondina Braga: 1932-2003

Embora vários autores portugueses dos séculos XIX e XX tenham passado pelo Oriente e reflectido, de maneira directa ou indirecta, essa estadia na sua literatura – vejam-se os casos de Wenceslau de Moraes (1854-1929), Camilo Pessanha (1867-1926) e Joaquim Paço d'Arcos (1908-1979), entre outros, Maria Ondina Braga surge no século XX como umas das principais autora portuguesas de ficção ligada a Macau, em particular, e à China em geral. Este seu livro de estreia, Eu Vim para Ver a Terra (1965), apresenta-nos um conjunto de textos sobre Angola, Goa e Macau, mas são as crónicas de Angola, mais do que as de Macau, que acabam por nos cativar na sua sensibilidade e nos deixam a promessa de toda a literatura notável que a autora haveria de produzir posteriormente.
Texto elaborado a partir do blog sobre Literatura Colonial Portuguesa.
 
A Câmara Municipal de Braga criou o Prémio Literário Maria Ondina Braga, um concurso promovido no intuito de desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita, honrando a memória da insigne escritora, nascida e falecida na cidade dos arcebispos.
Maria Ondina Braga nasceu em Braga a 13 de Janeiro de 1932, onde fez os estudos liceais. Iniciou-se nas letras através da poesia, tendo publicado dois livros de poemas, a par de crónicas de carácter social para jornais bracarenses. Herdeira de uma tradição clássica, Maria Ondina Braga faz combinar a memória, o conto, a novela, o roman ce e a crónica, tendo sido tradutora de autores como Graham Greene, Bertrand Russel, John Le Carré, Herbert Marcuse, Anaïs Nin e Tzvetan Todorov, como conta José António Barreiros num blogue dedicado à escritora.
1ª edição em 1991
Após uma breve passagem pela Escócia e Inglaterra, onde exerceu a função de precetora e frequentou a Royal Society of Arts, instalou-se em Paris, aliando o trabalho e os estudos na Alliance Française. Em 1959, atraída pela distância, rumou até Angola, Goa (onde esteve aquando da ocupação indiana) e, mais tarde, Macau, onde ensinou Português e Inglês até 1966, data do seu regresso a Portugal. O fascínio que nutriu durante longos anos pelo povo chinês levou-a a aceitar o cargo de Leitora de Português no Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim em 1982, ano em que redigiu as crónicas sofridas reunidas em Angústia em Pequim (1984), uma "narrativa dolorosa, cirúrgica", segundo as palavras de Inês Pedrosa. A convite da Fundação Oriente, Maria Ondina Braga regressou a Macau em 1991, tendo registado esse reencontro em algumas páginas da narrativa de viagens Passagem do Cabo (1994).
Depois de ter vivido grande parte do seu tempo em Lisboa (onde colaborou também com jornais e revistas como o ‘Diário Popular’, ‘A Capital’ e ‘Colóquio/Letras’), Maria Ondina recolheu-se em Braga, tendo sido homenageada pela câmara municipal (1990), que lhe atribuiu igualmente a Medalha de Ouro da cidade (1994).
Abriu recentemente o Espaço Maria Ondina Braga. Funciona na Rua Central (Braga), ao lado da casa onde nasceu Maria Ondina e nele podemos ter acesso a alguns objectos e a parte do espólio da escritora.
Em "A China fica ao lado" (primeira edição de 1968 - na imagem uma reedição da década de 1990 pelo ICM) estão reunidos 14 contos que reflectem a vivência de MOB em Macau.
Mais sobre Maria Ondina Braga e outros escritores de Macau neste link

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