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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Marques Pereira: 1839-1881

António Feliciano Marques Pereira nasceu em Lisboa, em 1839, e faleceu em Macau, em 1881. Jornalista profissional, publicou vários romances em folhetins, além de traduções. Em 1859 partiu para Macau, onde se fixou. Aí exerceu o cargo de superintendente da emigração chinesa e de procurador dos negócios sínicos. Em 1862, foi nomeado secretário da missão diplomática portuguesa às cortes de Pequim, Sião e Japão. Escreveu livros de natureza histórica sobre Macau e a presença de Portugal no Oriente.
Fundou e dirigiu um dos mais importantes semanários macaenses, o Ta-ssi-yang-kuo, de 1863 a 1866. Entre as suas obras dedicadas ao Oriente contam-se um Relatório da Emigração Chinesa em Macau, tema de que, nesta colectânea, se dá larga notícia com textos de Andrade Corvo e Eça de Queirós, Alfândegas Chinesas de Macau, de que se publicam alguns excertos, e Efemérides Comemorativas da História de Macau e das Relações da China com os Povos Cristãos, editado em 1868, que viria a ser, daí em diante, peça importante na bibliografia de Macau, fonte de muitos outros trabalhos de investigação. Deste livro, organizado segundo a ordem dos meses do ano, extraímos os textos relativos aos meses de Abril e Maio.
António Feliciano Marques Pereira casou em Macau com Belermina Inocência de Miranda, baptizada na Sé, a 5 de Junho de 1839, filha de António José de Miranda e de Ana Joaquina de Miranda; neta de paterna de Agostinho José Miranda e de Mariana Marques de MIranda e materna de Januário Agostinho da Silva e de Maria Ana Francisca Pereira da Silva. Agostinho de Miranda era filho de José Miranda e Sousa e de Maria Rosa Correia de Liger; sua mulher, Mariana Marques, era filha de Gabriel Marques e de Clara Maria Rosa Vieira, neta paterna de Domingos Marques e de Maria Francisca dos Anjos Ribeiro Guimarães e materna de Raimundo Vieira e de Maria Francisca de Miranda.
António Feliciano Marques Pereira e seu filho João Feliciano foram dos maiores historiadores de Macau, publicando várias obras e inúmeros artigos sobre esta terra. O pai foi cônsul de Portugal em Banguecoque durante 6 anos, desde Janeiro de 1875 a 1 de Abril de 1881. Falando de seu pai, escreve João Feliciano Marques Pereira:
«No meio dele (povo siamês), passou meu chorado Pai alguns dos melhores anos da sua vida (de 1875 a 1881), conseguindo a muito custo restabelecer o antigo prestígio tão abalado por muitos desleixos e vergonhas que constituem o costumado fim de muitas glórias portuguesas...
Mas nesse patriótico empenho arruinou a sua saúde num clima inhóspito para europeus.
Tendo saído de Bangkok, em Abril de 1881, veio morrer em Setembro desse ano em Bombaim, como cônsul-geral na Índia inglesa, cargo para que tinha sido promovido como prémio dos seus longos serviços na Ásia, conforme diz o respectivo decreto.
O primeiro testemunho português do Japão abrindo-se ao mundo é-nos dado por Feliciano Marques Pereira, que em 1860 foi enviado a Edo no desempenho de uma missão diplomática destinada à obtenção de um acordo comercial entre a coroa portuguesa e o Império do Sol Nascente. Marques Pereira ainda conheceu o Japão Tokugawa, uma sociedade regida pelos preceitos do mais estrito confucionismo, importado da China. Dividida em castas e mantida em severo controlo pelos daimios e pelos quase dois milhões de samurais, esta sociedade de obrigações, obediência e cortante apego ao grupo, inspirou-lhe algum incómodo.
Chegado a Macau em 1859, Marques Pereira, desenvolveu, a par de funções administrativas sempre marcadas pelo seu marcante espírito de iniciativa, importante actividade cultural, sendo fundador do jornal Ta-Ssi-Yang-Kuo (1863-66), que seria de novo publicado pelo seu filho - João Feliciano Marques Pereira - entre 1899 e 1903. Ocupou sucessivamente postos consulares em Hong Kong, Sião (1875), Singapura e Malaca, antes de transitar para Bombaim, onde faleceria precocemente.
No livro "Viagem da corveta Dom João I à capital do Japão no anno de 1860". Lisboa : Impr. Nacional, 1863... evoca a missão diplomática enviada ao Japão em 1860 para negociar um tratado de paz e comércio. Visita decepcionante à perigosa Yedo (Tóquio), considerada insignificante como capital, e passagem por Kanagawa e Yokohama. Um país ainda imerso no feudalismo, habitado por um povo sóbrio, orgulhoso e “impúdico”, governado por uma casta de guerreiros. Impressões sobre a literatura, a música e a arquitectura nipónicas - A segunda parte da obra contém uma antologia de textos de viagens sobre o Japão (Fernão Mendes Pinto, Diogo do Couto, Crasset e Hawks), um apêndice contendo o relatório de Marques Pereira ao ministro da Marinha e Ultramar, bem como uma carta geográfica do Império Japonês, vazada de um mapa norte-americano.
PS: O espólio de Marques Pereira tem milhares de documentos e está depositado na Sociedade de Geografia de Lisboa.

3 comentários:

  1. According to the Journal of the North China Branch of the Royal Asiatic Society, Volume 16, Part 2, page iii, Mr. António Feliciano Marques Pereira died in Bombay, India, not in Macau.

    http://books.google.com/books?id=2oNJAAAAYAAJ&pg=PR3&dq=%22a.f.+marques+pereira%22+asiatic+society&cd=1#v=onepage&q=&f=false

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  2. I will do a new research and check it. I shure know that he was consul at Sião (Thailand) between 15th january 1875 until 1st april 1881.

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  3. Pag. 75 - Relações entre Macau e Sião - Isaú Santos-Vasco Gomes
    0333 - AH/AC/Cod.Prov.23, 1ª part, fls.12/12v
    Ofício 1881/02/19
    "Ofício do governador de Macau, Joaquim José da Graça, para o Ministro dos Negócios Estrangeiros, a participar que o ex-cônsul de Portugal no reino de Sião, António Feliciano Marques Pereira, propôs para encarregado do consulado José Maria Fidelis da Costa devido à sua transferência para Bombaim."
    Está feita a correcção; M. Pereira terá de facto falecido em Bombaim e não em Macau.

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