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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Rádio: décadas 1930 e 1940

A primeira experiência de rádio em Macau data de 26 de Agosto de 1933 com a estação “CQN-Macau”. Foi a primeira do então Império Colonial e até mesmo da metrópole, já que a Emissora Nacional só começou a funcionar em Fevereiro de 1934. À “CQN” sucedeu em Maio de 1938 a “CRY-Macau” e meses depois, em Setembro, a “Rádio Polícia XX9”, pertença da corporação e com um pequeno emissor que só era utilizado fora do expediente daquela força policial. Funcionava na esquadra nº 2, junto ao canídromo.
Com o aparecimento do Rádio Clube de Macau  (RCM) em Maio de 1941, extinguiram-se a CRY e a Rádio Polícia. O RCM teve um papel muito importante durante a Guerra do Pacífico. Funcionava numa pequena sala junto à torre do relógio do edifício dos Correios. Tinha apoio do governo mas era privada. Ainda assim, ao serviço da ideologia do Estado Novo. Emitia programas em inglês, português, cantonense e japonês. No âmbito dos noticiários terá utilizado, para além das já mencionadas, o francês e o alemão. A razão é simples. Ir de encontro às diferentes comunidades estrangeiras de refugiados que se encontravam no território.
Programação de Abril de 1942 anunciada no jornal "A Voz de Macau"
Pelos microfones do RCM passaram nomes como Francisco de Carvalho e Rêgo, Evaristo Fernandes Mascarenhas, José de Sousa Lourenço, padre Fernando Leal Maciel, tenente Alberto Ribeiro da Cunha, Bernardino de Senna Fernandes, tenente Virgílio Abrantes Pereira, Carlos Lun Chou, Cassiano da Fonseca, entre outros. Em Outubro de 1941 é adquirida uma nova antena que faz com que as emissões do RCM pudessem ser captadas em todo o Extremo Oriente, “chegando mesmo a alcançar o Alasca e a Nova Zelândia”.
Uma nota final para a estação XKRA sobre a qual pouco se sabe. Surgiu em 1939 na banda dos 200,7 metros em 1380 quilociclos por segundo. Emitia programas às 14h e às 20 horas a partir da Ilha da Lapa, operada por uma locutora de Cantão. Com uma potência de 100 watts, “destinava-se a dinamizar o comércio de Macau, numa iniciativa da comunidade local dos negócios”. A fim de evitar as operações de pirataria, contrabando e outras ilegalidades, na época era proíbido instalar emissores privados em Macau. A ilha da Lapa (frente ao Porto Interior) pertencia a Portugal mas só em teoria.

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