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domingo, 31 de outubro de 2010

Os bons e maus momentos do hóquei em campo

A propósito do anterior post, aqui fica um artigo da autoria de Henrique Manhão publicado salvo erro em 2009 no Jornal Tribuna de Macau, "um jornal com memória". O título do post é o do artigo assim como as imagens.
 
O Hóquei em Campo foi talvez a modalidade mais favorita dos macaenses e a que mais prestigiou Macau não só em Hong Kong como em Singapura, na Malásia e no Japão.
A juventude macaense tinha certa queda e gosto pelo esse desporto, introduzido em Macau pelo tenente O’ Costa na década de 1930. Quase todos os jovens tinham um “stick”. Jogava-se o hóquei em campo num terreno baldio ou mesmo na rua, com o apoio dos agentes da policia que fechavam os olhos.
Foi durante a segunda guerra mundial que mais se praticou o hóquei em campo em Macau. Havia um campeonato anual para homens em que participavam nove equipas, das quais o habitual favorito era o Hóquei Club de Macau. Havia outro campeonato de Macau para senhoras.
Assisti a vários encontros em que jogava o Hóquei Club de Macau. Houve um desafio que terminou num empate de 0-0 e nunca vi tanta alegria e aplausos da parte da assistência para o adversário do Hóquei Club de Macau.
Era deveras impressionante ver tantos jovens a praticarem o hóquei em campo à tarde no relvado da Caixa Escolar, nos anos cinquenta e sessenta, principalmente pela malta nova dos Bairros de São Lázaro e do Tap Seac de onde, aliás, apareceram excelentes hoquistas que muito honraram a sua terra natal.
O primeiro “Interport” entre estudantes de Macau e Hong Kong realizou-se em Macau em 1953 e Macau triunfou por 2-0.
Já quanto ao hóquei em campo feminino, não havia muitos praticantes. Só muito mais tarde quando vieram os portugueses de Xangai para se fixarem em Macau é que surgiu o primeiro “encontro entre hoquistas femininas de Macau e Hong Kong. Macau perdeu por 8-0, resultado que espelha como as senhoras estavam ainda pouco aptas.
Albertino Alves de Almeida que fazia parte da equipa de honra do Hóquei Club de Macau, continuou com a tarefa de reorganizar e treinar o grupo de estudantes de Macau e a equipa feminina. Não foi um trabalho muito fácil. Tinha que estar sempre a descobrir novos talentos porque periodicamente os elementos com maior capacidade deixavam Macau.
O mesmo se passava com os rapazes, porque o hóquei em campo era um “hobby”. Quando tinham convites para melhores posições a nível profissional, naturalmente que ninguém olhava para trás e ia tentar ganhar a vida em novos horizontes.
Mesmo assim Albertino conseguiu arranjar um forte grupo novo de rapazes para continuar com o intercâmbio entre estudantes de Macau e Hong Kong e como nessa altura não havia subsídios do governo, a rapaziada quando se deslocava a Hong Kong ia jantar à casa do seu irmão Alberto Almeida.
Devidos aos esforços de Albertino Almeida, também se conseguiu formar uma equipa feminina rejuvenescida, equipa essa que alcançou alguns resultados prestigiantes para Macau frente às suas congéneres de Hong Kong.
Em 1956, foi uma grande pena que Macau não tivesse participado nos Jogos Olímpicos de Melbourne, por decisão do ministro de Educação. Houve uma subscrição pública para ajudar as despesas com a deslocação da equipa de Macau que estava a ser treinada pelo tenente Filipe O’Costa.
Macau fazia parte do grupo que integrava a Índia, njuma altura em que o Paquistão e a India eram consideradas as melhores equipas de hóquei em campo.
Dois anos depois, a famosa selecção de Moçambique de hóquei em patins representou Portugal em Montreux e a Europa pôde apreciar o talento de hoquistas como Adrião, Bouçós, etc.
Nessa altura a população portuguesa de Macau mostrou o seu desagravo através dos jornais locais porque o mesmo ministro de Educação que autorizou Moçambique a representar Portugal não dera a mesma oportunidade a Macau na modalidade mais querida dos jovens locais: o hóquei em campo.

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